15| Nervos à flor da pele

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Quando entraram na delegacia, o rapaz explicou ao xerife que a esposa ficaria algumas horas por ali. Os dois cruzaram a sala, parando em um canto mais reservado.

― Christopher... ― de repente, os olhos da moça marejaram.

Não entendendo direito o que acontecia, pois há um minuto estava cheia de raiva por causa do Lourenzo.

― Não se preocupe, eu vou cuidar disso. ― Ele acariciou os cabelos dela.

Uma lágrima escorreu por sua bochecha, uma vontade avassaladora de chorar a dominou.

― Por que não senta aqui, um instante? ― O marido ofereceu uma cadeira.

― Não, não quero me sentar! ― A fúria retornou a correr em suas veias. ― Aquele maldito. ― Abafou um grito de frustração entre as mãos.


O homem a encarou com a testa franzida, compreendia seu estado, mas a súbita alteração de humor acendeu uma pequena luz em sua mente. Em seguida, aproximou-se dela, envolvendo-a em seus braços com um sorriso comovido.

― Sinto muito por me exaltar, parece que os nervos estão à flor da pele hoje.

O investigador balançou a cabeça, imaginando que talvez seu resfriado não fosse um resfriado. Aquela história de indisposição da noite passada havia o intrigado, um alerta permaneceu no seu pensamento, por isso continuaria observando os indícios até a confirmação.

― Confia em mim, meu amor, esse contrato não terá valor nenhum. ― Ele segurou o queixo dela, encontrando seus olhos.

― Confio! Sei que você fará o possível para me livrar dessa também. E, além do mais nada, poderá nos separar. ― Dulce sorriu, sua determinação era evidente em suas palavras.

Com toda a certeza, agora havia um motivo maior, o marido ponderou convicto.

― Eu preciso ir para a fazenda ― o rapaz disse após alguns segundos. ― Seu pai é o único que possui autoridade para acabar com isso. ― Ele suspirou, tocando no rosto da amada.

Logo depois, os dois se beijaram em uma despedida. Pelo menos, dessa vez a mulher esperava que não durasse tanto.

― Christopher, posso me deitar um pouco? ― ela perguntou quando se separaram, referindo-se à cela que continha um colchão. ― Estou exausta, muitas emoções. ― Sentia seu corpo pesado.

― Claro, mas não saia de perto do xerife. Combinado? ― A moça assentiu. ― Eu volto em um piscar de olhos. ― Apertou a esposa em seus braços e então colou os lábios na testa dela. Fechando os olhos por um momento, nutrindo uma esperança de que tudo fosse resolvido da melhor maneira.

O investigador partiu rumo à casa do pai de Dulce, completamente concentrado em seu propósito. Assim que adentrou na propriedade, seus passos eram decididos, enquanto ele se dirigia ao escritório do homem.

― Perdoe a intromissão, mas o caso é urgente ― o rapaz comentou, sua expressão séria mostrava sua determinação.

― Senhor Uckermann? ― Emanuel questionou surpreso. ― Aconteceu algo com a minha filha?

― Ainda não. ― Aproximou-se da mesa. ― Chegou a hora do senhor provar que está arrependido. Precisamos reverter aquele contrato de matrimônio assinado no passado.

― Filho de uma égua! ― O homem bateu o punho na tábua de madeira. ― Não posso acreditar que o salafrário manteve o contrato guardado todos esses anos.

― Pois acredite! ― Christopher retirou o papel de dentro do casaco. ― Ele provavelmente tem uma outra cópia. ― O rapaz supôs e o sogro concordou em pensamento, eles haviam feito duas para cada um. ― Sugiro que o senhor transfira as terras para o nome dele e revogue as outras cláusulas. Assim, desfazemos essa situação de uma vez por todas.

― Vou mandar chamar o doutor Ferreira, o que for necessário! ― o pai de Dulce respondeu enérgico.

Horas depois, Christopher saiu da fazenda carregando o novo documento em mãos. A sensação de alívio era palpável, e ele mal podia esperar para compartilhar a notícia com sua amada.

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A moça despertou de seu sono ao sentir um toque em sua bochecha. Imaginando que era o marido, ela tomou um susto dos grandes quando avistou Lourenzo diante de si. Em um movimento brusco, afastou-se do homem.

― Cadê o xerife? ― questionou atordoada.

― Ele precisou se ausentar um instante. ― Sorriu maquiavélico.

― O que você fez com ele? ― Olhou assustada para a delegacia inteira, totalmente vazia.

― Nada... Apenas enviei um bilhete, dizendo que a sua querida esposa não estava passando bem. Necessitava de um momento a sós com você. ― Sua voz carregava um tom de ameaça. ― Por que não aproveitar o contrato que tenho em mãos? Afinal, possuo todos os direitos de um marido.

Enojada, ela se levantou, encostando na parede.

― Você nunca saberá como é satisfazer uma mulher de verdade! Eu não sou mais aquela garota indefesa e você não vai me intimidar outra vez ― mencionou entre dentes.

― É o que veremos. Agora, vamos dar uma volta, docinho. ― Lourenzo agarrou o braço dela. ― Para sua informação, mulheres não carecem de prazer. ― Arrastando a moça até a porta da delegacia.

Dulce soltou uma risada irônica e de imediato o homem a olhou enraivecido.

― Nota-se o motivo de continuar solteiro.

― Pelo jeito não aprendeu nenhuma lição. Seu maridinho não é homem o bastante para colocar rédeas em você?

― Ele é muito homem, não precisa recorrer à covardia para mostrar sua masculinidade repleta de vitalidade. ― A mulher sorriu debochada.

― Cansei de suas falácias. ― O ex-noivo a chacoalhou com força. ― Se você pensa que dessa vez irei pegar leve, está muito enganada.

― Pouco me importa, de qualquer jeito, não sentirei nada. ― Manteve a postura desafiadora. ― Apenas repulsa, nojo de alguém como você! ― Em seguida, uma coragem repentina a fez juntar a saliva na boca e a lançar com desdém no rosto dele.

Desprevenido, Lourenzo a soltou enquanto buscava um lenço para limpar a lambança. Então, a moça correu das garras do salafrário, entretanto não chegou a ir muito longe. O homem a puxou pelo cabelo, enfiando um pano embebido de algo forte em seu nariz. Ela reagiu cravando o salto de seu sapato no pé dele, provocando um urro de dor que escapou dos lábios do maldito.

― Desgraçada! ― Gritou cheio de fúria.

Com a visão embaçada e o coração acelerado, Dulce procurou por ajuda, mas na hora que necessitava não encontrou ninguém na rua. O ex-noivo a agarrou de forma brusca, exaltado, com os nervos à flor da pele, carregando-a para o lombo do cavalo. Ela se debateu, lutando com toda a força que possuía para se livrar dele, porém não foi suficiente. Sentiu o corpo meio mole, pesado, as energias se esvairam rapidamente. Olhando para o céu, suplicou para que, dessa vez, não se lembrasse de nada. 

***

Não sei nem o que escrever aqui hoje para vocês... Só sei que Dulce acabou com o Lixenzo!!! Disse tudo que estava entalado!! E a coitada lutou até o fim. Ai, será que ela vai conseguir escapar do fdp? Pelo amor de Deus Ucker nunca tá nessas hoooras! 

Então, último capítulo será na terça ou quarta. Quem quiser que eu avise o horário e o dia certinho é só me mandar mensagem para acompanharem na hora ou para batermos um papo. Até semana que vem, amores ;* 

A Dama de Vermelho - Parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora