5- Presentations.

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A professora entrou na sala com um sorriso animado no rosto, carregando uma pilha de papéis em uma das mãos e uma caneta na outra.

— Bom dia, pessoal! — Ela começou, sua voz firme, mas acolhedora. — Como é o primeiro dia, vamos fazer uma rápida apresentação para que todos possam se conhecer melhor. Quero que digam seu nome, de onde vieram e o motivo de escolherem Design de Interiores.

Eu sabia que não tinha como escapar dessa. Olhei de canto para loiro tóxico, que estava ao meu lado, e ele parecia entediado, mexendo no celular como se aquilo fosse uma perda de tempo. Ótimo, pensei, mais uma oportunidade para ele mostrar o quão insuportável é.

A primeira garota se levantou timidamente. Ela tinha cabelos curtos e um sorriso nervoso.

— Oi, meu nome é Emma. Eu sou de Toronto e sempre gostei de arte, por isso escolhi Design de Interiores — ela disse, antes de se sentar rapidamente.

Outros alunos começaram a se apresentar. Havia uma variedade de pessoas na sala, de diferentes partes do país e até de fora. Mas eu estava distraída, esperando a vez do babaca, curiosa para saber mais sobre ele.

Foi então que ele se levantou, finalmente, com um ar de desprezo que parecia dominar a sala inteira.

— Vincent Hacker.— disse ele, com a voz baixa, mas firme, que ecoou na sala. Instantaneamente, a atmosfera mudou. Vi algumas pessoas se entreolhando, e a tensão era palpável. — Vim para cá porque não tinha nada melhor para fazer. — Um sorriso provocador dançou em seus lábios.

Hacker? Ele era parente de Jaymes? Nem fodendo.

Eu senti um calafrio percorrer minha espinha ao ouvir seu sobrenome. E, claro, como se precisasse de mais provas de que ele seria um problema, o jeito como todos ficaram tensos ao ouvir o nome dele confirmava isso.

Ao seu lado, dois outros garotos riram baixo. Um deles, Lucky, era loiro, com tatuagens que cobriam os braços, e usava uma jaqueta de couro surrada. O outro, Jonas, tinha o cabelo partido ao meio e parecia ser o típico cara que adora confusão. Eles eram claramente amigos de Vincent, e a julgar pelas reações das pessoas na sala, eram igualmente problemáticos.

— Lucky — disse o primeiro, com um sorriso malicioso no rosto. — E eu tô aqui porque... bom, alguém precisa manter as coisas interessantes por aqui. — Ele piscou para a professora, que apenas ergueu as sobrancelhas.

— Jonas — completou o outro, mais sério, mas com a mesma atitude arrogante. — Estou aqui para seguir os passos da minha família no design. Mas, sinceramente, acho que vai ser uma perda de tempo.

Era óbvio que aquele trio era o tipo de grupo que causava problemas por onde passava. E se a tensão entre eles não fosse suficiente, logo em seguida foi a vez da Violet. Ela se levantou de forma teatral, seu cabelo ruivo brilhante caindo sobre os ombros.

— Violet — ela disse, como se estivesse num desfile. — Estou aqui porque sou apaixonada por arte. E, bom, algumas pessoas sabem apreciar isso mais do que outras. — Ela lançou um olhar discreto para Vincent, que, por sua vez, a olhou com uma mistura de superioridade e dominação. Era claro que algo acontecia entre os dois, mas a forma como ele a encarava me fez entender que ele tinha controle absoluto sobre aquela dinâmica.

A apresentação continuou, mas minha cabeça estava rodando com tudo aquilo. Quando foi minha vez, me levantei com as mãos suando um pouco.

— Oi, sou Love — comecei, tentando manter a voz firme. — Me mudei recentemente para cá e escolhi Design de Interiores porque sempre gostei de criar ambientes que façam as pessoas se sentirem bem. Acho que um bom espaço pode mudar o dia de alguém.

Me sentei rapidamente, sentindo os olhos de Vincent sobre mim por um breve momento antes de desviar o olhar. Quando a última pessoa se apresentou, a professora agradeceu e deu início à aula.

Sye, a garota sentada duas fileiras à minha frente, virou-se para me olhar com um sorriso amigável.

— Love, né? Adorei o nome. É canadense também?

— Ah, obrigada. Não, eu sou Holandesa. — sorri de volta, apreciando o tom leve e descontraído dela.

— Que bom! Eu tenho muita vontade de conhecer a Holanda. Vai ser legal ter alguém de lá aqui pra conversar. — Ela sorriu novamente, um sorriso verdadeiro e acolhedor. — Se precisar de ajuda com qualquer coisa, estou por aqui.

— Obrigada, Sye. Vou te procurar com certeza — respondi, me sentindo pela primeira vez um pouco mais relaxada naquele ambiente novo e cheio de tensões.

A aula continuou normalmente, e por mais que eu tentasse prestar atenção, meu cérebro voltava sempre para o mesmo ponto: Vincent Hacker. O nome finalmente tinha um rosto e, pior, ele parecia ter o poder de transformar meu dia numa confusão completa.

Quando a aula terminou, todos começaram a sair lentamente, e eu rapidamente guardei minhas coisas. Ao sair da sala, ainda estava digerindo todas as impressões do dia, quando me deparei com Jaymes encostado na parede, me esperando com um sorriso despreocupado no rosto.

— Como foi a primeira aula, caloura? — Ele brincou, me dando um leve empurrão no ombro.

— Ah, interessante... descobri que seu irmão está na minha turma. — respondi, um pouco sarcástica.

— Ah, então você conheceu o famoso Vincent — ele disse, rindo. — Não se preocupe, ele não é tão ruim assim... a maior parte do tempo. E não somos irmãos, apenas primos.

— Ele parece ser um problema ambulante — retruquei, cruzando os braços.

— Talvez seja — Jaymes deu de ombros. — Mas, falando em coisas menos problemáticas, o que acha de tomar um milkshake? Tem um lugar ótimo perto daqui, e é meio tradição irmos lá depois do primeiro dia.

Eu hesitei por um segundo, mas a ideia de passar mais tempo com Jaymes, longe da confusão que foi minha aula, era bem tentadora.

— Acho que vou aceitar essa oferta — sorri, tentando deixar para trás os pensamentos sobre Vincent.

Fomos caminhando até o restaurante, e assim que entramos, percebi o lugar. Era o mesmo local onde eu e Vincent havíamos trocado insultos no dia anterior. Um aperto estranho tomou conta de mim. Jaymes notou meu desconforto.

— Tá tudo bem? — Ele perguntou, preocupado.

— Sim, só... tive um péssimo encontro com alguém aqui ontem — admiti, ainda olhando ao redor, esperando que Vincent surgisse do nada.

Jaymes apenas riu, colocando a mão no meu ombro de forma leve.

— Relaxe, você está comigo agora. Nada vai dar errado. Vamos pegar nosso milkshake e esquecer os idiotas do mundo.

Eu sorri. Talvez ele estivesse certo.

Mas no fundo, algo intuitivo me dizia que eu estava pelo caminho errado. Os hacker's poderiam ser uma confusão completa. Tanto Jaymes como Vincent.

DARK ROOM - VINNIE H. Onde histórias criam vida. Descubra agora