Real pain gets stronger like muscles

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“Dizem que o tempo ameniza

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Dizem que o tempo ameniza. Isso é faltar com a verdade, dor real se fortalece como os músculos, com a idade [...] Se o tempo fosse remédio, nenhum mal existiria” - Emily Dickinson.

Era assombroso quanto o dia parecia normal do lado de fora dos portões do cemitério. O mesmo fluxo de carros passando pelas ruas, grupos de jovens rindo e fazendo piadas enquanto andavam pela rua, pessoas apressadas em suas vidas de adultos e velhos sentados em bancos de praças conversando entre si sobre trivialidades da vida anciã. O sol brilhavam como alguns dias não era possível ver, com direito a pássaros cantando e a sensação quente dos raios de sol mesmo que os termômetros marcassem por volta de 20°c típico da primavera na Coreia do Sul.

Enquanto isso, dentro dos portões de chumbo cinza que davam uma falsa sensação de segurança aos milhares de túmulos, tudo parecia sombrio e silencioso. Não havia risos ou vozes animadas, apenas choro e lamentações, também não havia pressa alguma ou qualquer conversa trivial. Até mesmo a beleza da primavera parecia sombria e triste diante de tal cenário.

O enterro de Yeom não era o único naquele começo de tarde, havia mais três ou quatro, mas, sem sombra de dúvida, era o mais cheio. Uma quantidade bastante significativa de pessoas tinha aparecido para prestar suas condolências ao beta, alguns fazendo uma prece rápida e silenciosa, outros com flores e tinha aqueles mais corajosos que se permitia chorar diante a partida repetida de alguém tão estimado por eles. Apesar dele sempre ter sido taciturno e discreto, era notável a quantidade de admiradores que Yeom havia conquistado ao longo dos anos trabalhando para os Min. Ele havia construído uma boa relação com todos mesmo sendo chefe da segurança, alguns evitavam chamar atenção do beta, mas a maioria tinha aquela vontade magnética de permanecer ao seu redor na esperança de aprender, principalmente, porque todos sabiam que ele havia sido treinado diretamente por Min Yoseob e era uma honra dado apenas a ele e ao próprio Min Yoongi.

Era um momento triste para todos eles e todos queriam dar o último adeus ao beta, largando seus ofícios para poder comparecer ao enterro. Até mesmo Seokjin havia voltado mais cedo de suas férias para comparecer ao enterro, ainda mais por saber que era o momento de voltar ao seu ofício e aliviar um pouco o peso das obrigações para o chefe.

Apesar de ninguém ali ser religioso, havia um padre ponto para dizer algumas palavras gentis e falsas na tentativa de confortar a família e amigos lidando contra o luto. Sinceramente, não era como se tivesse muita gente prestado atenção no beta vestido de bata e uma bíblia na mão, mas nem mesmo Yoongi estava com cabeça para mandar que o velho saísse e finalizasse o enterro de uma vez, deixando que as pessoas passassem pelo caixão aberto e desse seu último adeus.

Jimin e Jungkook estavam mais ao fundo apenas observando, usando roupas pretas e óculos escuros tentando esconder um pouco da expressão no rosto deles, havia um cigarro preso entre os dedos do Jeon que ele tragava lentamente sem ligar se o momento era ou não adequado para fumar. Park estava de cabeça baixa a maior parte do tempo, respirando devagar sentindo-se sem fôlego desde que soube da morte do beta. Não havia conseguido chorar, mesmo que sentisse uma tristeza imensa e sentisse vontade, ainda assim não conseguia. Aconteceu o mesmo quando seu pai ômega se foi, ele demorou dias para conseguir chorar o que acabou chamando a atenção de algumas autoridades na época. Como o ômega havia morrido em casa, ele fez o procedimento natural em chamar as autoridades, fazer um boletim de falecimento em uma delegacia – e alguns policiais não achavam certo ele ter calma em resolver o problema em vez de estar se esvaindo em lágrimas, mas deixaram ele em paz assim que Min Yoongi chegou para lhe dar suporte – cuidou do funeral e de toda a documentação de declaração de óbito. Chorou quase duas semanas depois quando a ficha enfim caiu, depois de ter dito um dia ótimo no trabalho – o que não acontecia sempre – e chegou empolgado para contar a ele e não o encontrou. Chorou feito criança, em um desespero que durou horas e talvez ainda estivesse em choque demais para chorar naquele instante, mesmo que fosse um desejo assim fazer.

Burn It - TAEGIOnde histórias criam vida. Descubra agora