DARK ROOM - VINNIE H.

8- Are you coming?

Passei o restante das aulas ouvindo atentamente as primeiras introduções sobre o curso de Design de Interiores. Embora eu estivesse animada com o conteúdo, minha mente vagava, principalmente depois do encontro tenso com Vincent. Pra minha surpresa, ele não voltou mais para as aulas, apesar de cursar o mesmo curso que eu. Isso me intrigou um pouco, mas preferi não dar tanta importância. Não naquele momento.

Durante os intervalos entre as matérias, me aproximei de Sye. Ela era simpática e divertida, e nossas conversas fluíram naturalmente, desde os professores até a vida universitária. Mesmo assim, eu sentia uma certa ansiedade no fundo da mente, principalmente por não ter visto Vincent o resto do dia. Suas palavras ecoavam secretamente na minha mente. "Eu vou te comer. Mas antes vou esperar você implorar por isso, Lovezinha."

Quando o último período terminou, me despedi de Sye e saí da sala, andando pelo corredor cheio de alunos se dispersando. Foi então que, ao dobrar a esquina, dei de cara com Jaymes, já me esperando, encostado na parede com aquele sorriso irresistível no rosto. A luz suave do final da tarde iluminava seu rosto, destacando ainda mais suas feições, e, por um breve momento, me peguei dividida entre os dois Hacker's.

— Ei, como foi o resto do dia? — Jaymes perguntou, os olhos brilhando com uma curiosidade quase maliciosa.

— Foi bom. Algumas matérias iniciais, nada muito intenso — respondi, tentando soar casual, mas ainda sentindo a atração por ele pulsando dentro de mim.

Jaymes me lançou um olhar meio malicioso, como se soubesse o efeito que causava, e ofereceu carona.

— Quer uma carona? Eu tô indo na sua direção, então não seria incômodo.

Hesitei por um instante. A oferta era tentadora, mas eu sabia que minha mãe, Louise, já estava a caminho para me buscar. Além disso, embora eu gostasse da atenção de Jaymes, alguma coisa em seu jeito me deixava sempre em alerta. Intuitivo. De fato, não deveria confiar em ninguém.

— Ah, obrigada, mas minha mãe já tá vindo me buscar — disse com um sorriso sem graça.

— Entendi, talvez na próxima, então — ele deu de ombros, ainda sorrindo daquele jeito despretensioso. — Aliás, vai rolar uma festa hoje à noite. Confraternização dos calouros. Muita música, bebida, drogas... e outras coisas. Você devia ir.

Arqueei a sobrancelha, curiosa.

— Uma festa?

— Isso mesmo. Você vai gostar. E quem sabe a gente pode se divertir ainda mais — ele piscou, insinuante. Jesus, quem desenhou esse homem? Ele era incansavelmente atraente.

Por um momento, hesitei de novo, mas a verdade é que eu sabia o motivo pelo qual iria aceitar o convite. A possibilidade de encontrar Vincent lá não me saía da cabeça. Havia uma tensão não resolvida entre nós, algo que eu precisava entender, ou pelo menos descobrir aonde poderia levar. Eu queria ir a fundo, afinal, talvez ele, com aquele jeito grotesco pudesse suprir todo desejo que guardava para mim.

— Ok, eu vou — respondi, sem pensar muito. — Tem minha presença confirmada.

Jaymes abriu um sorriso satisfeito, claramente contente com minha resposta.

— Ótimo! Vai ser divertido. Te vejo lá, então.

Assenti e o observei se afastar, enquanto seguia em direção à saída da faculdade. Assim que cheguei lá fora, avistei o carro da minha mãe estacionado na calçada. Caminhei até o veículo, entrei e soltei um suspiro aliviado enquanto me acomodava no banco do passageiro.

— E aí, como foi o primeiro dia? — Louise perguntou, animada, enquanto começava a dirigir.

— Foi legal, mãe. As aulas foram interessantes, e já fiz uma nova amiga, o nome dela é Sye. — respondi, omitindo completamente qualquer menção a Vincent.

— Que ótimo! E aquele garoto que você falou ontem? Alguma novidade? — ela perguntou com uma pontinha de curiosidade. Eu sequer me lembrava de ter comentado com a mesma sobre a existência de Vincent, e mediante ao nosso gene, sabia que no fundo ela tinha a visto a cena nas escadas da faculdade ontem. Neguei.

Hesitei por um segundo, mas sorri, decidindo não entrar em detalhes.

— Ah, ele não apareceu mais. Não foi nada importante — disse, desviando o olhar para a janela. — Como todos nessa cidade.

O resto do caminho foi tranquilo, com minha mãe falando sobre como as coisas estavam se ajeitando em casa. Quando finalmente chegamos, notei a ausência de Arya, minha irmã caçula.

— Mãe, cadê a Arya? — perguntei, estranhando o silêncio.

— Ela já começou na escola nova e ainda não voltou. Devem estar cuidando da integração dela — minha mãe respondeu com um sorriso reconfortante.

Assenti, satisfeita, e subi as escadas até o meu quarto. Ao entrar, dei de cara com as caixas da mudança ainda empilhadas, esperando para serem desfeitas. Suspirei e comecei a abrir uma delas, tirando as roupas que precisava organizar no armário. Enquanto dobrava as peças e as pendurava, minha mente voltou à festa.

Eu sabia que Jaymes estava claramente interessado, e admito que a atração era mútua. Mas havia algo em Vincent... algo muito mais intenso e complicado. Talvez fosse exatamente essa tensão que me atraía tanto. O mistério, o perigo e a curiosidade.

De repente, a ideia de ir àquela festa se tornou ainda mais empolgante. Abri outra caixa e comecei a separar algumas roupas, tentando decidir o que vestir. Queria algo deslumbrante, mas que não parecesse forçado de atenção. Nessa noite apenas observaria os cães em caça.

— Ok, vamos ver... — murmurei para mim mesma, enquanto fazia um mini desfile de opções no espelho.

No fundo, eu sabia que, independentemente da minha escolha, aquela noite marcaria um divisor de águas. E, de uma forma ou de outra, Vincent estaria lá com aquele maldito ar de vitória, afinal, ele também sentiu.