Reis

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Os desejados garantes da manutenção do reino


     Esta descrição é baseada na narrativa #1290 do Arquivo Português de Lendas (APL 1290).


     Os Reis já foram rostos da representação máxima de Portugal (ver descrição das Rainhas). E uma das obrigações deles era a manutenção da independência do país. Foi uma obrigação que D. Sebastião não cumpriu: desejos de expansão imperial ardentemente impensados levaram ao seu desaparecimento na Batalha de Alcácer-Quibir, no dia 4 de Agosto de 1578, e, por conseguinte, à perda de independência de Portugal por falta de oposição real forte ao domínio espanhol três anos depois. Mas se os entendidos na matéria afirmam que este Rei morreu há séculos, o povo diz o contrário! Segundo as tradições orais, D. Sebastião regressará para ajudar Portugal nas suas horas mais sombrias! E há ainda quem aponte o seu estado atual: animado por forças mágicas que o ligam a um lugar terreno – e com companhia (ver descrições das Mouras-Serpentes e do Cão de Guarda de Olhão)!

     No lugar do ilhéu de Vila Franca, um ilhéu perto de Vila Franca do Campo, na ilha de São Miguel, aparece uma ilha encantada em certas ocasiões, que duram algum tempo: é onde reside agora D. Sebastião e os seus companheiros, possivelmente membros leais da malfadada expedição militar que ele liderou a Marrocos!

     Em noites de luar, veem-se os vultos destes homens encantados nessa ilha. Nos dias de nevoeiro, veem-se D. Sebastião e os companheiros dele a ondular como Fantasmas na bruma, aproximando-se da beira do penedo da ilha e acenando para Vila Franca do Campo. É nessas ocasiões que o vento também traz dessa ilha encantada palavras que saem de uma boca: «Coragem e fé!» (dado o fervor religioso e militar que D. Sebastião demonstrou em vida, é possível que a voz seja a dele).

     Um navio aproximou-se da ilha e descarregou trigo e outros cereais para abastecer os seus residentes numa vez. Não sei se D. Sebastião e os seus companheiros tinham pedido que lhes fornecessem material alimentar, mas é provável que o tenham feito. Isto porque, pelos vistos, os seres encantados também precisam de comer, mas o alimento é-lhes inexistente ou insuficiente no seu espaço sobrenatural, e eles não conseguem produzir o seu próprio como se lhes faltassem os atributos para o fazerem no seu encanto. Para satisfazerem as suas necessidades alimentares, estes seres fantásticos solicitam alimento proveniente do espaço dos homens vivos.

     No dia em que o encanto de D. Sebastião e dos seus companheiros for quebrado – desconheço como –, o Rei então desencantado inaugurará um império de paz e de felicidade. Um império desses, governado por um soberano cujo regresso se tem ansiado, parece ser promissor e sonhado por muitos... Mas se assim é, porque que é que esses homens ainda não foram desencantados, perguntam vocês? É que esse desencantamento fará com que a vizinha ilha de Santa Maria se afunde nas profundezas do oceano Atlântico... Sim, uma ilha desaparecerá com toda a vida que nela exista se houver o desencantamento! E não queremos acreditar que haja alguém que queira que isso mesmo aconteça! Além disso, para quê mais impérios? Não seria melhor se os indivíduos e os povos encontrassem a sua própria felicidade e a sua própria paz?



Fonte da imagem: Sebastián I de Portugal (artigo da Wikipédia)

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