Presente do Destino - Tiago Santineli

Cap 8: Presente dos ingratos

Naquela mesma noite, enquanto Mônica e Ian gravavam live, Tiago, Pabliton e Ana Júlia estavam pesquisando e selecionando conteúdo para os próximos vídeos.

Depois de longas reuniões o dia inteiro com seus advogados e ainda teria mais com sua produtora amanhã, Santineli estava, como esperado, extremamente mal-humorado. Logo após Ana Júlia enviar mais um vídeo que tinha achado interessante para usarem, após respirar fundo, o homem se levantou, anunciando que iria ao banheiro. No mesmo instante Pabliton se levantou, avisando Ana que dariam uma pausa e indo até a geladeira.

Pabliton: Cerveja?

Anaju: Por favor.

Ela se jogou em um dos sofás ali, exausta, logo recebendo a cerveja do homem, que se sentou no sofá ao lado, ela toma um longo gole, olhando para cima logo em seguida, colocando as mãos no rosto.

Anaju: Ele me odeia.

Pabliton: Não, não odeia, Tiago odeia muita gente, mas ele não te odeia, não teria razão pra isso.

Anaju: Mas parece.

Pabliton: Ele não te odeia, só... não tá acostumado contigo, da um tempo pra ele se acostumar, ele não costuma se aproximar das pessoas tão rápido, só o conhece faz alguns dias e o mal humor é o jeitinho dele mesmo.

Anaju: Sempre foi assim?

Pabliton: Hum?

Anaju: Desculpa. Eh... tô perguntando demais, não é da minha conta.

Pabliton: Não, pode falar.

Anaju: Não quero ser inconveniente, deixa, é só a curiosidade falando mais alto.

Pabliton: Melhor tirar as dúvidas comigo do que acabar falando algo que de gatilho, fala aí po.

Anaju: Gatilho tipo o meu nome? Ou eu chamar a Mônica de Sofi?

Pabliton: A reação dele não foi legal né? Foi mal... eu devia ter avisado ele do seu nome, mas eu esqueci completamente, pode parecer bobo, mas...

Anaju: Não é bobo, só sabe... fiquei mal por saber.

Pabliton: Acontece... mas pergunta, não tem problema.

Anaju: Ele sempre foi assim? Tipo... como ele era? Antes da...

Pabliton: Antes da Juh? Não, ele não era assim, claro, era igualmente mal humorado, talvez um pouco menos, mas sempre foi assim meio grosso, mas ele não era tão fechado, foi difícil pra todo mundo, principalmente pra ele, de manhã a gente tava junto rindo e fazendo piada e de tarde a gente recebe a notícia e ele vê a mulher dele numa maca, morta e "sozinho", com a bebê, não que ele estivesse sozinho, mas... ele se sentia assim, sem ela... nenhum de nós sabia muito bem como reagir aquilo e ele se fechou bastante depois, em todos os sentidos. Ninguém fica totalmente bem depois de uma experiência daquelas...

Anaju: Como era? Com ela aqui.

Pabliton: Ele sorria mais, tinha um brilho enorme no olhar e uma facilidade em contar piada, muito maior que hoje, ele... ele tava bem, bem como nunca achou que taria, foi a melhor época da vida dele e passou tão rápido... ele tinha esperança e muito, muito prazer em viver, em estar vivo e aproveitar tudo, agora é como se...

Anaju: Nada tivesse sentido.

Pabliton: É... só entenda, ele não te odeia, ele só... se odeia talvez e... bom, depois de tanto tempo, pessoas novas não são a melhor opção, porque vocês vão embora, ele não consegue se aproximar por medo de perder alguém de novo, já morre de medo de perder quem tem, com mais pessoas, são mais riscos. Faz algum sentido?

Anaju: Acho que sim... valeu por me falar.

Pabliton: Que nada, não é legal você se sentir errada por causa dele, não é nem intenção, ele faz sem perceber e é pra isso que eu tô aqui, explicar e justificar os erros dele.

Anaju: É um bom amigo...

Pabliton: Faço o meu melhor. Eu vou ter que sair com o Duda amanhã, se importa de ficar com ele sozinha de noite?

Anaju: Nada, pode ir tranquilo.

Pabliton: Valeu, eu vou ir buscar ele, porque daqui a pouco ele tá dormindo, já volto.

Pabliton sai da sala, do outro lado ele encontra Santineli, na porta parado do outro lado, vai até ele, o assustando.

Pabliton: Que feio... ouvindo conversa alheia?

Santineli respira fundo, sem conseguir encarar o amigo, ele olha para baixo, passando a língua pelo interior das bochechas.

Pabliton: Não finge que eu não tô certo, não pode tratar ela assim, Tiago.

Tiago: Não era a intenção...

Pabliton: Mas aconteceu, não combinamos que ia tentar ser legal?

Tiago: Eu tô tentando, mas ela... tem alguma coisa que... ah eu não sei!

Pabliton: Ela vai ficar aqui contigo amanhã, seja legal, ela é super gente boa, dá uma chance. A Mônica gosta dela, sabe como também é difícil pra Mônica gostar de gente nova depois...

Tiago: Eu sei! Eu vou tentar, prometo, por ela, uma chance.

Pabliton: Tá bom, vem logo, tamo esperando.

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Tiago Santineli
Story (vídeo)

Tiago: Olha aí, paguei hora extra pra trabalhar esse fim de semana comigo, nem devia, porque quase não trabalham já. Tão aí, bebendo, saio um segundo, volto e já tão deitados e bebendo.

Pabliton: Um segundo, toma vergonha na cara! 30 minutos fora!

Tiago: Fala você, senhorita, da oi pro povo.

Anaju: Tira a câmera da minha cara, por favor, eu vou te processar, tá explorando funcionário! Cadê o João?

Tiago: Ingratos...

Pabliton: Você não vive sem a gente, Santineli!

Tiago: Vocês que não vivem sem a minha grana!

Anaju: É verdade! E a sua filha, a gente ama a sua filha!

Pabliton: Mais do que gostamos de você! Ela não é tão mal humorada.

Tiago: Mentira sem tamanho, a menina é pior que eu. Vou embora também, odeio vocês, bando de ingrato, nunca mais ajudo pobre também.