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Aziraphale despertou de seu sono, espreguiçando-se e esperando que alguma serenidade chegasse ao seu coração. Levantou-se cambaleando um pouco, então se dirigiu ao banheiro e se olhou no espelho.
Havia pelos ralos em sua face, sua barba estava começando a crescer, seu olhar estava com um pouco de mais vida e sua boca estava machucada de tanto mordiscá-la mas isso não o incomodou, ele sorriu. Aziraphale sabia que não eram sinais completamente bons porém ele sabia que estava passando por uma fase difícil e só de não se atormentar por estar assim já era um avanço. O loiro abriu a estante que servia de espelho e retirou o resto de uma espuma de barbear que havia sobrado de alguns longos meses atrás e uma gilette que não era tão nova, mas servia perfeitamente para o ocasião.
O loiro passava a lâmina por sua face olhando para o espelho, logo depois deixou o aparelho de barbear de lado, abriu a torneira e limpou toda a espuma que havia em seu rosto. Contente com o que acabara de acontecer, terminou suas higienes básicas diárias e foi até a sala, sentando-se no sofá com seu notebook e começando a ver quais trabalhos teria de fazer.
O tempo parecia correr mais rápido, quando vira, Aziraphale já estava a mais de quatro horas se dedicando incessantemente em um só trabalho, seus olhos já estavam cansados, sua cabeça latejava e seus dedos doiam, então com um bufar, o loiro levantou-se de seu assento deixando o notebook cuidadosamente sobre a mesa. Os raios de sol adentravam seu lar, esquentando seu corpo e sua alma, isso o fez se alegrar, então o de olhos azuis deu um pequeno sorriso, talvez realmente valesse a pena viver no final das contas.
Seu pequeno sorriso foi interrompido com as familiares duas batidas na porta, o eu de Aziraphale não poderia estar mais feliz, o dia em si não havia nada demais, era um dia comum porém o que mudou não foi a vida e sim a visão que o loiro obteve no curto período de tempo em que estava recebendo as belas flores.
Cautelosamente, o homem foi até a porta e abriu a maçaneta tão rápido quanto a batida de seu coração, mas quando abrira a porta e olhou diretamente para o chão não havia só uma flor, havia um homem a colocando ali, a boca do loiro se abriu em espanto, era o homem de cabelos ruivos que sempre pergunta se ele esta bem.
Aziraphale estava vendo o mundo em câmera lenta, as mãos do outro colocando cuidadosamente a bela mágnolia no tapete. Poderia ver o quão bonitas as unhas dele eram, havia esmalte preto em todas elas. Assitiu em silêncio o homem se levantar ficando a cada segundo mais alto porém não poderia ver seus olhos, que eram escondidos em mistério por um par de óculos escuro.
O loiro saira de seu transe quando ouviu a doce voz, não era grossa nem fina, era suave e carregava o sotaque local.
"Desculpe te atrapalhar" Pronunciou gentilmente, ajeitando seus cabelos que pareciam brasas recém-queimadas.
O de olhos azuis não poderia acreditar que era ele quem o mandava todas as suas queridas flores, era simplesmente divino. Havia um ar perigoso no homem a frente, porém Aziraphale só poderia se sentir seguro com aquele que o mandava gestos tão carinhosos sem ao menos conhece-lo profundamente, ele parecia totalmente seu oposto e aquilo fez seus olhos brilharem.
"N-não atrapalha", exprimiu o loiro em um tom tímido pegando a magnólia caída a frente de seus pés, "Obrigado por elas, são lindas".
Aziraphale só poderia agradecer por tudo que ele já o fez, queria o conhecer melhor, queria mante-lo por perto, porque ele era o único que o dava esperanças de uma vida mais brilhante. Ele não poderia deixa-lo passar por sua vida sem ao menos falar tudo o que sentia, porém naquele momento não havia nada em sua mente, ele só conseguia ouvir a batida ritmica do seu proprio coração e em um impulso, começou a falar novamente, antes mesmo que o ruivo desse meia-volta.
"Eu poderia saber seu nome?" Questionou ao homem mais alto.
"Me chame de Crowley" Disse com um meio sorriso, dando meia volta e seguindo seu rumo, deixando o loiro sozinho com seus pensamentos novamente.
Aziraphale só paralisou, ele não acreditava que aquilo realmente estava acontecendo consigo, parecia que ele havia um pouco de sorte em sua vida. Quando seu coração finalmente se acalmou dentro de seu peito, ele adentrou em seu lar e fechara a porta atrás de si.
