Jungkook's P.O.V
16:35
Tuesday, 17, March– Entra logo, antes que eu mude de ideia e te deixe aí. – Jongin diz asperamente da janela do carro.
Apenas reviro os olhos em resposta, roubando um segundo de tempo para respirar fundo antes de entrar no carro. Não espero para abrir meu sketchbook e colocar fones de ouvido, sem me dar o trabalho de cumprimentar meu irmão.
Ele, no entanto, não deixa o silêncio passar batido, e rouba a oportunidade de voltarmos para casa sem dor de cabeça.
– Você não larga esse caderno, não? – questiona, espiando o dito caderno com expressão de nojo.
– Você não cansa de cuidar da minha vida? – rebato, sem sequer erguer o olhar para ele.
– Veja como fala, ainda sou eu que te busco na faculdade. – É o único argumento que ele parece encontrar.
"Só porque você quer garantir que eu volte para casa e não saia." É o que quase digo. Mas sei onde acabaria se deixasse minha boca dizer tudo o que a mente pensa, então só aumento o volume dos fones ao máximo e tento ignorar o resto do mundo.
Kim Jongin adora usar os argumentos de irmão mais velho para me ameaçar. Ser irmão adotivo não o impede, e há tempos sei que isso apenas o dá mais lenha.
São nesses momentos que penso em como seria se estivesse com meus pais biológicos. E esses momentos acontecem com frequência. Mas infelizmente eles estão mortos, então estou judicialmente preso a esta família.
Não que seja de todo ruim. De Busan a Seul com três anos, a família Kim foi generosa ao me acolher um ano depois que cheguei à casa de adoção após o acidente de carro que quase me matou também.
Pais com renda estável, um teto para dormir, comida no estômago... Eu não podia reclamar. Apesar das brigas constantes com Jongin, a presença cada vez menor de papai e mamãe, a rigidez excessiva... Eu não podia reclamar.
Tenho Seokjin, ao menos. O mais velho de nós três. Ele costuma intermediar quando as coisas estão ruins. Ou costumava. Ele saiu de casa há um tempo, e como me recusei a ir com ele por ele já ter trabalho demais com a clínica onde atua como psicólogo, tenho aprendido a me virar com as discussões.
Evitar talvez seja a palavra certa.
Não responder. Não enfrentar. Evitar desobedecer. Não contar, em hipótese alguma, para papai e mamãe. São as regras para evitar conflitos com Jongin, e consequentemente meu pai.
Seokjin me ajuda. Apesar de não morar com ele, não consigo evitar passar a maior parte do tempo em sua casa. É um dos poucos lugares em que me sinto seguro, e ele me acolhe. Sempre me acolheu. Ele é meu irmão.
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Love is a Sin
Fantasy"Não pode ser real. Não pode ser real, mas Jungkook está me dizendo que é. Ele está bem aqui. Está me abraçando, está dizendo que está aqui e que vai ficar tudo bem e que vamos conseguir e que é real. É real, é real, é real. Não pode ser real, porqu...