A semana que se passou foi a mais insuportável que eu tinha tido até então. Em vez de me irritar como ele vinha feito ultimamente, Caíque optou por se afastar de mim como nunca antes, falando somente o básico e todo assunto voltado para o trabalho, e claro que antes não éramos amigos, mas eu sentia que a raiva de antes não era algo tão forte, mas agora eu sentia até no olhar que ele estava me odiando mais do que nunca.
Enquanto isso eu já tinha desistido de tentar entender o que eu sentia por ele, era obvio que eu estava gostando dele, e aquela raiva infundada dele por mim só estava aumentando cada vez mais o sentimento, mas eu nunca daria o braço a torcer, e ele nunca saberia de qualquer sentimento que eu tivesse por ele a não ser raiva por saber que ele era tão babaca e preconceituoso.
No trabalho até aquele momento ele não tinha tido nenhum acesso de raiva ou algo do tipo. Era visível o desconforto dele quando colhíamos depoimentos de homens gays ou fazíamos boletim de ocorrência para casos de homofobia, mas até então ele não fazia nada além do trabalho dele. Comecei então a pensar que o problema dele com gays era apenas algo voltado ao espaço dele, tudo bem as pessoas serem gays, desde que não me cantem ou ultrapassem o meu espaço, o que era algo bom.
Na sexta-feira eu estava no computador como sempre, quando a Angélica veio até mim.
- Lucas, o Vitor me disse que o Diego falou para ele que até agora você não ligou, posso saber por que você não ligou para um gato daquele?
- Nossa eu fiquei tão atarefado essa semana que nem lembrei, e também não sei o que dizer aquele final de semana não foi o melhor da minha vida.
- Eu sei que você ta caidinho pelo Caíque, mas não acha que tem que esquecer?
- Eu não to caidinho por ele, para de ser louca, você que fica fantasiando nós dois juntos.
- Acha que sou cega né? Eu trabalho aqui se você não reparou, e eu vi os seus olhares essa semana para ele, não e mais o mesmo de antes, isso e obvio. Tem algo rolando, e eu me sinto ofendido por você não contar para mim.
- Não tem nada rolando, para com isso. Eu ainda o odeio. E isso não vai mudar.
- Então pega esse telefone e liga para o Diego. Amanhã e sua folga, convida ele para sair.
Angélica voltou para a mesa dela e eu fiquei sem saber o que fazer, peguei meu celular e busquei o numero do Diego. Antes de discar eu olhei em direção a mesa de Caíque, ele estava olhando para mim, pego de surpresa desviou o olhar, eu suspirei, por mais que não admitisse em voz alta, aquele cara mexia comigo. Mas eu precisava esquecê-lo. Coloquei para chamar o numero, e fiquei feliz quando fui atendido no segundo toque.
- Diego falando.
- Oi Diego, e o Lucas, não sei se lembra de mim.
- Claro que lembro. Achei que nunca fosse me ligar. Estava perdendo as esperanças.
- Desculpa muito trabalho. Tudo bem com você?
- Tudo sim. E você?
- Bem, e então, topa sair hoje?
- Claro, onde eu te pego?
- Vou te passar o endereço por mensagem. Saio as 20:00, te espero aqui.
- Claro, pode deixar, até mais tarde.
- Até.
Desliguei o telefone e não consegui evitar o sorriso que surgiu, voltei ao trabalho e não pude deixar de perceber que Caíque não parava de me encarar. Fiquei agoniado.
- Algum problema Caíque?
- Não, por quê?
- Você não para de me encarar.
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Eu Odeio Te Amar
RomansaLucas e um policial Gay que trabalha em uma delegacia especialista em lidar com casos de homofobia e preconceito. Nunca teve nenhum problema com os colegas devido ao fato de ser assumido, isso muda quando Caique, um policial preconceituoso e extrema...