Apenas Sejamos Felizes

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12 de dezembro de 1791, Bristol

No Mausoléu Tudor-Habsburg, rodeado de estandartes e brasões, esses representando Niedersieg, Ehreschöne, Bristol, os Tudor-Habsburg e os Howard, o caixão da marquesa Elizabeth foi colocado em seu local de descanso final, um sarcófago de calcário, e o bispo de Bristol começou a abençoar a "jornada da marquesa viúva ao plano celestial". O príncipe e a marquesa, lado a lado, observavam o túmulo com o mais calmo e sério silêncio.

De forma alguma Wilhelm lembrava do dia em que a princesa Louise morreu, assim como também não lembrava como foi a reação do príncipe Carl. Tudo que ele sabia havia sido dito por outras pessoas, por terceiros, as lembranças do príncipe foram moldadas conforme as lembranças de outros, porém as consequências daquele dia jamais seriam esquecidas.

Quase 20 anos de sofrimento e abusos não poderiam ser facilmente esquecidos, todas as ofensas e acusações do "beberão" nunca seriam apagadas. Por um tempo, enquanto ainda tinha inocência, Wilhelm até tentou tratar o pai com respeito e submissão, até que ele se cansou e começou a responder. Wilhelm tornou-se o filho rebelde. Mas era impressionante que, mesmo com os anos passando, a sombra da princesa Louise apenas ficava maior e mais aterrorizante.

Aquela morte tornou-se mais um motivo de tortura, que um símbolo de amor e salvação. Houve um momento, na única vez que ele visitou o túmulo da mãe em Roskilde, que Wilhelm perdeu as forças e realmente perguntou: por que ela não deixou ele morrer naquele lago?

A efígie de mármore da marquesa Elizabeth foi colocado em cima do sarcófago, fazendo Wilhelm despertar de seus próprios pensamentos. Estava consumado, Alfred e Elizabeth descansariam juntos pela eternidade.

—... e junto com Cristo, o marquês e a marquesa reinarão sobre os Céus.— O bispo proferiu suas últimas palavras e o silêncio tomou conta da câmara.

Nesse momento, Katherine estava se despedindo da mãe pela última vez, em silêncio e puro sofrimento interno, enquanto isso, os outros presentes deixavam o mausoléu. Permanecendo ao lado da esposa, Wilhelm analisou os outros sarcófagos: William e Catherine, Anne e Frederik, e agora Alfred e Elizabeth... ah, tinha também o de Katherine e Wilhelm, já estava concluído há anos, apenas esperando os donos... Tudo nesse lugar parecia exaltar a morte! Tudo aqui lembrava dela, mesmo não sendo nada igual a Roskilde!

Essas coisas estavam começando a perturbá-lo! Não demorando muito, porém, Katherine avisou que eles já iriam embora, o príncipe quase suspirou aliviados, mas ele apenas assentiu, tentando não deixar nada aparente.

— Nunca imaginei que voltaria tão cedo assim a Bristol, a esse mausoléu, para ser mais específica.— Logo, porém, Wilhelm descobriu que não seria um momento de alívio. Na carruagem, Katherine começou a falar e fitou ele, esperando uma resposta.— Pergunto-me como está indo a preparação das terras para o meu palácio? Geralmente...

— Por favor, Katherine, fique em silêncio.— Preferindo nem mesmo encará-la, Wilhelm pediu, ele tentou, mas não conseguiu evitar a aflição na voz. O olhar dela ficou preocupado.— Eu não estou no melhor momento para...

— Eu também não estou, Wilhelm, tenha certeza disso, mas é necessário, muito necessário.— Sofrer de graça era necessário? O príncipe negou. Katherine viu isso e, naturalmente, ficou irritada.— Mamãe, e também papai, não gostaria que eu caísse na depressão do luto. Então não irei, nós não iremos.

Quando Katherine iria entender que ele não queria falar!? Ela não conseguia perceber como a morte era perturbadora!? Perdendo sua paciência, o príncipe encarou aflitamente a esposa, que suavizou a expressão, mas não o suficiente para evitar.

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⏰ Última atualização: Jun 20 ⏰

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