07| Preocupações

183 16 166
                                    

― Christopher! ― Escutou a esposa o chamar exaltada.

O investigador levantou os olhos, preocupado ele reparou no estado nervoso dela. Alguma coisa havia acontecido, apertou o punho com força, imaginando o motivo. Não deveria ter a deixado sozinha, seu burro!

― Essa é a sua esposa? ― declarou o xerife. ― A filha do fazendeiro Saviñón? ― Arregalou os olhos surpreso.

― Vamos conversar lá fora, querida ― Uckermann interviu.

A moça concordou em um aceno, em silêncio os dois cruzaram a porta.

― Eu... ― Ela tentou formular uma frase. ― Não consigo mais, eu vou embora ― disse com a respiração arfante.

― Alguém te machucou? ― Por um impulso, o homem encostou em seu pulso para verificar se estava ferida.

Assim que tocou a pele dela, ouviu um protesto de sua boca. Xingando-se mentalmente, ele quis socar a cara do miserável.

― Como? ― O rapaz se questionou, pois tinha visto ela de longe em uma loja sozinha.

― Estava procurando a minha amiga em seu ateliê, mas não a encontrei, então o ar começou a me sufocar e decidi atravessar a rua. Foi quando esbarrei nele ― a mulher sussurrou.

Christopher a envolveu em seus braços, acariciou seus cabelos enquanto a tranquilizava.

― Se a senhorita deseja partir, tudo bem. Irei acompanhá-la até a pousada. ― Dulce aos poucos se acalmava encostada em seu peito. ― E depois disso, o que aconteceu? ― O marido perguntou.


A moça contou todo o ocorrido para ele, que se culpou ainda mais por não conseguir protegê-la. Após alguns minutos, o investigador avisou o xerife que se ausentaria um instante.

― Você pretende viajar hoje mesmo? ― ele pronunciou assim que chegaram na porta do quarto. A esposa o encarou, uma dor no coração lhe atingiu, não queria ficar longe dele, porém também estava sendo difícil permanecer nessa cidade.

― Não sei. ― Suspirou.

― Certo... ― O homem coçou a nuca. ― Então feche a porta e não abra para ninguém. ― Antes de sair, ele despediu-se com um beijo na testa dela.

Logo depois, a mulher entrou no cômodo.

― Céus! ― exclamou ao esconder o rosto entre as mãos. ― Foi um grande erro.

Entretanto, não haviam passado alguns segundos quando uma batida na porta a alarmou. Sem se mexer, ela mirou assustada a tranca, respirando aliviada por ter obedecido o marido.

― Dul? Sou eu, a Annie. ― A moça tocou de novo na madeira.

― Anahí! ― disse sobressaltada, girando a maçaneta. ― Senti tanto a sua falta. ― Abraçou a amiga emocionada, assim que viu a figura da mulher.

Após a comoção entre as duas, convidou-a para entrar. Sorrindo, a jovem adentrou o quarto. Ela era esguia e graciosa, com cabelos loiros compridos que caíam em cascata por seus ombros. Os olhos azuis brilhavam em uma intensidade cativante.

― Não posso acreditar, achei que nunca mais a veria ― Balançou a cabeça em negação. ― O que a trouxe de volta?

― Meu marido. ― Dulce levantou a mão esquerda.

― Não! Aquele investigador bonitão? ― Apontou na direção da saída. ― Nossa, amiga... ― Arqueou as sobrancelhas, arteira.

― Anahí! Ele é muito mais do que um rostinho bonitinho, tá bom?

― Toda apaixonada. Que gracinha ― Deu batidinhas brincalhona no ombro dela. ― Mas então, como vocês se conheceram? ― Ela sentou na beirada da cama, sem cerimônia.

― É uma longa história ― comentou rindo enquanto se acomodava do lado da amiga. A jovem loira a encarou, aguardando a mulher começar a contar.

Ela descreveu os momentos de tensão do assassinato do senhor Nogueira, de como o marido a livrou da cadeia, da aproximação deles e do seu retorno para Belmonte.

A Dama de Vermelho - Parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora