Capítulo 20 - Os valores dos fracos

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696, Klank, Era Corrupta, 20:45 da noite.

Debaixo de nuvens negras, soldados se movimentavam em Klank. Todos marchando em fileiras de cinco, de um lado ao outro, rumo ao desempenho ideal para uma próxima luta. Os homens da guerra, não eram tão homens; ou melhor: não eram tão humanos. Pareciam zumbis, enquanto outros pareciam cópias uns dos outros. Não diziam nada, apenas obedeciam ordens e métodos notórios de guerra. Ao horizonte, não havia mais nenhum aldeão vivo, ou exposto. A população se escondia, pois pelas movimentações e o clima, tudo os levava a acreditar que haveria outra guerra em breve.

E eles, não estavam errados.

No depósito de armas, Permuda estava encostada na parede, de braços cruzados, ansiosamente pensando sobre Sofia. Sobre se havia sobrevivido e se tivesse, onde estava? Tochas iluminavam as espadas, martelos e maçãs de guerras. Adagas e tubos para poções estavam organizados para serem usados na mesa à esquerda da imperatriz. Musgos escorriam pelas paredes depredadas e goteiras de chuvas recentes pingavam sobre os cantos do local. A luz cobria metade da face da imperatriz, cabisbaixa. No fundo, ela temia ser derrotada. Falharia com seu povo; e, com tudo já foi apresentado a ela, Thern seria destruída pelo temível príncipe de Bandalask. Ela não podia deixar; mas o que mais poderia ser feito?

Com o ranger da porta, levou seus olhos a revirarem-se na direção dela. Quem entrou foi Hermeas. A deusa fechou a porta por detrás e respirou profundamente, estufando o peito. As ataduras de sua face já haviam sido retiradas e apenas as cicatrizes restavam.

- O quê aconteceu lá, Permuda? - sem tirar os olhos da imperatriz, a perguntou com autoridade.

- Desastre.

- Os monges conseguiram contato com o Collizeu?

- Sim, e bem antes da gente. Nós falhamos. Seremos esmagados. Com o Destruidor ao lado deles, será impossível de ganhar.

- Ela está pronta - disse e a imperatriz já sabia do que falava. - Tornei-a melhor, refiz seu corpo e alma. Eles já devem saber que ela está viva de novo. Temos mais armas que eles em combate. Não se preocupem com o destino, pois ele joga ao meu favor. Nós ganharemos.

- "Nós"? Você quer dizer: "Você", não é? Enquanto estávamos nos matando contra talvez o ser mais forte do universo, você fazia o quê? No fim, acho que só nós, mortais, seremos esmagados, já que nossos destinos são frágeis e completamente instáveis.

- Presta atenção: eu não precisaria cuidar do Cão do Inferno se você não tivesse a usado como arma para sua guerra civil - retrucou. - E ela está pronta, mas ainda não está perfeita; por isso, qualquer próximo ataque, ficará sob sua defesa até que eu alcance a perfeição. Se o Malkiur for solto, eu juro, imperatriz, que eu trarei todos vocês de volta a vida, se eu os encontrar mortos; corto-os ao meio e refaço seus corpos, repetindo o mesmo processo até que suas almas sejam dilaceradas da existência - os olhos celestiais, como pratos, ameaçaram Permuda, de forma que a fez encará-los bastante assustada. Ela viu, por meio deles: o universo. Ou algo se parecia o universo. Uma junção de cores diversas em constante oscilação de brilho. Como batidas explosivas no vácuo do universo. Era mágico. Se continha dentro da criação da sua forma mais bela. Ela achava tão lindo.

Mas... sentia medo. Era tão lindo que chegava a cegá-la de medo. Minúscula e incapaz de se contrapor, apenas ajustou sua postura, se afastando da parede, e assentiu com a cabeça. Um cachorro servindo seu dono. Culpado por justificar-se perante a uma divindade, silenciou-se.

- Eu... vou me atentar. Não deixarei o príncipe escapar. Eu prometo - tremeu-se ao falar. - E-Eu... não vou falhar de novo.

- Que minha vontade seja a sua, criatura minha - disse e sorriu. - Será um massacre. Um divino massacre.

Honrado: Além dos CéusOnde histórias criam vida. Descubra agora