Cap 18: Presente da proteção

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Ao chegar na casa dos Bastos, a garota havia adormecido nos braços do irmão, os olhos inchados de tanto chorar. Ele a pegou no colo e a levou até sua quarto, cobrindo-a na cama e dando um beijo em sua testa.

Tom: Ela vai ficar bem...

Ele diz ao voltar para sala onde Anaju o aguardava.

Tom: Crise do pânico, tem desde pequena, muitas coisas podem ter dado gatilho, mas ela raramente conta. Não pode falar pro Tiago, ok?

Anaju: Por que não?

Tom: É... complicado, mas só não fala, por favor. Eu falo com ele depois.

Anaju: Tá mentindo.

Tom: Tô sim, mas melhor você acreditar na minha mentira e ficar com a consciência limpa. Ele vai passar o dia fora, ela já ia dormir aqui mesmo, não faz diferença.

Anaju: Posso só tentar falar com ela? Prometo que tomo cuidado.

Mesmo relutante, ele permite. A mulher vai até o quarto, a menina já havia acordado.

Anaju: Oi...

Mônica: Desculpa você ter que ver isso... por favor não fala pro papai.

Anaju: Não vou falar... só quero tentar te ajudar, o que houve pra te dar gatilho? Prometo não falar pra ninguém, hum?

Ela respira fundo, confiava em Ana Júlia, então começou a contar o que havia acontecido e o porquê dela ter se atrasado tanto (estava fazendo uma sessão no psiquiatra sem celular ou relógios, para decidirem se ela aumentaria os remédios).

Mônica: O pior, Anaju... é que eu tava começando a sentir alguma coisa por ele... eu... eu gostava dele, eu gosto dele.

Anaju: Ah meu amor, eu queria tanto te falar que não, mas os homens fazem muita merda e falam mais ainda, vão ter caras horríveis na sua vida ainda, mas você não pode se deixar abalar por eles agora, sabe... as pessoas são horríveis mesmo e não tem absolutamente nada que a gente possa fazer pra mudar isso, eu queria muito dizer que não, mas é assim... o que você tem que focar é que você não tá sozinha aqui, ok? Existem muitas pessoas muito boas que realmente te amam demais, eu, o Tom, os seus tios e tias, o seu pai...

Mônica: Valeu, Anaju... só por favor, não fala isso pra ele, mesmo.

Anaju: Por que não quer que seu pai saiba disso?

Mônica: Ele é... muito sensível em relação à mim... qualquer coisinha pode deixar ele mal, não quero preocupa-lo com besteiras.

Anaju: Não é besteira, querida, ele é seu pai, você devia poder se abrir com ele.

Mônica: Ele é um ótimo pai, mas... falar com ele sobre esse tipo de coisa... não dá muito certo e eu não quero que ele fique nervoso e se preocupe demais comigo, ele já tem muitos problemas dele...

Anaju: Eu não concordo muito com isso, mas... a escolha é sua, querida, mas uma hora ou outra ele vai ter que encarar a realidade, sabe disso, né?

Mônica: Sei sim, Anaju, mas vou adiar isso o máximo que eu puder.

A mais velha respira fundo, em sua mente só havia um pensamento "uma criança não devia se preocupar tanto em proteger o pai, devia ser ao contrário..." mas ela nada diz, apenas sorri docemente, acariciando os cabelos da mais nova.

Ela com certeza não imaginava que alguém como ela teria tantos problemas, principalmente para falar de seus sentimentos, afinal, todos estavam sempre lá por ela.

Quando a menina dormiu novamente, Ana Júlia foi até a sala, lá ela encontrou a maioria dos rapazes e moças, estavam lá: Rafinha, Vivi, Ítalo, Nat, Eduardo, Pabliton, Ian, Vituxo e Tom, todos menos Santineli.

Anaju: O que falaram pra ele não suspeitar?

Pabliton: O show não era com a gente, era com o Pedro Paulo.

Anaju: Realmente vão esconder isso dele?

Ian: Sim, agora fala o que deu gatilho nela.

Anaju: Se vocês tem seus segredos, também tenho os meus.

Vituxo: Ana Júlia, você não entende, a gente só quer ajudar ela!

Anaju: EU TAMBÉM! Não faz sentido vocês esconderem isso dele se querem o melhor pra ela.

Pabliton: O caso é que a gente também quer o melhor pra ele.

Anaju: Por que tanta preocupação em proteger ele? O Tiago não pode enfrentar a vida real como um adulto?

Pabliton: Não é sobre o que ele pode ou não enfrentar, Ana Júlia, mas sobre o que ele já enfrentou.

Rafa: Quando a loira morreu, a única coisa que manteve o Tiago bem foi a Mônica e pensar em qualquer coisa que machuque ela, pra ele é péssimo!

Anaju: Ela não é uma coisa, é uma criança! Que tem medos, problemas e não devia se sentir na responsabilidade de ser um apoio emocional pro pai! Ela não devia estar tentando ajudar, mas sim estar sendo...

Tom: A gente sabe disso, Ana Júlia.

Vivi: E fazemos o nosso melhor pra ajudar, por isso você não pode interferir.

Nat: Tem dado certo durante os últimos 15 anos e vai continuar funcionando o tempo que for preciso.

Anaju: Mas...

Duda: Por favor, Anaju... confia na gente, ela vai ficar bem, eu prometo.

Anaju: Não sei o que eu penso muito disso, a decisão é de vocês, mas se eu ver qualquer sinal de que vai fazer mal pra ela, eu vou fazer alguma coisa e vai ser do meu jeito, entendeu?

Eles concordaram, mesmo um pouco relutantes. Ela foi embora pensativa no que havia ocorrido, não parecia certo aquela menina ter tanta pressão em cima dela, mesmo sem perceber, mas quem era ela para falar alguma coisa?

Presente do Destino - Tiago Santineli Onde histórias criam vida. Descubra agora