Esses últimos dias têm sido corridos para mim, tive muitas encomendas e durante os finais de semana me revezo entre ver a Kim e sair com o Adam. Nossa amizade está indo bem, sempre que estamos os dois sem fazer nada e sem ninguém... quer dizer ele, porque eu não quero me envolver, mas nós passamos a noite juntos, porém não são todos os dias e minha mãe agradece a Deus. Ela está muito bem, porém está com uma ideia na cabeça de que eu e Adam somos namorados, já lhe disse que não somos, contudo, o fato de Adam estar sempre aparecendo de surpresa por aqui, ainda trazendo buquês e presentes a ela, não está ajudando muito.
Hoje é sábado e como a Kim já está quase ganhando a Natálie, eu decidi ir passar o dia com ela. Tentei convencer minha mãe a ir comigo, porém para variar, ela disse que não quer atrapalhar e que quando a bebê nascer ela irá vê-las. Termino de fazer os doces que a Kim pediu dizendo estar com desejo, coloco um vestido bem leve porque hoje está um dia quente; levo uma troca de roupa para o caso de precisar, aviso a mamãe que estou saindo e que qualquer coisa é só me ligar que eu venho.
Chego no prédio, como o porteiro já me conhece e sabia que eu viria, ele já me deixa subir e vou direto para o apartamento de Kim, a encontro com a porta aberta sorrindo para mim.
— Trouxe seus doces — digo mostrando a minha bolsa.
— Obrigada! — ela diz sorrindo e batendo palmas, como se a alegria dela dependesse dos doces, mas vejo seu sorriso momentâneo sumir e a tristeza tomar conta de seu rosto.
— O que foi amiga? — questiono pegando em sua mão e entramos.
— Nada — a levo até o sofá, nos sentando.
— Kim, você é como se fosse uma irmã para mim, se algo está errado com você, eu percebo, então me diz o que foi? Está sentindo alguma dor?
— Não amiga, está tudo bem.
— Está com medo então? Medo do parto ou de alguma outra coisa?
— Não — ela diz e em nenhum momento olha para mim, levo minha mão até o seu rosto o levantando a fazendo me olhar.
— Pode ir falando o que aconteceu, porque comigo não vai colar — ela respira fundo e faz um gesto positivo com a cabeça.
— Ah! Amiga é o Antony.
— O que tem ele?
— Acho que ele está me traindo.
— O quê?
— Sei que ando meio chata ultimamente devido aos hormônios, mas não o justifica me trair.
— Espera, você não está chata demais... — paro de falar quando percebo o que disse.
— Então estou realmente, chata? Ai, meu Deus, até minha amiga me acha chata! — ela diz se debulhando em lágrimas e começo a me desesperar.
— Não amiga! Não foi o que eu quis dizer, eu... há deixa para lá, são os hormônios, tudo é culpa deles Kim.
— Então eu não sou tão chata assim, né? — ela respira fundo e passa a mão na barriga, mas seus olhos se arregalam do nada e ela volta a chorar — E se eu ficar pior depois que parir, ai meu Deus, ninguém vai me querer por perto!
— Amiga, calma! Depois de alguns meses você volta ao normal e tire isso da sua cabeça, você não está chata de mais.
— Mas, eu sou chata! E é por isso, que estou sendo comparada com a Pérola do desenho Bob Esponja. Ela é mimada e quer fazer tudo do jeito dela — me seguro para não rir, como ela pode fazer drama e comédia ao mesmo tempo, em um assunto tão sério?
— Claro que não! Tudo isso é culpa dos seus hormônios e das pessoas que não te compreendem. Agora me explica isso direito! De onde saiu essa ideia? — pergunto e ela respira fundo mais uma vez, limpando as lágrimas.
— Está bem, vou te contar. Algumas semanas ele vem recebendo telefonemas suspeitos, Antony se enfia no banheiro para atender, no celular dele nem posso colocar a mão. Ontem ele tomou banho e esqueceu o telefone no quarto, quando entrei eu não me aguentei e fui verificar; achei um número salvo como Daniele e ela falava na mensagem que amou a noite com ele, que quer repetir mais vezes e tinha muitas mensagens trocadas entre eles; fora as muitas ligações. Amiga tinha até algumas fotos deles juntos na cama, assim que ele saiu do banho perguntei quem era Daniele, ele me acusou de mexer no celular dele, gritou comigo e fez maior show. Arrumou algumas roupas e saiu de casa, até agora não voltou amiga — ela termina de contar em meio às lágrimas, a abraço.
— Amiga, se ele está mesmo fazendo isso, ele é um idiota completo. Não fica assim está bem! A Natálie pode sentir que você está triste, por que a senhorita não me ligou ontem, e avisou que estava sozinha?
— Eu estava morrendo de vergonha.
— E se você sentisse alguma coisa? Até ligar para alguém como seria?
— Desculpa, amiga, eu estava com ódio e triste ao mesmo tempo. Eu quase não consegui dormir nada, chorei a noite toda enquanto ele estava aproveitando com a vagabunda.
— Não vamos mais falar dele amiga, vem, vamos nos distrair.
Consegui fazer a Kim rir muito durante o dia, assistimos comédias, conversamos sobre o passado e com isso ela quase não falou do Antony. Ela está no banho agora e como ele não apareceu, eu não a deixarei sozinha, ligo para casa e avisei a mamãe que a Kim não está muito bem, que vou ficar com ela essa noite. Ela deseja melhoras e me dá boa noite, então desligo. Depois tomo um banho, visto um pijama que ela me emprestou e como tenho mais bunda que ela fica meio justo e bem curto. Pedimos uma pizza para jantar e depois decidimos assistir a mais um filme de comédia, nada muito triste para que ela não se lembre do idiota do marido. Por volta das 22h, Kim acaba adormecendo, desligo a televisão e me deito com ela.
Acordo ouvindo alguns barulhos, olho para o lado e Kim dorme tranquilamente. Pego o meu celular que está no criado mudo e são 3h da manhã, o coloco novamente no lugar e o barulho ainda continua. Meu coração se acelera com o pensamento idiota que tenho, mas só está eu e a Kim neste apartamento e preciso protegê-la.
Me levanto e vou em silêncio para a sala, do corredor vejo Antony quase caindo em cima do pequeno bar que eles possuem no apartamento, provavelmente bêbado!
— Antony, está tudo bem? — indago me aproximando para ajudá-lo.
— Kim? Como você está gostosa, cadê a barriga? — ele diz sorrindo e me afasto.
— Sou a Lunna — falo olhando para ele, que pisca algumas vezes, como se estivesse tentando raciocinar. — Vem... deixa eu te ajudar — antes que eu dê um passo na sua direção, ele vem se aproximando de mim, mas como instinto de defesa vou me afastando. Aquele olhar não me traz boas memórias.
Bato com as costas na parede e me vejo presa, ele se aproxima e tenta me beijar. Consigo me esquivar dele o empurrando para longe, saio correndo e como a porta da sala é a única aberta saio por ela, ele vem atrás de mim, mas para quando ouvimos a voz de Kim.
Olho para o corredor e ela está parada olhando para nós, Antony olha para ela e depois volta a sua atenção para mim e sorri, um sorriso que me causa calafrios.
— Idiota! Já que você não quer diversão, irei me divertir somente com ela — ele diz e fecha a porta na minha cara.
O escuto trancar a porta, a imagem da Kim antes dele fechá-la, o desespero no olhar dela me faz ficar apavorada. Ele vai fazer algo com a minha amiga e bato várias vezes na porta e ouço a voz dela chorosa do outro lado, mas não consigo distinguir o que ela diz.
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O BILIONÁRIO E SUA SEGUNDA CHANCE NO AMOR: SÉRIE MEDOS DO CORAÇÃO - PARTE 2.
RomanceApós uma perda dolorosa e com a incerteza descomunal batendo em sua porta, Lunna se vê perdida mais uma vez e o medo lhe faz companhia. Ela ainda se sente como a menininha que treme de medo embaixo da coberta, contando para que as batidas de seu cor...