01 - Exchange of homes

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LOVE SMITH CARPELLI.

   10:20am. — ROSEDAlE, TORONTO.

O verão havia chegado com tudo em Toronto, sentia os pelos dos meus braços se revoltarem deixando a minha pele sensível em modo de defesa, os arrepios se passavam involuntariamente por meus músculos. Uma lufada gélida escorreu por minha espina ao sair do carro e ver o novo lar que iríamos ficar por tempo indeterminado, o que era engraçado visto ao clima completamente quente, algo em mim sabia que aquele ambiente era um cenário de muitas tragédias. E eu sequer sabia o porquê.

Suspirei fundo, movendo meus olhos na direção da minha mãe que estava com um sorriso de orelha a orelha, sua felicidade era nítida pra qualquer que a olhasse ali. Não me sentia assim, um sentimento de alerta me rondava o tempo inteiro e eu sequer podia fingir que estava confortável, mas por ela, me daria ao máximo em encenar um mínimo de atração possível pela nova casa.

Era diferente de todas outras que passamos pela nossa vida, essa literalmente era maior em vista de todas, tinha uma arquitetura moderna com as paredes envidraçadas, uma forma quadriculada que chamava atenção de longe. Não que fosse algo que me atraía, eu odiava a falta de privacidade que esses novos projetos de arquitetura proporcionava, o que era pra ser algo íntimo se passava pra uma vitrine onde todos tinham acesso em julgar e olhar. Embora, não posso negar, que era bastante bonita.

– Vamos filha, vem. — Louise, minha mãe, puxava a última caixa contra o seu peito ao fechar a porta do carro com um sorriso enorme nos lábios. – Feche a porta do carro e entre, venha. – Sua autenticidade de ser uma mãe mandona transparecia de longe. E eu como uma boa filha, a obedeci.

Fechei a porta do carro com uma mínima expressão no rosto, arranquei os últimos fôlegos de meus pulmões para criar coragem de ir em direção à entrada. Retirei meu celular do bolso, apontando a câmera a faixada da casa, não perdendo um tempo de registrar aquele momento e enviar para o meu pai. 

—  Uau. – Adentrei na casa com as portas já escancaradas, observando minha mãe deixando a caixa que carregava sobre a mesa enquanto soltava um suspiro um tanto que longo, sua feição demonstrava a mais pura satisfação. Era lindo de ver o quão orgulhava estava em morar num novo ambiente. — Mãe, eu estou com fome, será que podemos usar a cozinha?

— Podemos, mas não vamos. – Ela respondeu sem nem olhar em meus olhos, pegando o seu celular do bolso e abrindo a câmera com pressa, começando a fotógrafar tudo para, — O que eu julgava, ser para minhas tias ou para postar em redes sociais se exibindo pela nova conquista — mandar para alguém. –Esse dia é especial, então vamos comer fora.

— É sério? – A questionei elevando o tom de voz, aquela notícia era maravilhosa, amava os nossos jantares em família, tudo era tão harmônico. – E qual restaurante vamos? – Um sorriso de empolgação brotou em meus lábios enquanto me aproximava da mesma, passando minhas mãos envolta do seus ombros, a abraçando por trás com minha cabeça apoiada na suas costas. – Sinto falta do papai. – Desabafei, já que a mesma fugia desse assunto quando tocava, ela sempre arrumava um escape pra fugir das minhas frustrações e perguntas. Eu entendia seu lado, ela estava em negação.

— Filha, o seu pai estaria feliz aqui, tenho certeza que ele adoraria comer conosco. – Ela falou de forma calma, onde pude acompanhar seu timbre desanimar conforme as palavras eram ditas. – E-Eu não sei nem por onde começar. – Soltou as palavras quase num choro, abaixando a cabeça consequentemente. Abracei seu corpo com mais força.

— Mãe... – Proferir as palavras de forma preocupada, não hesitando em a acompanhar no choro assim que seu corpo respondia num balanço sucetivo, demonstrando sua instabilidade naquele momento com as lágrimas molhando suas bochechas. – Eu preferia ter morrido no lugar dele, eu juro. Assim, nem você e nem a Arya iria sofrer tanto. – Derramei as palavras como um alívio, afinal, desde da morte do meu pai eu mal conseguia me olhar no espelho. Éramos parecidos. E saber que eu estava o refletindo, sem ele estar mais conosco, me dava pânico e medo, eu me odiava infinitamente.

DARK ROOM - VINNIE H. Onde histórias criam vida. Descubra agora