Jesus Cristo

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O mensageiro sacrificial da paz e do amor que Deus enviou


     Esta descrição é baseada na narrativa #3109 do Arquivo Português de Lendas (APL 3109).


     O Filho de Deus teve os ensinamentos que deixou aos homens relembrados por um padre em Selores ou estava para tê-los nessa aldeia do concelho de Carrazeda de Ansiães, novamente – era o mais provável. Ou então estava um grande grupo de pessoas no adro da igreja local por outro motivo numa ocasião (por exemplo, como de costume nas aldeias, podiam as pessoas ter-se reunido para pôr a conversa em dia). O que é certo é que alguém pobrezinho, possivelmente dos que andam a pedir de terra em terra, chegou junto daquelas pessoas e exclamou:

     - Ai que lindo pau de moreira que ali está, que dava para fazer um santo!

     - Para fazer um santo?! – perguntaram as pessoas – E quem o faz?

     - Olhem, ponham-me aí num lugar, eu e o pau, fechem a porta e, durante três dias, não ma abram! – respondeu o pobrezinho.

     Assim fizeram; não se refere o lugar, mas possivelmente foi a igreja. O pobrezinho nem queria comer, nem beber, nem que lhe fizessem qualquer outra coisa. As pessoas, atiçadas pela curiosidade, espreitavam pelo buraco da porta. Mas não viam nada, presumidamente porque esse buraco era demasiado pequeno e o lugar muito escuro para verem qualquer coisa lá dentro.

     Passados os três dias, a porta estava aberta. E dentro do lugar estava uma imagem do Senhor Divino Ecce Homo, também chamado Senhor Bom Jesus, esculpida em madeira de amoreira. Mas o pobrezinho tinha desaparecido. Isto fez com que o povo de Selores pensasse que foi o próprio Jesus, como Senhor da Cana Verde (o que já explico), que esculpiu aquela imagem!

     Parece que Jesus Cristo tem regressado ao nosso mundo volta e meia. Talvez tenha feito o mesmo que fez em Cabaninhas: em Selores, disfarçado de mendigo, fez um pedido (ver descrição dos Moradores de Cabaninhas). E os habitantes dessa aldeia procederam como Ele pediu – e ainda bem, pois, caso contrário, as consequências podiam ser divinamente gravosas como os Moradores de Cabaninhas atestaram!

     Jesus assume diferentes formas e designações tal como Maria, Sua mãe (ver descrição de Nossa Senhora). Uma delas é o referido Senhor Divino Ecce Homo. «Ecce Homo» significa «Eis o Homem» em latim – é o que disse Pôncio Pilatos ao apresentar Jesus aos judeus segundo o evangelho. A versão mais frequente desta forma é o Senhor da Cana Verde; a «cana verde» é o pedaço de madeira, simbolizando um cetro, que as imagens da versão têm na mão. Esta versão é a de Jesus de pé com uma coroa de espinhos, feridas a sangrar pelo corpo e um manto a cobri-lo. Outras versões da mesma forma são o Bom Jesus da Coluna (atado à coluna da flagelação), o Bom Jesus dos Passos (levando a cruz), etc. Todas essas versões representam a Paixão de Jesus Cristo, isto é, o Seu sofrimento e a Sua morte... Jesus sendo coroado e flagelado, Jesus carregando a cruz, a crucificação de Jesus e o sepultamento de Jesus são os quatro eventos em foco.

     Esta representação faz com os devotos identifiquem Cristo com todo o sofrimento humano e, por isso, recorram a Ele nas suas aflições. Mas não importa a representação ou a forma: todas elas recordam o Filho de Deus e a Sua mensagem de paz e amor. É isto que se venera no fundo.



Fonte da imagem: Museu de Lamas (página de Facebook)

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