4 meses depois.
A nossa vida profissional seguia maravilhosa.
Rodolffo com shows lotados por todo o País e eu com minha carreira de influencer também de vento em popa.A parte difícil era o pouco tempo que tínhamos para estar juntos e com as crianças. Mesmo trabalhando em casa estava difícil passar tempo de qualidade com elas. Felizmente tínhamos a Eva e eu sempre fazia questão de lhes dar o jantar e colocá-los para dormir.
O Carlos ligava sempre antes dos shows.
- Oi, amor!
- Oi, meu bem!
- Como estão os meus três amores? Ju, é impressão minha ou estou-te a achar um pouco abatida?
- Não é nada, amor! Só é cansaço. Hoje foi puxado. Muita gravação e reunião.
- Mais dois dias e já estou aí para tratar de ti. Três dias inteirinhos para vós.
- Estou ansiosa por isso. Mulher de cantor tem que ter muita resiliência para aguentar as saudades do marido. É preciso amar muito para não vacilar.
- Tem uns gatos por aí, que, minha nossa senhora, disse, tentando provocar um ciuminho.
- E é? Que tanto de trabalho é esse que dá tempo de ver os boys?
- Sempre dá para olhar para o lado. É no uber, na padaria, no mercado.
Na pracinha então, tens uns pais! Nada de deitar fora.- Sei e não gostei. Falei fazendo biquinho. - Sei o quanto ela gosta de me provocar. - Vou entrar na onda dela.
- E por aqui. É um tanto de fã gostosa pra carai. Loira, morena, ruiva, crossefiteira, e de tudo. - Até tem umas rechonchudinhas nada de deitar fora.
- E assanhadas tem demais.
- Rodolffo, Rodolffo! Toma juízo que assanhada tu já tens aqui em casa. Comporta-te. Vou até tomar banho.
- Vai lá, deixa eu ver.
- Que nada. Vai começar o show e tens que te preparar. Já ouvi a tua irmã chamar.
- É. Eu vou. - Tchau. Amo-te.
- Tchau amor. Também te amo. Beijos.
E lá foi. E eu fiquei aqui no nosso quarto mais uma noite só.
O nosso amor resistia a estas noites solitárias. Se lá atrás ele vacilou, hoje, eu tinha total confiança e tenho a certeza de que ele também tinha.
Acordei de madrugada bastante indisposta. Levantei-me, fui ao banheiro e vomitei tudo o que restava no estômago. Voltei a deitar-me e acalmou um pouco.
Consegui voltar a pegar no sono.Na verdade eu desconfiava destas más disposições. Já não era a primeira vez. Guardei só para mim.
Com a correria do trabalho tinha deixado para segundo plano.Acordei e senti uma náusea novamente. Sentei-me na cama e ela foi passando.
Preciso resolver isto hoje. Tirar a minha dúvida ou confirmar a minha certeza.Tomei café e saí para fazer umas compras. Passei numa farmácia e comprei dois testes de gravidez.
Voltei para casa ansiosa. Fui direita ao banheiro fazer o teste. Fiz logo os dois. Esperei o tempo necessário e lá estava sem qualquer dúvida nos dois. Positivo.
Chorei, chorei muito. Um misto de felicidade e dúvida.
Felicidade porque um filho é uma bênção e dúvida porque tinha medo de não poder ser a mãe perfeita se é que existe. É tão difícil trabalhar e ser mãe. Estamos sempre a culpabilizar-nos pelas falhas. Não podemos ser perfeitas nas duas funções.
O Rodolffo sempre ganhou o suficiente
para dar conforto à nossa família mas para a maioria das mulheres a realização profissional é muito importante.
Há as que querem ser mães a tempo inteiro mas no meu caso optei por exercer as duas vertentes. Ser mãe e independente financeiramente.Liguei para a clínica e falei com a minha médica. A mesma que me tinha assistido no parto do Gabriel.
Combinei ir no dia seguinte para realizar os exames necessários.
À noite conversei com o Rodolffo mas optei por não revelar nada. Precisava de ter 100% de certeza, como se alguma dúvida houvesse.No dia seguinte
- Doutora! Acho que estou novamente grávida. Quer dizer, tenho a certeza.
- Vamos ver isso. Como estão as crianças?
- Lindas.
- Como os pais, diz a doutora. Vamos fazer a colheita de sangue e se for positivo podemos fazer um ultra som.
Fizemos a colheita, e como eu sabia deu positivo.
Fizemos o ultra som e diz a doutora.
- Flor! Está grávida de 18 semanas.
- Meu Deus! Tudo isso? - Então o meu filho é italiano.
- Como assim?
- Foi feito na nossa lua de mel em Itália. E logo no início.
- Sendo assim é. Mas tem outra surpresa. Só que talvez o pai também quisesse saber em primeira mão.
- Quando podem voltar os dois? Seria bom.
- Agora fiquei nervosa. Como assim esperar? É algo ruim?
- Não. É bom, pelo menos eu acho mas se a Ju não quiser esperar eu digo. Só que eu sei por experiência que o pai gosta de saber em primeira mão.
- Vou morrer de ansiedade mas vou esperar. O Rodolffo regressa depois de amanhã.
- Então voltem aqui neste mesmo horário.
Saí da clínica feliz mas muito ansiosa.
Passei numa ourivesaria e comprei um colar prateado com um pingente de V, outro de G e um sapatinho.
Mandei colocar o sapatinho numa caixa à parte com um cartão onde dizia:
Estou chegando papai.Cheguei a casa e não contei a ninguém. Ia guardar segredo até contar ao Rodolffo.
Cancelei os trabalhos que tinha para os próximos 5 dias. Nem era assim tanta coisa e dava para adiar. Fiz só o que era urgente.
Queria curtir a minha família e o momento na maior tranquilidade.
Entraria em clausura mas esta bem diferente daquela lá atrás em que queria viver longe de tudo e todos.Agora era diferente, viver para a minha família representava tudo.
Quero aproveitar as crianças enquanto não vão para a escola porque depois elas começam a ganhar as suas asas e num piscar de olhos já não são mais nossas.
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Clausura
FanfictionEstá é a história de Juliette e Rodolffo. Um casal feliz que de uma hora para a outra se vê a braços com a separação.