Burrinha de Nossa Senhora

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A montada marcante da Sagrada Família


     Esta descrição é baseada na narrativa #3497 do Arquivo Português de Lendas (APL 3497).


     É sabido que a Sagrada Família – Jesus, Maria e José – teve de fugir da Judeia para que o ainda pequenino Filho de Deus não tivesse o mesmo destino de outros meninos de idade aproximada daquela região. Tudo isto porque o Rei Herodes não compreendeu que Cristo, profetizado como soberano, o fosse sem reclamar nenhum trono terreno. Mas é claro que está para lá da compreensão de um tirano como Herodes que um Rei possa sê-lo espiritualmente e não pela espada (ver descrição dos Reis)! E sabe-se igualmente que o Menino Jesus e os Seus pais se refugiaram no Egito para que Ele escapasse do Massacre dos Inocentes. Porém, poucos sabem que eles passaram por terras atualmente portuguesas na sua jornada para o Egito segundo algumas lendas de Portugal! Mas então porque é que fizeram um desvio tão grande e foram parar a terras tão longínquas do país dos faraós, perguntam vocês? Bem, talvez eles tivessem-se perdido... Afinal, a Sagrada Família não podia fazer algo tão humano como perder-se no caminho? Fazer turismo é que foi muito pouco provável, ainda para mais com os soldados de Herodes no encalço de Jesus Cristo e da Sua família... Sim, a Sagrada Família foi (per)seguida até em terras portuguesas! Foi uma jornada que deixou marcas em algumas dessas terras... Ou melhor, quem deixou marcas foi a Burrinha de Nossa Senhora!

     A Burrinha de Nossa Senhora foi a burrinha que serviu a Sagrada Família para que eles chegassem a bom porto egípcio. Para além de ser montada como se espera nos animais do seu tipo, ela tinha uma força sobrenatural para fazer certas coisas que Nossa Senhora, a sua dona, queria (embora também devesse obedecer a José e provavelmente ao ainda bebé Jesus).

     Um dos feitos da Burrinha foi o surgimento da Fonte da Pedra, perto de Alvoco da Serra, no concelho de Seia. Estava a Sagrada Família a caminho de Alvoco da Serra quando Nossa Senhora teve sede. Então a Virgem Maria mandou a Burrinha bater três vezes com as patas numas fragas para que aparecesse água. Assim ela fez, e assim ficaram as marcas das suas patadas, com as ferraduras, na pedra: a primeira marca está seca; a segunda tem um fio de água a escorrer pela rocha; e há na terceira um pequeno caudal onde se recolhe a água.

     É curioso que a Burrinha deixasse lembranças das suas andanças gravadas na pedra. É como se a sua dona quisesse que fossem recordadas dessa forma as provações que a Sagrada Família sofreu para que a missão terrena do Filho de Deus não acabasse prematuramente assim como certos locais de culto cristãos recordam as aparições da Mãe de Jesus lá (ver descrições de Nossa Senhora e de Jesus Cristo).

     De facto, tem lógica que Nossa Senhora tivesse uma burra. Entre as características dos burros estão a determinação e a vontade inquebrável – características que a Burrinha deve ter tido. Se Maria carecesse dessas características, não levaria avante a missão que Deus lhe confiou: levar no ventre o Seu filho e cuidar d'Ele até que estivesse apto para transmitir a Sua palavra.

     Portanto, não é à toa que a Burrinha de Nossa Senhora está associada à Sagrada Família, principalmente à Virgem Santíssima.



Fonte da imagem: Santa Terezinha - Artigos Religiosos (site)

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