Desejos

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Senhor! O que acabou de acontecer?

Ainda sentada no frio piso do hall, Katherine não conseguia olhar para a mãe nos olhos. Trêmula a princesa levou sua mão até os lábios. Foi um... quase um beijo.

— Katherine, minha rosa, o que estava acontecendo?— Pasmada com o que quase presenciou, a marquesa perguntou a filha. Levantando do chão, Katherine pensou no que responder.— Você e Wilhelm... iriam...

Olhando fixamente para a mãe, a princesa balançou a cabeça, ela não queria ouvir. Por sorte, ou talvez azar, o marquês também entrou no hall, embora também confuso.

— Eu cruzei com Wilhelm no corredor, e ele...— O marquês fitou a filha sério.— O que você fez com ele, Katherine? O pobrezinho parecia até um cãozinho assustado e molhado.

Um cãozinho assustado e molhado... Onde estava Vilhelm!? Oh, depois ela iria resolver isso. Olhando para os pais, a princesa colocou um sincero sorriso no rosto.

— Estou tão feliz por vocês terem voltado.— O plano de Katherine era mudar de assunto, e a julgar pelo sorriso de Alfred, deu certo.— Espero que a viagem tenha sido agradável.

— Foi tão agradável quanto observar a frota do Almirante Keppel seria.— O marquês fitou a esposa sorrindo, sorrindo cansado.— Não foi tão desagradável assim, embora sua mãe discorde.

— Não pudemos descansar o suficiente.— Sem qualquer sorriso e preocupada, a marquesa comentou.— E ainda não recebi notícias de Frederick. Ele afirmou que eu seria a primeira pessoa que ele escreveria, mas até agora não recebi nada.

— Tio Carlisle deve estar apenas muito ocupado nas colônias.— O conde de Carlisle era o líder da Comissão de Paz, ele tinha um grande trabalho.— E a patrulha?

Eles viajaram por causa dessa patrulha, Katherine queria saber mais dela. Mas o máximo que a princesa conseguiu foi fazer seu pai massagear a cabeça cansado.

— Partiram para o Canal. E espero que os franceses não sejam tolos o suficiente para nos atacar.

— Devemos ser positivos, Alfred, principalmente você.— Aproximando-se do marido, Elizabeth tocou no rosto dele.— O médico disse que o estresse pode piorar a sua doença. Não queremos outros surtos.

Tentando sorri docemente, Alfred pegou a mão da esposa e a beijou delicadamente. As vezes Katherine sentia pena dos pais, eles eram tão preocupados, e por coisas tão imprevisíveis.

— É impossível eu não ficar preocupado. Se eu não morrer nessa guerra, certamente será o rei.— A marquesa afastou a mão do marido e encolheu-se, essa fala foi tão mórbida.— Não fique assim, Elizabeth. Tudo dará certo, e no final teremos novamente paz.

Havia tanto amor entre eles, o marquês e a marquesa. Eram tão confidentes, sempre compartilhando tudo. Apesar de sentir pena, Katherine também sentia... ciúmes?

— Eu sei. Agora descanse, Alfred.— Era uma suplica.— A viagem foi longa e não aproveitamos em nada.

— Farei o meu melhor. Mas logo terei de ir a St. James.— Apesar dessa resposta, a marquesa sorriu e deu um leve beijo no marquês.— Isso é um consentimento?

— É sim.— Rindo levemente divertida, ela assentiu.— Apenas não faça mais que o necessário.

Agora foi o marquês que beijou levemente a marquesa, antes de se afastarem, eles sussurram algo que foi inaudível a Katherine, mas que ainda assim passou a sensação que era destinado a ela.

Logo o marquês saiu da sala, deixando mãe e filha sozinhas novamente. Ainda havia em Katherine esperanças de que sua mãe havia esquecido o assunto de antes, mas quando a marquesa se virou e encarou a filha, essa esperança acabou.

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