4- Beginning of my disaster

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Jaymes começou a me guiar pelos corredores da faculdade, mesmo que eu já soubesse onde ficava tudo. Ele parecia tão entusiasmado em me mostrar o campus, e por alguma razão, eu deixei ele continuar. Talvez porque ele fosse a única pessoa com quem eu realmente tinha tido algum contato até agora. E pelo fato dele ser um gato, por quê não?

— Então, aqui é o prédio principal, onde ficam a maioria das salas de aula dos cursos mais teóricos — disse Jaymes, com um sorriso de lado. — E ali, logo à frente, é a biblioteca. Enorme, né?

— Sim, enorme — respondi, tentando esconder o fato de que já sabia disso, afinal, tinha feito uma tour no dia anterior. Mas sua companhia não era tão ruim assim.

Ele parou de andar por um segundo, me olhando. Seus olhos castanhos brilharam de maneira diferente, como se estivesse me estudando, analisando cada detalhe do meu rosto.

— Você tem algum interesse especial em design de interiores? Na primeira impressão, achei que estava matriculada no curso de moda! — perguntou ele, mudando o foco da conversa.

— Eu sempre gostei de criar espaços. Acho que o ambiente influencia muito o humor das pessoas, sabe? E não, eu posso ser até estilosa, mas jamais faria algo tão supérfluo.— respondi, um pouco mais envolvida na conversa. — E você? O que cursa?

— Engenharia Civil. A gente acaba se cruzando por aí de vez em quando, cursos relacionados, sabe? — ele disse, com um sorriso ligeiramente convencido. Maldita boca desenhada.

— Hmm, talvez. Mas você tem mais cara de alguém que se daria bem em Arquitetura, na verdade — provoquei, sorrindo levemente de volta.

Ele riu baixinho, parecendo surpreso com minha resposta.

— Quem sabe... Talvez eu tenha escolhido o curso errado — ele disse, encarando meus olhos por mais tempo do que o necessário. Havia algo em seu olhar, algo curioso e interessado, que me fez sentir um pequeno frio na barriga.

Enquanto ele continuava a me guiar, eu percebia que a conversa fluía de forma natural. Ele era charmoso, sem ser invasivo, e eu me via relaxando mais do que esperava ao lado dele. Eventualmente, chegamos perto da ala onde ficavam as salas do meu curso.

— Acho que é aqui que nos separamos, Love — ele disse, parando em frente à entrada. — Meu curso é no prédio ao lado.

— É, parece que sim. — Sorri de leve, sentindo uma pontada de decepção. Apesar de tudo, sua companhia havia sido uma boa distração.

— Se precisar de ajuda ou... companhia, sabe onde me encontrar — ele piscou de leve, fazendo um gesto discreto com a cabeça antes de virar e seguir pelo corredor.

Eu o observei se afastar por um momento, antes de finalmente virar para entrar na minha própria sala. O prédio ainda estava vazio, e a sensação de solidão voltou assim que ele sumiu de vista.

Entrei na sala e me sentei em uma das mesas mais ao fundo. Aos poucos, os alunos começaram a chegar. Foi quando ele entrou.

O diabo.

O mesmo garoto que tinha sido um completo babaca comigo no dia anterior. Seus cabelos loiros e cacheados estavam um pouco bagunçados, as tatuagens nos braços à mostra por causa da camiseta preta justa. Ele era alto, com aquele visual de "bad boy" que fazia qualquer garota olhar duas vezes. Mas eu o odiava. Odiava pelo que ele tinha feito e pelo jeito arrogante.

Ele me viu quase imediatamente e, para minha surpresa (ou irritação), veio diretamente na minha direção. Sem dizer nada, ele se sentou ao meu lado, jogando a mochila no chão com desprezo, como se o mundo inteiro estivesse ali apenas para servi-lo.

— Que coincidência, você de novo — ele murmurou, a voz carregada de sarcasmo.

Revirei os olhos, cruzando os braços.

— Infelizmente para mim, parece que sim.

Ele riu, aquele tipo de riso que me fazia querer socá-lo, mas ao mesmo tempo... havia algo nele que me prendia. Uma tensão no ar que eu não conseguia ignorar, por mais que quisesse.

— Sabia que você era desbocada, mas não tanto assim. Gostei. — ele disse, virando a cabeça para me encarar diretamente, um sorriso provocador brincando em seus lábios.

— Desbocada? — arqueei uma sobrancelha, olhando para ele com desdém. — Só estou tentando evitar idiotas.

Vincent inclinou-se um pouco mais para perto, seu perfume amadeirado me atingindo de leve. Seu sorriso cresceu, como se estivesse gostando da troca de farpas.

— Cuidado, novata. Pode acabar gostando de idiotas como eu, mas vou logo adiantando que você não tem chance.

Meu coração deu um salto inesperado, mas mantive o rosto firme. Ele estava jogando comigo, testando meus limites, e eu não daria o gostinho de ceder tão facilmente.

— Isso soa como um alívio, Justin Bieber. — rebati, com um tom seco. Realizei a referência ao seu corte de cabelo, no qual combinava ridiculamente com ele. Como o Justin em 2010. — E vê se me deixa em paz.

Ele riu de novo, mas desta vez havia algo mais em sua risada. Talvez diversão, talvez curiosidade. Ele se recostou na cadeira, mas não desviou o olhar de mim por um segundo sequer.

— Acho que vamos nos divertir bastante juntos, caloura.

Não respondi. Apenas virei o rosto para frente, tentando ignorar o arrepio que subia pela minha espinha. Odiava admitir, mas havia algo nele que me afetava, mesmo que fosse para o lado errado. Odiava aquele filho da puta, mas ao mesmo tempo, algo nele me fazia prestar mais atenção do que eu gostaria.

DARK ROOM - VINNIE H. Onde histórias criam vida. Descubra agora