Prince of Shadow

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Jungkook's P.O.V

08:31
Friday, 20, March.

Não me dei o trabalho de entrar na sala de aula. O relógio dizia que o primeiro tempo logo acabaria, e não estou com cabeça suficiente para ouvir uma palestra sobre irresponsabilidade.

Esperei com Jimin no refeitório, nos separamos quando o segundo tempo chegou e cada um foi para seu andar no prédio de Artes.

Duas horas depois, minha cabeça está girando.

Foram aulas importantes, mas tudo em que consigo pensar é na conversa que tive com Jimin, e em como parece que há muito mais do que o tempo permitiu que ele dissesse.

Metade do que eu sabia sobre meu melhor amigo era mentira, e a outra metade foi banalizada.

Nephilin, é como chamam o que Jimin é. Uma criatura gerada de um Arcanjo e um humano. "Por isso nunca conheceu meu pai", ele disse. "Ele vive no Primeiro Mundo."

Ao menos a parte de ter perdido sua mãe já no nascimento é verdade, apesar de ter omitido que o motivo foi por ela não ter suportado a força e energia necessárias para conceber uma criatura como ele.

Cada viagem que ele já me disse ter feito para passar tempo com o pai, cada semana longe durante todos os dezoito anos de amizade... Ele estava no Primeiro Mundo. Treinando, aprendendo, deixando livre a parte que escondeu aqui.

Por isso sabe de tanta coisa, por isso as últimas horas parecem ter sido tão naturais para ele...

Estava convivendo com um garoto metade anjo todo esse tempo, e agora que sei, ainda não tenho certeza quão mais poderoso Jimin realmente é.

Agora tudo que posso fazer é torcer para que a parte realmente conhecida por mim ainda exista. Espero que o lado que Jimin permitiu ser mostrado a mim seja de verdade. Me partiria ao meio perder meu melhor amigo, a única pessoa que pensei conhecer de verdade, e que me conhecia também. Espero que haja uma parte que eu ainda saiba o que é. Espero que não tenha sido tudo uma máscara.

Além de toda a bagunça com o passado de Jimin, um nome insiste em voltar à minha cabeça.

A caminho do refeitório para o almoço, estou tentando me convencer de que esse nome deve se manter longe, mas no momento que me distraio me pego pensando onde está agora, o que está fazendo. Flagro o incômodo no peito à ideia de não vê-lo mais, apesar de ter decidido que assim seria melhor. Bordas de folhas foram rabiscadas com esboços de seu rosto friamente perfeito, seus olhos com o poder de me deixar curioso e temeroso ao mesmo tempo estão em todo canto. Como é possível olhos serem tão rasos e profundos igualmente?

São esses olhos confundindo minha mente que quase me levam ao chão ao, com toda a minha atenção ocupada e sem realmente enxergar o que estava à frente, esbarrar em alguém.

Distraído que estava, o trombo é forte e derruba do meu ombro a mochila mal fechada que carrego e, junto com ela, cadernos, folhas e meu humor já terrível.

Me apresso em juntar as coisas do chão, e aquele em quem esbarrei é simpático o suficiente para ajudar.

– Me desculpe, eu não vi você... – murmuro, a voz inevitavelmente vazia.

– Está tudo bem... Quem nunca se distraiu, não é? – murmura de volta o sujeito em uma voz arrastada, estendendo para mim o último caderno.

Levanto o rosto para agradecê-lo, mas o arrepio forte o suficiente para estremecer meu corpo impede a voz de sair. Não há motivo, porque é apenas um homem, mas meu coração dispara com a adrenalina de quem precisa correr. Ridiculamente seguro o caderno no ar, preso entre a mão dele e a minha, e o temor só aumenta quando ele sorri.

Love is a SinOnde histórias criam vida. Descubra agora