14|06|1778 Palácio de Hampton Court
Apesar de nada muito importante estar acontecendo nas Treze Colônias, a tempos nenhuma notícia de real preocupação ou felicidade chegava, a guerra ainda continuava, e estava tomando proporções que nem os britânicos, e muito menos os americanos, pensavam. A França havia entrado no conflito.
Sempre a França, essa nação realmente tinha uma forte rivalidade com os britânicos.
Mas todos tinham que concordar que não era uma ideia ruim, ao ajudar os rebeldes americanos, os franceses estavam prejudicando a Inglaterra, e se, apenas se, os rebeldes ganhassem, a França iria ganhar um forte aliado para suas pretensões coloniais na América do Norte, além de realmente humilhar os ingleses.
A questão era que apenas um canal separava a França da Grã-Bretanha, o que de fato significava um perigo para as duas nações. Principalmente para os britânicos, que apesar de afirmarem ter a maior força naval do mundo, estavam amedrontados com uma possível invasão francesa se uma guerra aberta fosse declarada.
Por isso mesmo os ingleses estavam protegendo fortemente o seu litoral. O Almirantado até mesmo havia enviado, no dia anterior, navios para fazer patrulhamento no Canal. E foi justamente por isso, para ver a partida do Almirante Keppel e de sua frota, que o marquês e a marquesa viajaram dois dias atrás.
Isso era terrível! Um desastre horroroso! Iriam ficar em Hampton Court apenas Wilhelm e Katherine, (as princesas Elizabeth e Charlotte haviam decidido ir mais cedo para Castelo de Ocenia, a residência de verão), apesar da presença das damas de companhia e dos cavaleiros, eles estariam sozinhos... sozinhos!
Antes isso já seria algo insuportável, mas agora, seria mais ainda. Katherine estava agindo de uma forma muito estranha desde a noite no Theatre Royal. Ela estava calada, evitava Wilhelm, e quando não estava irritada com ele, o que não era incomum, estava deprimida. Isso era estranho, muito estranho. O príncipe já tinha se acostumado com as provocações, os gritos e as críticas.
A princesa havia também se aproximado mais ainda do marquês, mas segundo a marquesa, isso não era estranho.
— Katherine está aprendendo com Alfred a bela prática de ser um dono de terras e, ao mesmo tempo, príncipe de um pequeno principado no Santo Império.— Mas isso explicava apenas parte da situação.— Ela está ajudando o pai, Wilhelm. E apesar de Alfred ser muito organizado, ele precisa dessa ajuda.
Olhando dessa maneira, não era estranho realmente. Ele deveria deixar esse ponto de lado. Sim, deveria sim. Katherine ajudar o marquês apenas beneficiava Wilhelm, ele teria paz, poderia ler seus livros, fazer passeios e tentar se acostumar com Hampton Court, assim como os persistentes olhares dos criados.
Mas ainda assim, esses dias do príncipe sozinho com a princesa seriam instigantes. Wilhelm não tinha amigos para conversar e também não conhecia Londres o suficiente para passear. A ele sobrava apenas ficar em Hampton Court com Katherine, e ocasionalmente também com o Bravandale idiota.
Estava sendo horrível! Nesses dias Wilhelm apenas recordava o que a marquesa havia dito antes da viagem:
— Eu peço que você aproveite bem esses dias sozinho com Katherine, Wilhelm.— Talvez eles pudessem se matar sem nenhuma testemunha.— Aproxime-se dela. Com certeza as coisas irão melhorar se você fizer isso.
— Sua filha é muito difícil de lidar, minha marquesa. É complicado se aproximar de pessoas assim.— Sem contar nas rápidas mudanças de humor dela.— O que eu poderia fazer nessa situação?
— Katherine não é um enigma, Wilhelm. Não é impossível conquistá-la.— Talvez fosse mais fácil tomar a Bastilha.— Se você agir com bondade, doçura, for atencioso e...
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La Belle Anglaise
RomanceNo final do século XVIII, a princesa Katherine de Bristol é conhecida em toda a Europa por dois motivos: sua grande beleza e por ser a herdeira de todo o grande legado da sua família. A princesa parece ter uma vida quase perfeita, com pais amorosos...