Entre borboletas

Capítulo 13 ~

Ouço o barulho do chuveiro. Mason está tomando banho enquanto eu estou deitada em sua cama, fingindo que estou dormindo. Hoje foi muito louco. Todas as minhas memórias vieram a tona de uma vez. Eu realmente pensei que havia voltado no tempo e estava vivendo tudo aquilo novamente.

Pude ouvir os passos do meu pai atrás de mim, minha mãe gritando, seu choro, implorando pra ele me deixar em paz. Tudo em vão.

Foi tão... real.

Por mais que eu tente esquecer e deixar meu passado para trás, eu não consigo. Finjo que estou bem, que não me importo, que esqueci de todas as coisas traumáticas que eu vivi durante toda a minha vida. Mas não dá pra esquecer isso de um dia para o outro.

Eu me obrigo a não culpar Deus por tudo que aconteceu. Me obrigo a não jogar toda a culpa para cima Dele, mas as vezes eu não consigo acreditar nisso. As vezes eu me pergunto "por que eu, Senhor? Por que eu?". Mas culpar Deus não leva a nada.

Tudo que eu quero é esquecer tudo isso. Queria não reviver os piores momentos da minha vida todas as noites, quando me deito para dormir. Queria não sentir dor ao ouvir colegas falarem de seus pais amorosos e carinhosos, o que eu nunca tive. Tento não me incomodar com as perguntas sobre o meu passado. Tento ignorar tudo que eu sinto.

Mas eu não consigo. Não consigo simplesmente ignorar o que eu sinto.

Uma lágrima cai dos meus olhos.

Eu queria tanto conseguir. Queria tanto não ligar mais. Mas eu sei que isso vai acontecer com o tempo. Pelo menos eu espero que aconteça.

Suspiro alto e me remexo na cama. Estou pensando demais. Preciso dormir, já passou da hora. Sei que não vou conseguir dormir no momento que eu fechar os olhos, mas não custa nada ficar algumas horas fingindo dormir até realmente pegar no sono.

Aperto os olhos, tentando não pensar em mais nada, a fim de conseguir dormir. Mas tudo que eu quero nesse momento é sair correndo que nem uma louca e gritar.

Mas tenho que me controlar, pois sou uma lady civilizada, e não um maluco de centro.

O barulho do chuveiro para e eu me remexo de novo na cama. Em apenas alguns segundos, Mason adentra o quarto apenas de toalha enquanto veste uma camisa preta de uma banda que eu não conheço.

— Está melhor, girassol? — O Kokimoto americano me pergunta enquanto abre o guarda roupa em busca de uma calça.

Não respondo, na esperança de ele pensar que eu já estou do décimo sono. Acho que deu certo, pois ele não fala nada. Sou uma ótima atriz. Deixo escapar um mini sorrisinho, tão pequeno que seria impossível de ver.

— Acha que eu não sei que está fingindo dormir?

Abro os olhos, tendo a visão de Mason completamente vestido. Ele se aproxima e agacha, ficando na altura da cama.

— Vai me dizer o que aconteceu hoje?

Respiro fundo e fecho os olhos novamente. Nego com a cabeça.

— Tudo bem, então. — Ele se levanta novamente. — Não vou te obrigar a nada, mas se quiser conversar, eu estou aqui.

Sento na cama e bufo.

— Vou pro meu quarto. — Resmungo me levantando da cama.

— Sem chave?

Fico pensando por um momento, mas logo caminho em direção a porta.

— Eu durmo do lado de fora hoje.

Mason apoia as mãos no meu ombro e me puxa, me fazendo sentar na cama.