14| Sem se abalar

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Christopher observou o cômodo clarear, os primeiros raios iluminavam o piso de madeira. Escorado na cabeceira da cama, parou de acariciar os cabelos da esposa e cruzou os braços na altura do peito. Pensativo, notou a mulher se mexer, não conseguiu evitar um sorriso, ela havia mudado mesmo depois dos episódios de ontem à noite. Não se deixou abalar pelos comentários maldosos. Resmungando alguma coisa, Dulce abriu os olhos.

― Ai minha cabeça... ― Levou as mãos até a têmpora. ― Céus! ― Fechou as pálpebras de novo.

― O que houve, meu amor? ― o homem perguntou preocupado.

― Acho que aquele resfriado enfim me acometeu. Eu me sinto péssima. ― Cobriu o rosto com a manta.

― Então, alguém hoje ficará de repouso. ― O investigador se aproximou. ― Tenho que ir na delegacia enviar uma carta para o xerife Monteiro, avisar que encerrei uma parte do caso. ― Ele tirou o pano do rosto dela. ― Mais tarde, eu volto.

― Ah, eu gostaria de acompanhá-lo. Quero passar no Ateliê da Annie. ― Coçou os olhos, cansada.

Em seguida seu corpo aconchegou-se perto do marido, sendo vencida pela fadiga. Balançando a cabeça, Christopher achou engraçado o seu jeito, pelo visto, ela não sairia da cama por um tempo.


Dulce despertou meia hora depois, a dor de cabeça aos poucos parecia sumir, então encarou o quarto vazio. O marido havia saído para as suas obrigações, concluiu suspirando. Mordeu o lábio, relembrando da noite passada, estava tudo perfeito... Até precisar lidar com mais cochichos a seu respeito. Revirou os olhos, pela incomodação. As pessoas se questionaram como aquele homem poderia se casar com uma mulher desonrada. Não por sua causa, mas por ele... não era justo que o coitado passasse pela situação enfadonha também.

― Christopher, melhor a gente ir. ― A moça parou de dançar.

O semblante do investigador demonstrava uma irritação, seus músculos enrijeceram.

― Bando de hipócritas! ― Anahí gritou devido ao som alto. ― Todos são santos agora. ― Ironizou.

― Não, esqueça isso. ― Dulce impediu o marido de tomar qualquer atitude. ― Uma última música? ― Segurou o rosto dele entre as mãos.

― Mas você estava se divertindo... Não precisamos ir embora ainda. ― Ele a puxou para perto de si, segurando sua mão junto ao peito.

A moça sorriu, encostou sua cabeça no ombro do rapaz, aproveitando o resto da música. Não por causa dos tontos fofoqueiros, mas porque sua indisposição retornava outra vez.

― Obrigada pelo convite, Annie. ― Quando o acorde cessou, a mulher se aproximou da amiga. ― Nós já vamos.

― Ah não, por quê? Não dê ouvidos para aqueles santos do pau oco.

― Não é por isso.... Eu estou indisposta de novo ― sussurrou para a jovem loira.

― Bem, então acho que em breve a cegonha deve presentear vocês ― disse em um tom de insinuação. ― Descansa bastante! ― A abraçou.

Dulce massageou as têmporas, em uma negação, parece que dessa vez Anahí não possuía razão. Bocejando, ela levantou da cama. Escolheu um vestido rosa-claro, cheio de babados feito por sua melhor amiga, a ocasião não poderia ser melhor! Iria se despedir dela com esse traje.

***

Horas mais cedo, antes de partir, Christopher pegou seu chapéu no cabide e gentilmente beijou a testa da esposa que dormia em um sono profundo. Com um pouco de sorte, retornaria sem que ela despertasse. Adentrou na delegacia, sentindo-se satisfeito por conseguir resolver parte do caso. Agora, enfim, poderia cumprir a promessa que fizera à amada. A lua de mel na beira da praia os aguardava, embora não saberia se conseguiriam sair do quarto!

A Dama de Vermelho - Parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora