I'll Always Woe You

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- Por incrível que pareça, esperava um grito irritadiço. - disse Weems - Tem sido comum nesse tempo que está presa aqui.

- Não pode me censurar por isso. Estou no meu direito de perder a compostura ao menos uma vez, devido a situação inusitada de não haver opções coerentes e sensatas para mim além de sentar e esperar que Enid Sinclair toque em mim do outro lado.

- Não pode ter sido tão ruim.

Wednesday se levantou e caminhou até junto a ela.

- Eu passei a noite inteira no meu corpo, quando saí de perto de Enid, eu caí de volta à este limbo infernal.

- E como se sente?

- Você ouviu quando eu falei a palavra infernal?

- Nunca dá pra saber se isso é bom ou ruim pra você.

Wednesday analisou aquelas palavras.

- De fato.

- Você passou a noite a observando dormir, não foi?

- Como você sabe? - voltou a encara-la

- Eu costumava fazer isso enquanto ainda aceitava os meus sentimentos por Mortícia.

- Eu não sou você.

- Mas fez mesmo assim, não foi?

Não sabendo sair daquela arapuca, Wednesday se virou de costas para ela, encarando o cenário morto em cinza.

- O que importa é que ela sabe. Todos eles sabem. E eu sairei daqui em breve.

- Está aceitando ajuda, desta vez?

- Que escolha eu tenho? A esta altura, o primo IT e o Fester estão vindo à Nevermore. Eles terão grande utilidade, quando se trata de possessão. - suspirou - E eu ainda não defini uma variável fixa em todas as ocasiões em que tornei ao meu corpo. Embora você tente acreditar que tudo se baseia no sentimentalismo, eu não concordo. Voltar ao meu corpo quando estou perto de Enid? Não. Isso é muito fácil. E estúpido também. Sempre me alertaram sobre a Goody. Ela parece querer que eu me afeiçoe à Enid com a vulnerabilidade do desespero recorrente da única via de escape que eu tenho. Mas não tenho absoluta certeza. A propensão de fracasso é de 99%.

- Hm... - Weems se aproximou, analisando Wednesday e segurando seu ombro, sua mão logo após, mas a menina se remexeu para afastar as mãos dela - O que são essas marcas?

Aquilo até mesmo lhe parecia irônico.

Wednesday analisou o próprio corpo. Aparentemente, as marcas que Enid havia deixado naquela manhã ficara em si, ainda que não estivesse sobre o poder de seu corpo. E, dolorosamente, aquilo a alegrou.

- A Enid tem caninos afiados. Aparentemente, garras também.

Weems a girou antes que ela pudesse escapar de suas mãos, verificando as vestes da menina novamente.

- Você não parece se queixar.

- Por que eu me queixaria? - virou-se de volta para ela - O que ela teme fazer é prazeroso pra mim.

- Você não tem medo que ela se transforme e machuque você?

- Seria interessante. Quem sabe a gente tenta, mais para frente.

A menina sorriu e Weems pôde contemplar um vestígio do passado.

- Vou torcer pela história de vocês.

- Não é preciso. Sei o que eu sinto.

Wednesday não havia pensado antes de falar aquilo, e acabara pegando a si mesma de surpresa. Encarou Weems novamente e soube que precisava se justificar ou sua dignidade seria tirada de si.

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