Caíque
Com as mãos tremendo eu sai do elevador e cheguei até a porta do seu apartamento. Fazia duas semanas que Lucas não aparecia na delegacia, desde que ele havia descoberto a traição de Diego ele tinha se isolado do mundo, sem dar nenhuma justificativa. Imaginei que ele estivesse em uma fossa ruim, mas depois de conversar com angélica, achei melhor ver como ele estava, duas semanas era mais do que suficiente para superar um término, ou pelo menos eu achava que era. Bati duas vezes na porta, mas não obtive resposta, até que na terceira uma voz triste respondeu.
- Quem é?
- Sou eu Lucas, abre por favor.
- Não quero, vai embora.
- Não vou até você abrir.
- Dorme ai no chão então, daqui a pouco o porteiro chama a policia.
- Eu sou a policia, como acha que eu subi aqui?
Silêncio, ele devia estar se perguntando como eu tinha conseguido subir uma vez que não havia liberado minha subida, mas como eu sabia que ele não iria, mostrei o distintivo para o porteiro e disse que era uma emergência, ele talvez tenha lembrado que eu já tinha estado ali e liberou minha subida.
- Lucas, você precisa voltar ao trabalho, sentimos sua falta.
- Não quero.
- E como vai viver?
- Tenho dinheiro suficiente para viver por mais uns dois anos, e o tempo que acredito que vou viver.
- Não acha que mesmo para um gay, você está sendo muito dramático?
- Se veio aqui para me ofender e melhor ir embora.
- Já disse que não vou até você abrir.
- Vai morrer ai então.
Caíque não sabia o que fazer, então se abaixou na porta e se sentou de costas para a casa de Lucas. Ficou ali em silêncio, esperando. Sabia que uma hora ele iria falar algo, e quase meia hora depois ele ouviu Lucas mexendo nas chaves, então a porta se abriu, e ele se levantou a tempo de não cair para trás.
Lucas estava um caco, por assim dizer, os olhos inchados de tanto chorar, a barba por fazer, roupas sujas. A perfeita imagem da devastação. Caíque colocou as mãos no bolso e tentou esboçar um sorriso acolhedor.
- Oi.
- Veio jogar na minha cara que estava certo? E que eu sou burro por ter me entregado tão fácil?
- Não e essa minha intenção.
Lucas abaixou a cabeça, Caíque viu quando uma lagrima desceu silenciosa, então sem esperar convite ele entrou e fechou a porta.
- Tá doendo muito Caíque.
- Eu sei, mas eu estou aqui. E não vou embora.
Dito isso ele se aproximou e puxou Lucas para si, e o deixou ali em seu peito, chorando como uma criança, foi o levando devagar até o sofá, e ali os dois se sentaram com Lucas apertando com força o abraço de Caíque, ali ficaram por quase meia hora, até que Lucas foi se acalmando, o choro diminuindo, e quando Caíque percebeu, ele tinha dormido em seus braços.
Ele sorriu quando o viu tão sereno em seu peito, a respiração calma e lenta. Sem resistir fez carinho em sua bochecha com o polegar, aquele rosto o trazia tanta paz, era como se tudo fizesse sentido, como se nada mais importasse. Nunca imaginou sentir aquilo por alguém, muito menos um homem, mas ali estava ele, totalmente rendido e apaixonado.
Depois de algum tempo seu corpo começou a doer por estar na mesma posição a tanto tempo, então ele se levantou e pegou Lucas no colo, e devagar o levou até o quarto onde o colocou na cama, ia se levantar para deixa-lo sozinho, mas não conseguiu porque Lucas o segurava pelo pescoço e meio que o puxou para cama consigo, então ele se deitou ao seu lado tirando os sapatos com os pés, e ali ficou, com Lucas ainda deitado ao sue peito, e quando percebeu já estava dormindo também.
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Eu Odeio Te Amar
RomanceLucas e um policial Gay que trabalha em uma delegacia especialista em lidar com casos de homofobia e preconceito. Nunca teve nenhum problema com os colegas devido ao fato de ser assumido, isso muda quando Caique, um policial preconceituoso e extrema...