Time flies between my hands

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A água quente escorria por todo o seu corpo, permitindo um pouco de relaxamento depois do cansaço que obteve até agora e uma noite mal dormida. Como sempre sua cabeça não o deixou em paz, trazendo vários questionamentos mas o que mais persistiu foi que parecia que o mundo estava indo para frente e ele estava ficando para trás. Em um suspiro, Aziraphale se permitiu sair do chuveiro e se arrumar para se sentar no sofá e ouvir os seus pensamentos o perturbarem. 

Se observou no espelho, ajeitando seu cabelo, sentindo que os seus dias eram sempre os mesmos, até mesmo os seus trabalhos pareciam iguais. Andou calmamente até sua sala, observando como a janela parecia muito convidativa e se curvou no parapeito da janela, observando as pessoas passando, algumas com pressa, outras no celular e algumas pessoas que reconhecia por vê-las todos os dias. Uma dessas pessoas foi um homem de cabelos vermelhos que parou e perguntou "Você está bem?" para Aziraphale, que somente assentiu com sem falar uma palavra. O homem fazia isso sempre que o via e a resposta do loiro era sempre a mesma, somente um balançar de cabeça. Depois de mais alguns instantes, sua cabeça começou a o trair, levando-o a ter pensamentos bombardeando sua cabeça a cada milésimo de segundo, então se retirou da janela, voltando ao seu estado de solidão.

Se sentou no sofá macio e como sempre, pegou o tal caderno e a caneta também.

"Querido Diário,

As vezes parece que o tempo não passa, eu faço muitas coisas e quando eu vou ver só passou alguns poucos minutos, as vezes eu não faço nada e parece que levou apenas minutos mas quando vou ver passou horas. 

O tempo é uma ilusão "A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente". – Albert Einstein. A frase já é autoexplicativa, é tudo uma ilusão, se não tivesse uma forma de contarmos o tempo, como minutos, horas, dias, meses e anos, ninguém teria a sensação que ele passou rápido ou devagar demais. Ele continuaria existindo mas nós (como humanidade) não saberíamos sobre esse conceito. Uma frase sobre o tempo que eu gosto muito, é de Platão "O tempo é a imagem móvel da eternidade imóvel." que basicamente é uma forma de falar que o tempo é ilusório, que ele sempre caminha no seu próprio ritmo, ele não depende de nós, ele sempre continuara existindo. Tem tantas coisas que dá para se interpretar nesta frase, mas a que eu mais gosto é que ele vai continuar existindo, independente de mim ou dos outros, isso é reconfortante mas ao mesmo tempo assustador. 

Uma frase que me fez pensar bastante sobre isso foi uma do Stephen King "O tempo leva tudo, quer você queira quer não." O tempo leva tudo, até mesmo a vida. É questão de tempo até eu estar a sete palmos do chão, tudo é questão de tempo, porque querendo ou não o tempo nunca para e nunca vai parar. O tempo faz as coisas viverem e morrerem, acontecerem ou não, o tempo é tudo. 

O tempo é tudo, assustador? Talvez. O tempo continuará existindo com ou sem mim, mas eu não existiria ou pelo menos não da forma como eu me conheço (se eu me conheço) sem o tempo.

Passado, presente e futuro. Eu conheço meu passado, não entendo o meu presente e não sei o que esperar do futuro. Passado, presente e futuro também é uma forma que a sociedade utilizou para dividir o tempo. E é tão confuso, parece que o futuro nunca vem, de certa forma o passado é um futuro usado, o presente é algo que já foi futuro algum dia mas o futuro é tão incerto. 

Eu queria saber o que me aguarda, queria saber se as dores que sinto permanecerão ou vão simplesmente se tornar textos escritos que eu não me lembrarei mais da sensação, gostaria de saber se eu vou ter achado meu propósito de vida e acima de tudo ter me achado. 

É tudo tão incerto e instável, eu sinto que o tempo está passando mas eu não estou me movendo, parece que todos estão indo para frente e eu ficando. Parece que a vida é um filme no qual eu sou meu próprio coadjuvante. 

