Prólogo - O Filho Do Amanhã

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   678, o ano que se acendeu uma chama nos corações dos habitantes de Bandalask, no planeta de Thern. No final da Era do Amanhã, uma luz tão forte que podia ser vista do alto da maior montanha do mundo, onde os lobos uivavam avisando aos outros de tal brilho. As gramas do solo absorviam a luminosidade; ficavam douradas por segundos. Os pássaros se cegavam e chocavam-se com o solo, mas não ficavam irritados, pois aquela luz retirava todas as suas dores e mágoas.

   A inauguração do primeiro reino, Bandalask, vinha acompanhada do recebimento de uma nova vida. Na sacada do castelo real, na capital: Aricon, em plena noite, essa vida luminosa era erguida para que toda a população sentisse a luz relaxante que emanava. Quatro minutos se passaram, o brilho se esvaia de pouco em pouco. Sua face já podia ser vista de longe; a família Gautar estava em seu dia de sorte. A esposa do rei Gautar IV havia parido não uma criatura incandescente, mas sim, uma criança iluminada; um menino dos deuses.
Seus olhos amarelos e cabelos pretos curtos, acompanhados das bochechas rechonchudas que encantavam a população. Recebendo o título de: ❝Aquele que brilhou onde não havia luz.❞

   Gautar cresceu tendo uma vida calma e bem tranquila para as épocas sombrias que chegavam em Thern. Seu pai, Gautar IV, se certificava que o príncipe permanecesse seguro a todo momento, tendo tudo e mais um pouco; do bom e do melhor. Sua mãe, sempre preocupada, mantinha o garoto no próprio quarto, trancafiado o dia todo. Só permitindo que se entretece com a leitura dos livros e estudasse sobre a cultura do mundo de Thern.

  Gautar V, como era chamado, não entendia como o mundo era tão perigoso se ele mesmo não conseguia ver o perigo que todos falavam. Gautar acreditava que o mundo era limpo e brilhoso, que cada pessoa era pura e possuía um senso de honra absoluto, assim como ele. E o que todos diziam era apenas uma mentira que ele devesse acreditar. Ele não acreditava em maldade humana, mas sim na crueldade dos Deuses. E toda vez que era castigado por falar mal das divindades, Gautar dizia: ❝Se há luz nas divindades, então todos humanos são bons, certo?❞.
   Impressionantemente, mesmo com dez anos, Gautar conseguia deixar adultos com mais de trinta anos sem palavras.

   Quando atingiu os quinze, Gautar começou a ajudar seu pai com as economias do reino. O garoto obtinha uma memória perfeita, além da leitura excepcional. Discursava em palestras falando sobre: esperança, mudança e sobre como o trabalho é importante para a construção de um reino saudável. Mesmo crente do que falava, Gautar só conseguia ver desesperança no coração das pessoas que o ouviam. Tristeza, medo, rancor e raiva. Ele não entendia, o que precisava fazer para as pessoas ficarem bem com suas situações? O que todos eles precisavam para ficarem felizes?

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