Ignorar fofocas

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Liguei novamente e nada. Será que ela viu alguma coisa sobre o assunto.
Os sites de fofoca são ligeiros neste quesito.
Pode ser que ela tivesse adormecido.
Ligo amanhã de novo.

Fiquei um pouco abalada com estas mensagens misteriosas.  Meu sogro veio cá a casa com o resultado da investigação.
Tínhamos descoberto a origem das mensagens.  A minha cunhada contou ao pai o episódio do camarim e do hotel.  Concluímos ser a  da enfermeira a autora das mesmas.

Rodolffo ligou-me de madrugada no final do show.  Não atendi  por estar com uma enorme enxaqueca tomei um comprimido e apaguei.  Antes, porém, pedi à Eva que olhasse pelas crianças se elas acordassem.  Nestes poucos dias tínhamos desenvolvido uma cumplicidade grande.  Estou a pensar ficar com ela a tempo inteiro se ela quiser.
A Eva  confidenciou-me que é sozinha,  tem apenas Clara como família.
Se ela quiser vir morar connosco e
ajudar-me com as crianças vai ser bom.  A nossa casa tem um anexo que podemos remodelar para ela. Assim teria a sua privacidade.
Eu preciso trabalhar e não quero os meus filhos em infantários. Até à idade escolar eu quero tê-los perto.
Tenho que  conversar com Rodolffo sobre o assunto e depois com a Eva.

Após as últimas informações decidi ir até à clínica.  A directora era a obstetra que me assistiu.  Não éramos as melhores amigas mas já havia uma relação muito saudável.

Expus o assunto do assédio ao meu marido, mostrei as mensagens e a minha desconfiança.

- Doutora, é possível que a minha amnésia tenha sido provocada?

Ela olha para mim com ar assustado.

- Não quero acreditar, mas possível é.  Existe medicação que se não for ministrada como deve ser pode ter essa consequência.  Acredita que foi isso que aconteceu?

- Sim.  Desconfio. Perante o que aconteceu depois acho possível.

- Já passou muito tempo para podermos investigar.  O seu corpo já se livrou da medicação.  Não há como fazer exames para comprovar.

- Eu posso confrontar a enfermeira Luísa mas de certeza vai negar.  Ela pediu dispensa de 2 dias mas amanhã já está de regresso.

- A doutora importa-se que eu passe por cá amanhã? Quero confrontá-la com as mensagens e com o assédio ao meu marido.  Vou pedir à minha cunhada para trazer o auto da polícia sobre o escândalo ontem no hotel.

- Pode passar sim que eu quero esclarecer este assunto.   Não quero os meus funcionários a ter esse comportamento com os pacientes.  Isso só prejudica a clínica.

- Prometo ser discreta.  O assunto será resolvido entre nós duas, mas eu vou gravar a conversa se me autorizar.

- Tem carta branca.  Quero ver até onde ela foi negligente.

- Obrigada. Até amanhã.

Saí dali com  a certeza de que a minha amnésia tinha dedo dela.

Cheguei a casa,  Violeta brincava no quarto todo bagunçado e Gabriel estava no colo de Clara.

-Menina Violeta vamos arrumar esta bagunça.  Brinquedos todos dentro dos cestos. Depois vamos almoçar.

- Clara ajuda? Pediu a manhosa.

- Não.  Clara não ajudou na bagunça não vai ajudar a arrumar.  A menina já é crescida. Para brincar não precisa desarrumar tudo.  Brinca com um e depois quando pega outro arruma o anterior. Assim é mais fácil.
Fez biquinho e carinha amuada mas começou a arrumar e logo estava tudo no lugar.
Eu tinha comprado vários cestos para que fosse mais fácil para ela.  Quando for o Gabriel será igual.

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