Eu tenho medo de muita coisa, inclusive da passagem do tempo. Eu sonhava com tanta coisa quando eu era um menino, eu acho se ele me visse como estou agora estaria decepcionado pois agora nem mesmo expectativas eu tenho para colocar no meu eu futuro. É triste ver como o tempo passa e eu continuo o mesmo e isso dá medo, porque assim como o tempo se move, eu deveria me mover também, porém eu não consigo. Tenho a sensação que a vida é uma corrida e eu não me movimento. 

Eu tenho a sensação de impotência quando eu observo o tempo passando. A impotência é algo muito relativa (como tudo nesta vida). Para Nietzsche, a impotência é uma parte intrínseca da condição humana. Para Sartre a impotência é muita das vezes uma desculpa utilizada para evitar assumir responsabilidade pelas suas escolhas e ações. Para Foucault a impotência é algo mais social, pois muitas das vezes as instituições sociais exercem poder sobre os indivíduos levando a sensação de impotência. Depois de toda essa escrita, eu nem mesmo tenho um ponto, eu tenho tantas reflexões mas é tão complicado coloca-las por aqui. A impotência que eu sinto é mais parecida com a impotência de Sartre e agora, parafraseando Pablo Neruda por um segundo "Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências", bem isso é verdade e parece que nem mesmo escolhas eu consigo fazer, a única escolha que eu faço é me isolar de tudo e todos e acho que está escolha é a que me impossibilita de fazer as outras (que nem me aparecem)." 

Parecia que o universo estava conspirando contra o mesmo, pois ouviu uma batida na porta. O tempo estava frio mas sentiu gotas de suor escorrerem por seu rosto, sentiu como se sua alma estivesse saindo do corpo e uma formigação subiu por toda sua estrutura física. 

Assim que se sentiu confortável o suficiente, levou pelo menos uns dez minutos para esta tal ação, se dispôs a frente da porta a abrindo em um ranger e não avistando ninguém somente uma flor, a mesma flor que estava recebendo todos os dias, a pegou e fechou a porta. Em passos curtos foi até o lixo e a colocou cuidadosamente por ali sem a danificar, voltando para o seu ninho de conforto. 

"A bendita flor voltou, eu escolhi joga-la no lixo, por mais simples que seja isto é uma forma que eu sinto que eu esteja controlando, pelo menos um pouco, algo em minha vida. Eu não consigo controlar o tempo e parece que eu estou o perdendo, eu poderia estar lá fora na rua procurando quem é a pessoa que deixa essas flores por aqui, mas não eu estou no meu sofá escrevendo para mim mesmo. Talvez a solidão seja uma escolha também, mas é a escolha mais confortável e triste que eu fiz em minha vida. Eu gosto da minha companhia, mas eu queria a companhia de outro individuo também, conversar, ouvir minha voz. Eu nem mesmo sei mais como é minha própria voz e eu gostaria de saber, bem talvez depois eu me olhe no espelho e fale algumas frases soltas somente para relembrar de como é. 

Eu realmente estou perdendo tempo? Eu realmente tenho escolhas? Quem sou eu? O que eu posso fazer para mudar a minha solidão? Bem no final estes são somente questionamentos que eu ainda não tenho respostas para os tais, espero um dia ter. Parabéns para o Aziraphale do futuro que encontrou estas respostas (ou não), espero que minha vida logo tenha um sentido. 

Obrigado por mais um dia, e como sempre, me lancei questionamentos sem conseguir achar as respostas"

O loiro fechou o diário em um suspiro, ainda ouvindo os seus pensamentos dançarem em sua mente, desejando que está perturbação mental logo passasse. 

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Hey anjos, mais um capítulo para vocês! Eu havia esquecido de comentar se houver algo que parece estar fora de ordem no diário do Azi, é proposital viu? Espero que tenham gostado <3 

Ps: O feedback de vocês é importante, comentem, votem e façam críticas também! Isso é importante para o meu crescimento como autor para fazer fanfics cada vez melhores para vocês (:

Com amor, Júpiter ✨

© Júpiter, 2023.




𝐅𝐥𝐨𝐫𝐞𝐬 𝐝𝐨 𝐒𝐢𝐥ê𝐧𝐜𝐢𝐨 || 𝐀𝐳𝐢𝐫𝐚𝐜𝐫𝐨𝐰Onde histórias criam vida. Descubra agora