Revolta? Não, Revolução

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14 de julho de 1789, Paris

Paris era uma cidade condenada pelo pânico. Desde o início de julho, ou talvez desde a convocação dos Estados Gerais em maio, a cidade vivia um grande caos, principalmente com a criação da liberal Assembleia Nacional Constituinte em Versailles e a demissão de Necker, o ministro das finanças apoiador da burguesia.

O Terceiro Estado, a burguesia, havia se revoltado em Paris, o povo estava cansado da tirania que os governava e por isso pegaram as armas, literalmente eles pegaram as armas. O exército bem poderia tomar alguma ação, mas os principais guardas do rei estavam estacionados no Champ de Mars, afim de evitar um motim ainda maior, enquanto isso a cidade caia na desordem. Não havia em Paris armazém com comida, suprimentos e armas que já não tivesse sido saqueado, ou melhor, ainda restavam dois...

... Na Bastille, uma grande fortaleza medieval no centro de Paris, a guarnição que cuidava da proteção do lugar estava quase em pânico, a toda momento chegavam mais notícias dos distúrbios na cidade, o medo de uma possível invasão apenas crescia.

— Nous devons nous rappeler que nous sommes la dernière barrière entre le chaos généralisé et cette "milice", nous devons donc être prêts à tout!— O marquês de Launay, o governador da Bastille, gritou para os poucos guardas que protegiam a fortaleza, a grande maioria invalides.— Sombreuil a envoyé des nouvelles des Invalides? Les Parisiens sont toujours...

— Monseigneur! Monseigneur Launay!— Gritando assustado, um dos veteranos invalides veio correndo até o marquês, alarmando todos no local.— Les Invalides!... Les Invalides!... La Milice Bourgeoise a pris d'assaut l'Hôtel des Invalides!

— Les Invalides!? Et les armes!?— Um dos guardas invalides gritou assutado. Enquanto todos os olhos de pânicos se voltavam ao governador.— Oh, mon Dieu! Les Parisiens ont pris les armes!

— De l'ordre! Je demande de l'ordre! La poudre des Invalides est là!— O falatório dos guardas apenas aumentava, e nem mesmo Launay conseguiu parar.— Sombreuil ne céderait jamais...!

O falatório apenas aumentava, incitando ainda mais a raiva do governador. Até mesmo os invalides estavam saindo do comando dele, mas foram as últimas palavras do primeiro guarda que mostrou o que realmente estava acontecendo:

— Les rebelles ont pris les mousquets des Invalides et s'approchent de la Bastille!— Foi o suficiente, a ameaça era real e não um simples medo.

Hôtel des Invalides, um dos dois últimos armazéns, tinha caído nas mãos dos rebeldes, agora havia sobrado apenas a Bastille como o último bastião do absolutista poder da monarquia em Paris. Se a Bastille caísse, todo o sistema cairia junto...

... Antes mesmo que desse meio-dia, a Bastille era uma prisão sitiada, os parisienses haviam cercado o lugar e exigiam que os guardas se rendessem, os canhões parassem de apontar para as multidões e a ponte fosse levantada. Naturalmente o marquês de Launay recusou os pedidos dos rebeldes e enviou seus representantes para discutir com os líderes de Paris os termos de uma possível rendição da Bastille, mas tudo foi em vão.

O Terceiro Estado tinha sede de justiça e liberdade, e nessa sede eles acabaram tentando invadir o local, os guardas fizeram seu melhor para impedir e ordenaram que o povo saísse, mas o barulho impediu qualquer entendimento... no meio de todo esse caos, um tiroteio nasceu espontaneamente entre as duas forças, iniciando assim uma carnificina.

Tal tiroteio continuou até às 17 horas, onde parou e o marquês de Launay escreveu uma carta oferecendo uma rendição, mas com um porém:

— Soit ma garde laisse la Bastille indemne, soit toute la forteresse, et le quartier avec elle, s'enflammeront lorsque j'allumerai la poudre.

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