Capítulo 12

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Com a chegada da noite, todos os habitantes da reserva desceram de suas casas para as ruas da vila para o Sabbat de Samhain.
Toda a iluminação da cidade brilhava em amarelo fluorecente. O céu estava limpo, sem uma nuvem aparente. As estrelas e astros pareciam dançar felizes no universo. As águas do lago refletia o brilho estonteante da lua.

No centro da vila, um parque de diversões foi instalado exibindo uma roda gigante piscando leds coloridas, um carrossel de cavalos montados em um anel giratório, fazendo as cores vivas ressaltarem sua beleza.
Vários tipos de estandes de tiro estavam espalhados pelo local. Alguns com prêmio de bichinhos de pelúcia e outros de doces.

Percebi que a cerimônia iria começar quando vi todos se reunir a volta da grande fugueira queimando em fogo. Sentei-me entre Miles e Desmond em um tronco caído de árvore, com Kai, Bernard e Kristofer juntos a eles.

-Nos tempos antigos, quando a escuridão governava a terra... -Começou a recitar o bardo tocando um Djembê*(instrumento de percussão indígena). As chamas do fogo dançavam como se mostrassem imagens do conto falado -O povo dividiu-se. Irados, guerrearam entre si, e atacaram seus respectivos locais sagrados...

-Acho que passou da sua hora de dormir, Adormecida... -sussurou Miles

Revirei os olhos e ele riu com meu óbvio desconforto, seus olhos cinzentos observando-me perigosamente.

-... porém a sabedoria do povo era grande, e os anciões do povo eram fortes... -ouvia o bardo cantar ao fundo

-Há alguma coisa em que eu possa ajudá-lo? Miles? -sussurei de volta provocando o lobo ao meu lado.

Minha ousadia o deixou um pouco surpreso, e ele ergueu uma sobrancelha interrogativamente sorrindo sarcástico.

-Não tenho certeza... -Murmura ele lentamente. -Você sabe o que poderia fazer por mim?

Seu sorriso brincalhão se tornou malicioso com sua pergunta sugestiva para mim.

-Não enche, Miles quero ouvir a bardo...

-shhhh! Vocês dois quietos! -repreendeu Kristofer, seu rosto enraivecido.

Desmond riu da nossa cara quando fomos chamados atenção, dei um leve tapa em seu braço corando e rindo também.
Tentei voltar minha atenção a música mas fora impossível, eu sentia os olhos de Miles me fitando diabólicamente.

-Sua mãe nunca te ensinou que é feio encarar? -sussurei arqueando a sobrancelha

-Sim, mas é uma regra tão divertida de se quebrar… De qualquer maneira, você está com um short minúsculo. Não tem como não olhar. -Ele olha para mim com um olhar de desafio

Revirei os olhos o ignorando, ouvindo os músicos tocarem seus instrumentos.
Agradeço mentalmente por ele ter ficado calado, mas sinto um toque em minha coxa que me faz arrepiar. Tento esconder o sentimento que ele me faz, mas pelo seu sorriso, vejo que sabe bem o que eu quero...

-...Com o fim do verão, -continuou o bardo. -Hoje nossos guias espirituais irão nos conduzir para mais uma era sombria que está por vir!

O som dos aplausos ecoaram céu a fora, uivos e rosnados complementaram a orquestra.
As chamas do fogo se acalmaram e voltaram a queimar normalmente. Até que uma neblina cerca a todos, ocultando a area e dando um ar de mistério, fazendo com que os nossos sentidos se alterem. Era como se estivesse em um estado de sonho profundo. Os bardos afirmam, que a névoa ajuda a criar uma sensação de contato com o sobrenatural.

Como se o tempo tivesse parado, fiquei anestesiada de medo. Vi híbridos dançando como se tivessem em uma espécie de transe, como se o espírito fosse tirado do corpo.
Todos tinham a morte nos seus olhos.

Naquele momento comecei a ouvir as vozes. Uivando para mim.
Não entendia direito todas elas, mal compreendia qual era o objetivo.

