DEZ

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TAEHYUNG:

Derramei inúmeras lágrimas todas as noites, a dor latente que estava em meu peito insistia em retornar nas madrugadas em que eu me lembrava dela.

O frio havia chegado, e sem ela, eu me sentia congelado, tudo estava absorto em uma completa escuridão sem fim.

Ela virou as costas, mas, eu estava paralisado, torcia para que ela se virasse, que ela olhasse em meus olhos, que voltasse. Não consegui a impedir de ir embora, de sumir de minha vista, onde eu não conseguiria a proteger.

Aquilo me quebrou, não saber o motivo me deixou desolado, meu coração estava completo em estilhaços, e com a aliança que havia me entregado, ela levou os meus pedaços consigo mesma.

E por mais que eu tentasse esquecer, era impossível, aquela garota me deixou de ponta cabeça, e não só agora, o amor que sinto por ela já era incondicional desde quando éramos mais novos.

- mano, você precisa sair dessa bad, vai ter um rolé no Jackson hoje, 'vamo? - Yoongi falou.

- onde você aprende essas gírias? - perguntei ao ver o jeito que ele falava.

- se manca porra, 'tô te falando, bora lá, vai ser ótimo.

- rapaz, não sei se 'tô bem pra isso, ela vai estar lá - suspirei.

- e se você não acostumar a olhar pra ela como vai ser? A Minji vai sempre estar no nosso grupo, assim como ela vai ter que se acostumar, você também vai, já se passou um mês cara, tem que sair, pelo menos hoje - me convenceu.

Estava receoso de como iria olhar pra ela, eu não superei, e não quero superar, ela é simplesmente o amor da minha vida. Poderia estar sendo chato, insistente, mas, se eu não corresse atrás, quem iria correr por mim?

Como sempre, estavam todos enchendo a cara de cachaça.

Eu estava me divertindo, até meus olhos se encontrarem com os dela, eu não desviei, eu queria fazê-la perceber o quanto eu a amava, que ninguém tomaria seu lugar em meu peito.

Mal conseguia parar de olha-lá, aquele sorriso meigo que apaixona qualquer um, seus lábios carnudos sibilavam conta a música alta da boate, brilhando contra a luz colorida do local.

Ela era realmente real? Seu olhar....... Eu não sabia se era efeito da bebida, mas, ela tinha completocontrole sobre meu corpo e minha men, completamente, eu amava seus olhos, era o que mais chamavam atenção, Minji era simplesmente perfeição, eu queria poder chamar ela de todos os apelidos carinhosos que já saíram desnecessariamente de minha boca, mas tais apelidos seriam idiotas em comparação a Minji. Minha deusa, por que colocou esse muro gigante entre nós?

A sensação aprazível de estar no mesmo ambiente que ela me esquentou, da ponta do dedo para meus cabelos, sua influência em mim me deixava extasiado.

- ainda tem aquele presente que lhe dei no seu aniversário de quinze anos? - me encostei no balcão.

- o buquê de girassois de Van Gogh? Tenho, mas se quiser eu jogo fora - ela respondeu, sem me olhar, escondendo o rosto com os cabelos.

- não, acho bom que esteja em sua mão, sei que vai cuidar bem - sorri, olhando-a, admirando cada traço seu.

- perdeu alguma coisa? - perguntou fixamente.

- acho que sim, mas não sei ainda... Você deve saber - a olhei, seu rosto estava inexpressivo.

- eu? Infelizmente não sei - tomou uma dose de tequila.

- vai descobrir alguma hora - dei de ombros, pegando a dose de sua mão - com certeza vai - suspirei, bebendo o conteúdo do copo.

- quanta ironia, estamos afogando as mágoas conversando com o ex - sorriu forçado - saúde - seus olhos penetrantes me deixaram congelado, extasiado em sua beleza.

Mal conversamos, apenas combinamos de não falar nada e beber até que não conseguíssemos mais falar.
Precisávamos daquilo, não pensar no amanhã, não se preocupar com o coração.

A bebida alcoólica com certeza é a pior forma de "curar" as mágoas, ela deixa seus sentidos confusos, o cérebro desordenado, o que resulta em péssimas ações.

Após muita bebida, estávamos entalados de cachaça até a goela, rindo do vento, chorando, com raiva, todos os sentimentos possíveis a flor da pele.

- estamos bêbados, preciso tomar um ar - Minji, suas bochechas estavam vermelhas, os olhos pesados e um sorriu estampado no rosto.

- vou com você - bebi a última dose que conseguia. A acompanhei para fora da boate, a brisa leve me deixou menos pesado, aliviando meu rosto tenso.

- vou vomitar as minhas tripas - se encostou em meu carro, olhando para baixo, suspirando.

- calma, vai em frente, eu 'tô aqui pra você - acariciei suas costas, acredito que ela tenha bebido mais que eu.

- por que faz isso? - dúvida, era minha expressão - eu acabei tudo pra não resultar algo pior, então por quê ainda está aqui?

- não sei como responder, mas, eu não desisti da gente Min... eu não aceito acabar tudo sem me esforçar.

- não entende que isso é como uma tortura pra mim? Pra você? Estamos nos maltratando Tae... Vale a pena mesmo se esforçar pra sofrer? - seus olhos mostravam súplica, tão molhados como uma tempestade.

- eu não sei se falei, mas sofrer com você ou por você, não me maltrata, porque eu te amo.

- não faz isso - as lágrimas escorreram por suas belas bochechas ruborizadas - dói, é uma dor incondicional Tae...

- a gente pode acabar com essa dor, não tem porque tudo isso.

- não podemos Tae, eu tenho certeza de que não. Eu "liberei" você, para descobrir novos horizontes, novas pessoas, não estar preso à mim, à mais de cinco anos.

- preso? Você com certeza foi quem me libertou, fez eu ver a vida de várias outras formas.

- fazer você sofrer é te libertar? Não, não! Isso 'tá errado - seus olhos fecharam com força, franzindo a testa, tentando entender o que estava falando.

- isso é a prova de que estamos vivos, os sentimentos, Minji, eu sofreria anos e mais anos ao seu lado se assim desejar, choraria lágrimas de sangue se preciso - segurei sua bochecha, uma reação involuntária, o rosto choroso dela me deixava angustiado.
Absortos em nossas emoções, a beijei.
Seus lábios frios tocaram os meus, deslizando por entre minha boca.

Sua língua tinha um toque suave, macio, aprofundando tudo, de modo necessitado.

Seu corpo se chocou ao meu, ansiosos para o que iria acontecer.
Deslizei minhas mãos por sua cintura, desenhando caminhos com as pontas de meus dedos.

Em momento algum nos separamos, o fôlego era recuperado durante as carícias.

Abri a porta traseira de meu carro, ela entendeu rapidamente e entrou, e eu fiz o mesmo.
Estávamos cedendo a luxuria de nossos corpos, adrenalina correndo por nossas veias, a necessidade do toque, dos beijos, do prazer.

A adrenalina da ilusão faz sonhar.
A loucura da razão faz sorrir.
A efemeridade da paixão faz chorar.

Friends - Kim Taehyung Onde histórias criam vida. Descubra agora