Tudo sobre aquele lugar, aquele século, sobre Balduíno e sobre Sicely estava em minha mente, ressoava como flashes.
Eu levantei com dificuldade, minha mente agora estava com tantas informações e lembranças que eu nem sabia da existência delas.
Eu ainda estava lá, não voltei para minha casa, porém, agora me questionava se talvez ali fosse minha verdadeira casa..
Era tudo nítido, eu me lembrava de meus pais, dali, Odilla e Arvid Leprevost, lembrava-me de quando havíamos chegado em Jerusalém, foi após alguns meses quando minha mãe faleceu, meu pai quis se afastar de tudo o que lembrava ela, ele já era um grande médico na época, quando chegamos aqui ele salvou Balduíno em uma situação, o que fez com que ele fosse notado pelos pais dele, naquele mesmo dia nos mudamos para o palácio, meu pai foi eleito médico real e foi então que nos vimos pela primeira vez.
Como eu ainda lembrava da sensação ao vê-lo depois de vários anos eu não sei como, mais foi exatamente como quando o vi no salão, seu olhar gentil nunca mudou.
Nós nos tornamos próximos, não era estranho nos ver sempre juntos em todo lugar, a companhia dele me trazia felicidade, mas quando descobriram sobre a lepra, nos afastamos, não nos vimos por um longo tempo, foi doloroso me afastar dele, por que desde aquele dia nunca mais sequer chegamos a 1 metro de distância um do outro.
Crescemos afastados, nos víamos a distância, e não conversamos mais como antes. Na adolescência em meados dos seus 16 anos ele começou a usar a máscara e as vestes que cobria todo seu corpo, me lembro que no último dia que eu ainda via seu rosto, com muita insistência consegui convencê-lo a me deixar ir a cidade com ele, no caminho vimos um homem na rua, ele estava definhando por causa da lepra, seu corpo todo com machucados em carne viva e seu rosto deformado, ele estava irreconhecível, e de longe não se via mais a pessoa que um dia ele foi, vi o olhar de Balduíno sobre aquele homem, ele estava com medo, foi o olhar mais triste que vi nele. Pensar que ele pode ficar assim..
Não foi uma época fácil, ele saiu para lutar contra Saladino, um poderoso sultão e nosso principal inimigo. Nós vencemos e foi uma grande vitória para Balduíno, apesar disso, era só o começo do que estava por vir.
Meu pai construiu a tenda médica da cidade um tempo depois, para todos aqueles que precisavam de cuidados, a 1 ano ele partiu em uma viagem pelo mundo, ele queria levar seus conhecimentos a todos que gostariam de aprender e me deixou seu posto de médico real, de fato Tiberias estava certo, apesar do meu posto, Balduíno nunca me deixou cuidar dele, no fundo me perguntava se ele achava que eu não era capaz de cuidar bem dele como meu pai fazia..mais talvez ele só estava preocupado em eu acabar contraindo a doença.
Eu caí de joelhos no chão, todas aquelas lembranças me fizeram questionar até mesmo minha existência, afinal eu fui para o passado ou para o futuro? Ou voltei do futuro para o passado? E como eu era a Elissa e a Sicely ao mesmo tempo? Eu tinha uma família lá e tenho uma aqui também. Nada fazia sentido.
Mas tudo se voltava a ele. Talvez Balduino fosse a chave para toda aquela situação, porque tudo começou com ele, então pela lógica termina com ele.
Eu não sabia ao certo a real razão daquilo tudo, mais tinha certeza de que Balduino era a chave, de alguma maneira.
Juntei forças para me levantar e ir até ele, eu precisava vê-lo, Sibylla não veio a mim como tinha prometido, e eu precisava saber se ele estava bem. Eu corri por aqueles corredores, estranhamente sabia exatamente onde ir diferente de ontem.
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𝔓𝑟𝑒𝑑𝑒𝑠𝑡𝑖𝑛𝑎𝑑𝑜𝑠𓂃⊹๋࣭ ⭑
Romance- Você veio buscá-la com todo o seu exército, o que ela significa e vale para você?_ Saladino perguntou. - Eu sou o rei de Jerusalém, e meu dever é cuidar e proteger o meu povo, mas se eu não for capaz de proteger a minha futura rainha eu não sou di...