08| Distrações

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Anahí entrou em sua loja contente pelo retorno da amiga e mais ainda por poder colaborar com seu dilema.

― Confia em mim, aposto que você será outra mulher depois de experimentar isso. ― Girou a plaquinha de madeira, escrita aberto.

― Não sei, não... E se eu travar?

― Dul, apenas aproveite o momento, deixe as coisas fluírem. Não custa tentar, não é? ― Apoiou as mãos no ombro dela. ― Pensa que novas memórias serão criadas. ― Piscou. ― Muito melhores!

Com um semblante reflexivo, a moça encarou a amiga.

― Certo, preciso fazer o ajuste do vestido. Estarei lá atrás na máquina de costura, você fica de olho em tudo aqui para mim?

― Claro, se chegar alguém eu te aviso.

Em seguida, Anahí seguiu para a sua sala de reparos e a moça notou no pequeno estabelecimento. Havia moldes pendurados em cabides, prontos para serem transformados em peças únicas de vestuário. Em uma mesa próxima à janela, tinha uma pilha de revistas de moda, as páginas desbotadas possuíam desenhos detalhados de alguns trajes. Dulce ajeitou cuidadosamente o montinho, enquanto escutou no fundo da loja o som suave do movimento do pedal da máquina de costura, além do ritmo regular da agulha que criava uma atmosfera acolhedora.

Cansada de não fazer nada, após quinze minutos, a mulher avistou uma vassoura no canto da sala. Resolveu ocupar sua mente limpando o estabelecimento, com movimentos firmes, varreu o chão. Logo que a parte de dentro encontrou-se impecável, decidiu estender a tarefa para a varanda. Uma nuvem de poeira subiu pelo ar, a moça tossiu algumas vezes e aguardou até o pó baixar. Em meio à sujeira, seus olhos localizaram um homem de cabelos grisalhos montado em um cavalo preto. Imediatamente, ele puxou a rédea descendo do animal.

― Minha filha... ― pronunciou abalado, apesar de seu semblante carrancudo, possuía uma comoção por revê-la.

― Emanuel ― respondeu descontente.

― Você voltou para casa?

― Não, claro que não.

― Então, o que a trouxe para Villa de Santa Fé? ― ele indagou curioso.

― Estou acompanhando o meu marido.

― Você se casou? ― o senhor mencionou surpreso. ― Só pode ser o investigador que o povo anda comentando, não é?

― Sim, um homem muito maravilhoso! ― Ela sabia que não devia nenhuma explicação para o pai, entretanto queria mostrar que poderia tomar conta da própria vida.

Dulce o encarou por alguns segundos ao passo que Emanuel processava as informações, então retornou a varrer o piso de madeira.

― Gostaria de oferecer um jantar para vocês.

― Na fazenda? ― Estática, a moça interrompeu seu afazer, observando-o.

― Sim, hoje à noite. Por favor, aceite! ― Ele insistiu, notando a hesitação dela. ― Acho que temos uma conversa importante para tratar.

― Nos vemos às seis e meia. ― Despediu-se com um aceno.

Assim que fechou a porta da loja, Anahí surgiu carregando um vestido nos braços. Esboçou um sorriso animado para a amiga que retribuiu sem entusiasmo.

― Caramba! Esqueci de avisar o Christopher que vinha para cá ― a mulher falou alarmada, logo depois de deixar a vassoura no canto onde a encontrou. ― A essa hora, ele deve estar preocupado. ― Recordou do último papo que tiveram.

― Então, vá logo, não quero causar nenhuma briga. ― A jovem loira abraçou a outra.

― Obrigada pela tarde, foi ótimo poder me distrair um pouco ― expressou Dulce cheia de gratidão.

A Dama de Vermelho - Parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora