Capítulo 1 - O caminho do meio

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"Quinze da nona lua de seiscentos e noventa seis. Após a última criatura nascida, por consenso, fora decretado o fim de uma era de glórias e desgraças no planeta Thern. Nós, alquimistas, deixamos o ponto final em nosso calendário mundial. Porém, nossos sacerdotes e videntes, dizem que há um perigo maior a caminho do nosso destino. Várias energias massivas que estão a alguns passos de destruir o plano material... Nós não sabemos se podemos acreditar fielmente nos nossos colegas, pois a fonte é imprecisa."


"De qualquer forma, que essas escrituras sejam passadas para todo o planeta. Uma nova era, de perigos, pode estar mais próxima do que imaginamos..."

Assinado por: Scholl Bork

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Às seis e trinta da tarde, o príncipe Gautar se sentou numa extremidade do muro de seu castelo; em posição borboleta, fechou os olhos e respirou fundo. Ele meditava com alegria. Seu sorriso largo não se continha ao sentir o calor da estrela que brilhava sem parar todas as manhãs, e morria todas as tardes. O sol iluminou seu rosto, gradualmente. Por já ter dezoito anos, o príncipe era permitido a ficar em cima dos muros que protegiam o reino. Fora uma guerra para que fosse permitido que ele saísse do próprio quarto aos dezessete. E com a maioridade, deu um passo maior. Era realizador, mesmo sendo migalhas de liberdade.

A brisa das árvores, junto a esse brilho...
Sempre perfeito...

Pensou, respirando cada vez mais fundo. Abriu os olhos e eles brilharam no tom de amarelo ardente. Sereno e sorridente, a vida, por um breve instante, teve mais cor para ele. Mesmo só tendo árvores ao redor, o príncipe sempre aproveitou uma abertura na floresta que o permitia ver o sol morrendo ao oeste. Um suspiro de alívio por não ter mais papelada a ser feita, o deixava muito mais calmo. Lidar com pessoas também estressava, por mais que ele não falasse. Gautar estava, mentalmente, exausto; ele olhava para as próprias mãos se questionando: "É isso mesmo que ficarei fazendo por toda minha vida?".

Infelizmente, seu momento de paz fora interrompido por um servo do rei que chegou ao seu encontro, avisando que o rei queria vê-lo. O homem dizia que era para o príncipe se apressar, que o rei não queria esperar nem mais um pouco. Sabendo da paciência de seu pai, Gautar se virou para trás e desceu do muro, colocando seus pés com cuidado em cada rocha, como uma escada nada convencional.

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Dentro do castelo, na sala do trono, Gautar passou pela entrada, pisando no grande carpete vermelho que estava estendido da porta até o trono do rei. A coloração amarelada de cada pilastra e parede era de extrema beleza. Estátuas de mármore pintadas de amarelo eram vistas nas laterais da sala, próximas das janelas. Maltier estava sentado no trono, aguardando a chegada de seu filho. A rainha e sua mãe, Hernar, também estava ao seu lado, impaciente, com uma expressão nada agradável. 

一 Olá, pai, o meu horário de descanso não acabou ainda 一 disse Gautar, bocejando 一 me tirar de lá me deu até sono. Fiz as contas dos impostos; deu um bolo de papéis, mas... eu terminei tudo 一 afirmou de forma descontraída, tentando tirar algum sorriso do velho.
一 Gautar! 一 gritou o rei.
一 Ah! Diga, pai! 一 assustou-se. 一 Porque o senhor grita comigo, ora? Não posso ter um segundo de descanso?
一 Se esqueceu do seu compromisso de hoje? 一 exclamou a rainha. 一 Está atrasado para ele, filho.
一 Compromisso? 一 questionou, sem entender.
一 É, o seu compromisso! Você deveria anunciar novas moradias em nome do nosso reino! 一 gritou o rei, gerando eco na sala.
一 Aqueles moradores perdidos estão indo para Yullow porque alguém lá sabe chamar atenção 一 disse a rainha, debochando. 一 Entende, Gautar?
一 Não é querendo falar nada, mas 一 passou a mão na nuca. 一 Yullow é uma vila ainda, nós somos um reino. Aquelas pessoas são pobres e não possuem dinheiro para pagar moradia aqui. O que adianta chamá-las para cá?
一 Oh, meu filho, quando você entender como um reino funciona, eu poderei morrer em paz 一 respirou, acalmando-se. 一 Talvez eu morra mais estressado que agora. Que meus ancestrais tenham piedade de minha alma.
一 Uma parte da população daqui também é pobre; eles poderiam ter se juntado a ela 一 disse a rainha. 一 Sozinhos não estariam. Não se preocupe com eles, ficarão bem.
一 Não é sobre "ficar bem". Só é desnecessário, mãe 一 afirmou Gautar com convicção. 一 Vocês sabem que é 一 olhou para os dois. 一 Querem transformar esse reino no melhor, somente usando as pessoas como peões para esse final?
一 Desnecessário é você ficar mais de meia hora em frente aquele sol, sem fazer nada de útil para este reino! 一 levantou-se do trono, batendo com o punho sobre o apoiador do trono e gritando novamente, explodindo em fúria. 一 Não és como te criei, meu filho. Tuas ações devem ser para o bem deste reino. Precisamos ganhar a corrida de super população. Então, vá! Não me estresse mais, se não for pedir muito a você. 

Honrado: Além dos CéusOnde histórias criam vida. Descubra agora