Clausura

A volta

A Violeta estava ficando tanto com a tia como com os avós para que Flor pudesse descansar mais.  Duas crianças pequenas era muito pesado nesta fase.  Eu ajudava no que podia mas não era suficiente. 
Hoje íamos buscá-la.  Já temos muita saudade e Ju já está muito melhor.

A minha mãe convidou-nos para almoçar.  Levaríamos Gabriel para estar com os avós.  Era a primeira vez que Ju iria conviver com outras pessoas desde o parto.

- Amor! Lembras dos meus pais?

- Sim.  E lembro que eu gostava muito deles e eles de mim.  Espero que ainda gostem.

- Claro que sim. - durante este tempo era eu que levava a Violeta a casa deles.   A Ju nunca ia.  Eles estavam a par de tudo e entendiam.

Chegámos por volta das 12 horas.  Violeta correu para a mãe e pulou no seu colo.

- Saudades meu amor, disse dando-lhe beijinhos e bagunçando o cabelo.

- Eu também tinha saudade mamãe.

- E do papai não? Perguntei enquanto lhe dava um beijo.
Eu estava com Gabriel ao colo então,  ela olhou para mim e para o bébé.

- Sim. Do papai sim.

- E do mano? Sentei-me depois de cumprimentar meus pais.
Pedi para ela sentar do meu lado.

- Olha o mano.  Tão bonito.

- Violeta é linda. - Já consegue pronunciar o nome correctamente.

- Sim. Violeta é muito linda mas o Gabriel também.

- Queres pegar nele?

Olhou para mim, arregalou os olhos e disse:

- Pegar como as minhas bonecas?

- Sim, mas com cuidado. O papai ajuda.

Entreguei-lhe o irmão,  ela tocou na mão dele e ele agarrou um dos dedos apertando.  Olhou para mim com um sorriso de orelha a orelha.

- Acho que ele gostou de mim.  Deu-lhe um beijinho na testa.

- Gostou pois. Olha não desgruda da tua mão.  E tu, gostaste?

- Sim.  Já gostei muito.

Juliette estava conversando com os meus pais.  Quem visse não diria que até há bem pouco tempo estava com amnésia.  A minha mãe veio ter connosco.

- Já posso ter o meu netinho um pouco?  Violeta, dás o bébé um pouquinho à vó?

- Vó, acho que ele não quer. Não larga o meu dedo.  Olha, ele está a olhar para mim e a dizer que não quer.

- Deixa a vó pegar um pouco.  Depois pegas de novo.

- Está bem, disse contrariada.

O almoço estava pronto e fomos todos para a mesa.
O bébé estava no carrinho e Violeta fez questão de ficar só lado dele.
A conversa girava em torno de coisas triviais e dos shows que por sinal iam ser retomados na semana seguinte.

A minha sogra propôs que eu e as crianças ficássemos com eles durante os shows do próximo mês mas, eu não quis.  Eu estava bem, tinha a Clara comigo e se fosse necessário eles também moravam perto.

A tarde foi muito agradável.  A Violeta mostrava-se muito ciumenta com o irmão.   Não queria que ninguém pegasse nele.  Foi preciso explicar que não tinha motivos para ciúmes.

Ao final do dia regressámos a casa.

- Todos para o banho.

Ju deu banho no Gabriel  e eu na Violeta.   Depois de alimentados e postos a dormir, então,  nos permitimos ter um tempinho para nós.
O dia tinha sido puxado. Tomámos banho e deitámos cansados mas felizes por tudo estar no caminho certo.
Ju deitou a cabeça no meu peito fazendo festinhas,  eu passando a mão nos seus cabelos.  Adormecemos instantaneamente.