dedicado pra liz. <3.
'CAUSE THIS HOUSE
DON'T FEEL LIKE HOME.✿✿✿
A mansão dos La Selva nunca foi intitulada como lar, nenhum dos filhos nunca considerou aquela grande casa, com inúmeros quartos, uma piscina juntamente de um jardim enorme, um lar. Ninguém nunca soube intitular aquela casa, era só um cômodo grande, rodeada de pessoas fúteis e mesquinhas. Irene era a matriarca, a esposa troféu, nunca deixava nada sair dos eixos, tinha tudo sob o controle dela. Antônio, como diziam, era o chefe do lar. Tudo era sob o comando dele, e a união resultou em três herdeiros. – apenas uma vinda de Antônio e Irene, legitimamente.Mas nenhum dos dois considerava isso, Daniel era filho de Antônio sim e Danielzinho era seu neto. Caio era o primogênito, o herdeiro da sombra de Agatha. Petra era a caçula, ocupava o lugar de favorita quando cresceu coberta de mimos e rodeada pelo amor do pai. Daniel sempre foi o favorito da mãe, apesar das atenções sempre serem destinadas a Petra quando pequena, mas Daniel ocupava o primeiro amor que ela teve.
Mas mesmo assim, as crianças nunca trouxeram um dever de casa completo falando sobre como amavam o lar que viviam. Todas as atividades eram descritas do mesmo jeito "moro em uma casa grande, com meu papai e minha mamãe junto dos meus irmãos." Mas nada sobre o lar. Era só um cômodo comum, rodeado de pessoas incomuns.
Incomuns pois carregavam o sobrenome La Selva. Incomuns pois os remédios tarja preta rodeavam a família desde os 17 anos da vida da caçula. Incomuns pois, o relacionamento dos patriarcas era simplesmente uma fachada. O amor nunca rodeou aquela mansão, o amor nunca tornou aquela mansão um lar.
Andar rastejando entre aqueles cômodos, a poeira cobrindo os móveis de madeira e o cheiro de coisas guardadas sufocavam ele à medida em que abria a porta dos quartos. Tateava o ambiente e segurava os objetos que os filhos deixaram para trás. O quarto de Petra, era o cômodo que ele mais gostava de entrar, talvez porque Petra era a pessoa que ele mais amava naquela casa – casa, não lar.
Pegou o celular na mão, discando o número da filha enquanto se sentava lentamente na cama. Segurando a almofada que sempre foi a preferida de Petra.
— Oi pai. – a voz ressoou animada. — Tudo bem? Aconteceu alguma coisa?
— Não, nada. – ele limpou a garganta. — Eu liguei porque… eu tô sentindo sua falta.
— Pai…
Foi uma decisão dele, ele sabia.
Ele sabia no momento em que deixou a família desmoronar ao se agarrar ao fantasma de Agatha, ao ver a família sucumbindo e não fazendo nada para salvá-la. Quando Petra cansou de toda situação e saiu de casa pouco tempo depois de Irene, quando agora ela vivia feliz, na casinha em que morava com Hélio.
— Não precisa vir se não quiser. – ele tentou disfarçar a tristeza. — Mas eu queria te ver, filha.
Um breve silêncio se fez entre uma linha e outra.
— Eu vou. – a voz da garota saiu animada, com toda certeza ela tinha um sorriso tímido nos lábios. — Já tô saindo.
Antônio desligou animado, pediu para que fizessem as coisas que Petra gostava. Não demorou muito para a campainha ressoar. Desceu animado, abraçou Petra com tanta força que Petra batia levemente em seus ombros implorando por ar. Haviam pouco mais de 2 meses que não via a menina, Petra resolveu trabalhar em casa, o que ajudava eles a não se verem.