our daughter

Capítulo XI

LEE CHAERYEONG.

Eu passei um bom tempo tentando raciocinar o que Ryujin havia me dito. A minha cabeça estava uma confusão e eu não conseguia parar de pensar que o destino amava me pregar peças.

Jaehyun era Ryujin. Demorei um bom tempo para assimilar isso, mas ao perceber as semelhanças em fotos antigas e atuais dela, entrei num transe total.

A ficha não tinha caído ainda. A minha chefe era a mãe da minha filha.

Durante esse tempo, também pude perceber que Yeoreum e Ryujin eram bem semelhantes, tanto na cara quanto na personalidade. Engraçado que essa criança não puxou absolutamente nada de mim, e quem a pariu fui eu!

Enfim, tive que contar a Chaeyeon sobre o que aconteceu. Ela ficou tão chocada quanto eu, mas logo se acalmou e disse que precisava conversar com Ryujin sobre o assunto. E com Yeoreum também.

Só de pensar que Yuna e Yeoreum são meias-irmãs, faz a minha cabeça girar. Pelo menos Yeoreum ficará feliz de ganhar a irmã que ela tanto queria. Eu acho.

Voltando, como eu havia dito antes, Chaeyeon me aconselhou a conversar com Ryujin sobre isso.

E é exatamente isso que estou fazendo ao ficar de frente com Ryujin em seu escritório.

Suas olheiras eram bem evidentes, parecia que ela não tinha uma boa noite de sono faz um tempo. Ela utilizava uma camisa social branca com as mangas arregaçadas até aos cotovelos, nas pernas ela utilizava uma calça social preta e nos pés, um salto alto também preto. Seus cabelos pretos haviam crescido um pouco e estavam bem bagunçados, o que me deu vontade de ir lá e arrumar o cabelo dela.

— Podemos sair desta sala primeiro? Quero ir para um lugar mais calmo. — Sugeri, e em alguns minutos, estávamos no carro da Shin.

Permanecemos em um silêncio constrangedor por algum tempo, até que eu respirei fundo e decidi quebrá-lo.

— Eu... Pensei muito no que você me disse durante essas semanas em que eu estive fora. E eu sinto que eu precisava tirar isso do meu peito.

"Quando você foi embora, foi muito, mas muito difícil para mim cuidar de Yeoreum sozinha. Como você sabe, os meus pais me expulsaram de casa quando eu engravidei e Chaeyeon ainda morava na Itália naquela altura. Então eu não tinha absolutamente ninguém. Era só eu e uma criancinha inocente que não tinha culpa de nada. Sempre tentei ao máximo ser uma boa mãe para ela ao longo do tempo, mas obviamente há vezes em que eu falhei como mãe porque, eu era uma adolescente imatura que não sabia nem cuidar de si mesma direito, imagina um bebê? Mas mesmo assim, eu pesquisei na Internet sobre coisas que eu poderia fazer para cuidar da Yeoreum, eu não consegui amamentá-la por um bom tempo, simplesmente por conta do estresse que eu tinha. Dediquei a maior parte da minha vida a ela, e sinceramente? Eu não me arrependo. Por que eu passei por cada perrengue desde que você se foi para cuidar daquela menina e eu faria tudo de novo, sem nem pensar duas vezes."

Senti um peso enorme sair dos meus ombros quando disse tudo aquilo, enquanto Ryujin apenas assimilava o que eu a dizia.

— Mas eu sei que a culpa não foi sua, Ryujin. Você foi embora porque o senhor Shin te enganou e, se ele não o tivesse feito, você não teria ido. E eu sei disso. — Conclui, apoiando a minha cabeça em meus joelhos enquanto olhava para o semblante reflexivo da mais velha.

Ryujin olhou para mim, um sorriso pequeno em seus lábios. — Eu achei que você ia me crucificar por eu ter ido embora. E mesmo que não tenha sido minha culpa, eu peço desculpas por-

— Não faça isso! É feio pedir desculpas ser ter culpa alguma.

— Desde quando?

— Desde agora, ué. — Dei de ombros, ouvindo uma risada baixinha vindo de Ryujin. — 'Tá rindo do quê, menina?

— Você continua a mesma pessoa de há oito anos atrás. Não mudou absolutamente nada. — Ryujin me olhou, nostálgica. Eu apenas sorri, levantando a cabeça e observando o estacionamento da empresa completamente vazio. — Olha Chaeryeong, eu... Eu quero recuperar o tempo perdido. Eu perdi oito anos da vida da nossa filha, e eu não quero perder mais anos da vida dela. E se você me permite, eu quero fazer parte da vida da Yeoreum. Como a outra mamãe dela.

— Ryujin, você é a mãe da Yeoreum. Você tem o direito de fazer parte da vida dela e mesmo se não tivesse, eu arranjaria uma forma de você ter. E aliás, Yeoreum vai adorar ter uma meia-irmã para brincar.

— Então isso é um sim..? — A encarei com sarcasmo. — É um sim! Já percebi!

Começamos a rir por algum motivo. E nesse momento, me deu um déjà-vu de anos atrás, quando éramos adolescentes imaturas que só queriam se divertir.

Em algum momento, parámos de rir e agora estávamos somente nos encarando. Eu sorri terna, enquanto Ryujin sorria com uma feição cansada.

— Quer que eu conduza? Parece que você está quase adormecendo aí. — Ryujin assentiu com a cabeça, e trocamos de lugar rapidamente.

Conduzi para a casa de Ryujin em silêncio, já que a mesma parecia ter adormecido. Enquanto conduzia, "Obstacles" de Syd Matters começou a tocar na rádio. Sorri ao me lembrar das recordações que essa música trazia.

Era uma tarde de verão, eu e Ryujin - que na altura era Jaehyun - estávamos sentadas na areia enquanto observávamos o pôr-do-sol. "Obstacles" de Syd Matters tocava no fundo. Era uma visão linda.

— No que está pensando? — Perguntei, curiosa ao ver o seu semblante pensativo.

— Em você. — Senti as minhas bochechas esquentarem com aquela frase.

— Shin Jaehyun! Pare com isso!

— Mas é a verdade! Eu estou pensando em como sou um sortudo por ter você como namorada. — Virei o rosto, me sentindo envergonhada. — Ei! Olhe para mim! Me deixe ver esse rostinho lindo!

Me virei para ele, a contragosto, e ele apenas sorriu, acariciando o meu rosto. — Eu amo tanto você, Lee Chaeryeong.

— E eu amo você muito mais, Shin Jaehyun. — Sorri abertamente quando ele subiu em cima de mim, me beijando carinhosamente.

Acho que podemos dizer que naquela noite, Yeoreum havia sido concebida.