Colocou a flor no seu vaso de plantas improvisado, seus lábios se curvaram lentamente para cima, formando-se um pequeno sorriso em seu rosto. Havia algumas magnólias ali, uma mais bela que a outra, mas nenhuma se comparava a beleza do homem que as deixava.
O loiro nem percebeu quando pegou o diário, porém ele já estavacom a caneta em mãos, expressando um pouco de seus pensamentos confusos em um página.
"Querido diário,
Minhas preces foram ouvidas, eu descobri quem era que me mandava as flores. Ele era lindo! Um perfeito exemplo de beleza, mesmo que a beleza não tenha uma ideia correta, acho que beleza significa ele. Bem, eu sempre tentei encontrar um sentido nesse mundo sem nenhum sentido, porém quando eu o vi, parecia que todas as peças se encaixaram perfeitamente. Eu não deveria simplesmente abraçar esse sentimento e seguir em frente, na realidade eu deveria questiona-lo, mas porque irei questionar algo que faz o coração de meu corpo bater forte novamente? Meu âmago está em paz agora. Eu sinto que tudo está certo outra vez, eu pareço uma criança descobrindo o mundo novamente.
Eu era um Sísifo, buscando minha essência, meu sentido e a única coisa que eu encontrava era somente um mundo desconexo, ininteligível e não encontrava nenhuma solução, porém não me revoltava e deixava a tristeza me consumir. Agora, eu não sou mais ele, pois mesmo não me revoltando, eu finalmente encontrei meu mundo.
Meu mundo se encontra nas magnólias, no tempo que ainda terei, na corrida incessante contra mim mesmo que finalmente se encerrou, naqueles cabelos cor de fogo que não sairão da minha mente tão cedo... Meu mundo só se encontrou, porque Crowley me descobriu em um mundo tão vasto. Eu só tenho a agradece-lo, eu não sei o que farei para retribuir o que ele já fez por mim, talvez eu fique em dívida com ele para sempre.
Está tudo uma confusão na minha mente, mas pela primeira vez eu não tenho medo. Só uma alegria incessante dentro de meu ser, parece que meu corpo entrará em combustão a qualquer momento, porém se for para pegar fogo, que o fogo me consuma por inteiro até sobrar apenas o amor que contruí pela vida nesse tempo, pelo menos descansarei em paz. Mas ele não deixaria, os cabelos cor de brasa me salvaria do meu próprio incêndio e curaria minhas queimaduras, assim como fez com minha alma, me deixando em um extâse profundo.
Há tantas coisas a mais que queria poder escrever, porém agora só preciso de um tempo para racicionar o que aconteceu agora a pouco, obrigado por me ouvir diário, até amanhã!"
Com isso, Aziraphale passara o dia pensando no que aconteceu, refletindo sobre o quão sortudo estava se sentindo. Quando deitara sua cabeça no travesseiro para dormir, ele não ouviu nenhuma voz o pertubando, somente uma sensação de conforto e estabilidade.
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Heyy, depois de tanto tempo eu voltei! Eu finalmente consegui escrever algo depois de meses sem colocar uma palavra em algum capítulo 🙌. Desculpem se estiver ruim e um pouco curto, eu realmente acho que poderia estar melhor mass é o que temos KKKKKK. Sobre Sísifo que Aziraphale citou, bem Sísifo é um personagem da mitologia grega, porém Albert Camus fez um ensaio filosofico chamado "O mito de Sísifo" é esse ensaio que ele faz refêrencia. Não sei quando vai sair o próximo capítulo, mas provavelmente daqui a duas semanas, porém não tenho certeza. Obrigado por lerem, até a próxima!
Ps: O feedback de vocês é importante, comentem, votem e façam críticas também! Isso é importante para o meu crescimento como autor para fazer fanfics cada vez melhores para vocês (:
Com amor, Júpiter ✨
© Júpiter, 2024.
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𝐅𝐥𝐨𝐫𝐞𝐬 𝐝𝐨 𝐒𝐢𝐥ê𝐧𝐜𝐢𝐨 || 𝐀𝐳𝐢𝐫𝐚𝐜𝐫𝐨𝐰
RandomAziraphale é um amante da filosofia e da literatura que detesta barulhos e prefere evitar qualquer tipo de contato humano, optando por se isolar do mundo ao seu redor. Até que um dia uma flor aparece em sua porta. © Júpiter, 2023.