16- Blood on the floor

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Eu acordei com uma toalha molhada passando pelo meu rosto e gritos desesperados ao fundo. Minha cabeça girava e o gosto amargo de álcool ainda estava na minha boca. Quando finalmente consegui abrir os olhos, vi Sye ao meu lado, desesperada, tentando me limpar e me acordar de vez. A confusão era enorme, mas o que realmente me fez despertar foram os gritos e o som de carne sendo golpeada.

Olhei ao redor e, no fundo do quarto, encontrei Vincent em cima do corpo de Jaymes, suas mãos banhadas em sangue. Melhor, enxurradas de sangue. Ele batia no rosto de Jaymes sem parar mesmo com o garoto completamente desacordado, o corpo coberto de sangue, quase irreconhecível. Lucky estava ao lado, segurando Violet, que gritava e se debatia, tentando impedir Vincent de continuar o espancamento. Violet tinha um pânico estampado em seu rosto, como algo metódico.

Eu me sentei devagar na cama, tentando entender o que estava acontecendo. Sye estava ao meu lado, a voz dela agora mais nítida. — Você está bem? — ela perguntou, os olhos cheios de preocupação. Apenas assenti, mas a dor de cabeça me atingia em cheio, latejando. A cada golpe que Vincent desferia, o som ecoava na minha mente, me deixando ainda mais zonza. Violet continuava gritando, implorando para que Vincent parasse.

Eu suspirei profundamente, tentando me acalmar, e olhei de novo para Vincent. Seus braços se moviam num ritmo constante, o garoto estava de costas pra mim e seus punhos colidiam perfeitamente no corpo de Jaymes repetidamente, como se ele fosse incapaz de parar. Levantei-me, meus passos ainda trôpegos, e caminhei até ele. Apenas duas palavras saiu da minha boca, sendo o suficiente.

— Vincent, para. — Eu disse, minha voz firme.

Ele congelou no lugar, como se minhas palavras o tivessem tirado de um transe. Seus punhos pararam de bater, e ele se levantou lentamente do corpo de Jaymes, que agora estava submerso em seu próprio sangue, completamente imóvel.

Violet parou de gritar e correu até Vincent, empurrando-o com raiva. — Você quase matou o seu primo, idiota! — ela gritou, esbravejando, a fúria brilhando em seus olhos. — Por quê você fez isso? Mas Vincent mal a olhou. Ele ignorou suas palavras e virou-se para mim, nossos olhares se encontrando por um breve segundo, antes de ele desviar e fazer um sinal com a cabeça para Lucky.

— Leva elas duas pra casa. Pega meu carro. — Vincent disse, sua voz fria e direta.

Lucky acenou com a cabeça e saiu imediatamente do quarto. Sye segurou minha mão e me puxou para fora, me afastando daquela cena. Descemos as escadas rapidamente e saímos pela porta da frente. A casa estava vazia, todos já tinham ido embora. O silêncio era assustador, a única coisa que eu conseguia ouvir eram os ecos dos gritos e o som dos golpes de Vincent na minha cabeça. Tudo parecia surreal.

Nós seguimos até o carro de Vincent, e assim que o vi, meu coração apertou. Era um Dodge Challenger SRT Hellcat, igualzinho ao carro que meu pai tinha. Meu pai era obcecado por esse modelo de carro, e ver um ali, tão perto, trouxe uma onda de nostalgia dolorosa. A lembrança do mesmo em querer me ensinar a dirigir no mesmo dia que comprou seu tão sonhado carro me pegou em cheio, sendo um espancamento doloroso. Sem pensar, entrei no carro, sentindo uma mistura de tristeza e saudade me invadir.

Sye se aproximou sentada ao meu lado e me abraçou. Eu me afundei naquele abraço, mas as memórias do meu pai tomaram conta de mim. A saudade era esmagadora, e eu não consegui conter as lágrimas. Tudo que eu queria naquele momento era vê-lo novamente, ouvir sua voz, sentir seu abraço. Mas ele se foi, e isso me consumia de uma forma que eu não conseguia descrever.

Lucky dirigiu em silêncio, e quando paramos em frente à minha casa, Sye me perguntou se poderia me acompanhar até lá dentro. Eu neguei, balançando a cabeça. Parecia suspeito demais. Minha mãe, Louise, poderia estar acordada, e ela acharia estranho eu trazer alguém para casa, ainda mais a essa hora. Eu sempre fui muito seletiva com minhas amizades, e mesmo com a minha amiga de infância, Lya, demorei meses para convidá-la a dormir na minha casa. Não queria levantar suspeitas.

— Eu vou ficar bem. — Agradeci a preocupação de Sye com um sorriso fraco antes de sair do carro. — Não se preocupe, Sy.

Me despedi de Lucky e Sye e caminhei até a porta da minha casa. O som do carro arrancando se misturou com o silêncio da noite. Entrei na casa o mais silenciosamente possível, agradecendo mentalmente que minha mãe e minha pestinha estarem dormindo profundamente essa hora. Puxei o celular do decote e vendo que já passava das 3pm.

Subi as escadas com cuidado e entrei no meu quarto. Fechei a porta e me joguei na cama, exausta. Tentei não pensar no que aconteceu naquela noite, mas as imagens continuavam voltando, como um filme que eu não conseguia desligar. Me forcei a fazer uma promessa para mim mesma, uma promessa que eu sabia que não poderia quebrar. E eu iria cumprir, nem que fosse a última coisa que eu fizesse.

Nunca mais vou me envolver com um Hacker.

É uma promessa.

DARK ROOM - VINNIE H. Onde histórias criam vida. Descubra agora