Então eu esperei pelo sinal do final do nosso tempo.
Me sentia um pouco estranha, ansiosa pela escuridão. Sentia algo me observando. Procurei seu olhar pelo escuro e vi uma figura de cabelos ao vento. Metade de seu corpo era de uma linda mulher, a outra parte do corpo terrível em decomposição. Sua expressão cruel e insensível me encarava indo em minha direção.

Por sorte, um conflito começou e desviou sua atenção de mim.
Foi ai que corri na direção contrária e não me ousei a olhar para trás.
As vozes cessaram como se nunca tivessem existido, a névoa ficou longe e a iluminação voltou clarear minha visão.

-Que loucura -Resmunguei comigo mesma respirando ofegante.

Como se não bastasse, de repente um lobo em estado de frenesi vem rosnando em minha direção. Arregalo os olhos e travo de medo. O animal deu um salto de 3metros para cima de mim, mas antes que se chocasse comigo, outro lobo se opôs a ele, o jogando para o lado.

Os olhos vermelhos do lupino me deu a visão clara de quem me salvara.
O lobo emerge das sombras e parte para o ataque contra o lobisomem, o enfrentando em combate.
Eu assitia a cena totalmente assustada, quando Kai correu em minha direção me pegando nos braços.

-Você está bem, Em? -pergunta ele passando a mão no meu rosto.

Não consigo responder, tudo que fazia era olhar os dois lobos se enfrentar ferozmente.
Outros híbridos tentaram separar mas a luta frenética dos dois era implacável.

Os rosnados cessaram quando cai morto o metamorfo.
Sangue suja o chão da vila. Todos estão estáticos e pavidos com a cena.

Kristofer caminha lentamente para mim, ainda na sua versão lupina, coberto de sangue.

-Kris- Kristofer... ele...? -perguntei ofegante

-Esta morto? Sim, eu o matei, como eu disse que faria se alguém tentasse te machucar. -Responde ele com tom grave

Logo Desmond e Miles correm ao meu encontro. Bernard se juntou em passos calmos.

-Mas o estado de Fúria dele... ele não estava em seu âmbito normal.

-Possivelmente a sua fúria foi desencadeada a muito antes. -Falou Desmond tentando me acalmar

-De qualquer forma, é mais seguro dessa forma. -falou Kristofer friamente. -Não posso arriscar a vida de ninguém da reserva.

Ele me olha por mais uns segundos com uma expressão enigmática e sai abrindo espaço por entre o resto do pessoal.

-Caramba, Adormecida você arrumou uma confusão e tanto! - Miles reúne um sorriso vulgarmente guardado.

-Está precisando de um banho. -fala Bernard -Seu medo fede.

Eles me levaram até o rio próximo, para esvair a mente.
A água se movia calma e cristalina.
Cerro meus dentes quando meu pé se embaralha para dentro das águas geladas.

Os outros tiram as camisas e se jogam no rio espalhando gotas para todos os lados. Inclusive me molhando toda.

-Pode tirar sua roupa também, se você quiser. Não vai associar-se em nada -piscou Miles no tom malicioso.

-Obrigada mas isso me deixará com frio.

-Nos vamos te manter aquecida -sugere Desmond.

Ele se aproxima de mim, o suficiente para que eu sinta o calor irradiante de sua pele. Em seguida, ele vai lentamente descendo seus dedos ate minha mão. O toque é leve, mas o caminho que seguia parecia que estava me mapeando.

Vou fundo no meio do rio, com os 4 homens ao meu redor me proporcionando calor.
Estou com o rosto queimando de vergonha, mas a sensação era boa.

-Quente o suficiente para você? -Kai pergunta no tom doce

-uhum! -acenei com a cabeça lentamente

Bernard cola nas minhas costas passando a mão por cima da minha coxa. Kai a minha frente segurando meu rosto. Do lado esquedo e direito Miles e Desmond dando carícias na minha pele.

O tempo parece ter parado, sinto- me enérgica e sedenta por seus toques.

(⁠ ⁠ꈍ⁠ᴗ⁠ꈍ⁠)Deixa a estrelinha 🌟

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