Capítulo 4:

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Recobrei a consciência escutando algumas conversas ao meu redor, pisquei algumas vezes para me acostumar com a claridade e notei que estava em meu quarto.

Os médicos de Balduíno me examinavam, enquanto Sibylla segurava minha mão, e Balduíno estava na sacada. Reparei que o mesmo estava um tanto inquieto, parecia realmente muito preocupado, ele virou sua atenção em mim quando ouviu que eu estava enfim acordada. Ele relutantemente permaneceu onde estava após querer vir até mim, seus olhos estavam tão vermelhos e angustiados mais havia um certo brilho de alívio ao me ver.

Após ser examinada por mais um tempo, o diagnóstico era de se esperar, exaustão e má nutrição. Pude ver algumas lágrimas correrem no rosto de Sibylla, apesar de me repreender ela ainda demonstrava o quanto se importava comigo de forma meiga, ela era uma ótima amiga, na verdade a única que tive tanto aqui quanto de onde vim, era um sentimento mútuo, ela sempre foi uma amiga muito querida para mim.

Depois de algum tempo ficamos apenas eu e Balduíno no quarto, eu fiz menção de me levantar já que aquela situação me deixava um pouco inquieta, porém ele me impediu.

- Me desculpe._ Disse cabisbaixa. Apesar de ter um bom motivo por trás da minha insensatez eu ainda sim fiquei um pouco chateada por preocupá-lo, afinal, eu o tirei de uma importante reunião por pura insensatez aos olhos de todos e principalmente o dele, mesmo depois de ter prometido que comeria melhor.

- Não tem o que desculpar Sice, eu deveria ter notado o quão realmente imersa você estava no seu trabalho e ter intervido de alguma forma._ Ele finalmente deu um passo para frente.
Sei o quanto você se importa com as pessoas, e o quão importante seus pacientes são, mais precisa cuidar de você primeiro.

_Eu fiquei em silêncio sem saber o que dizer, ele estava completamente certo, é claro, mais eu não podia dizer o real motivo por trás de tanto trabalho, esse era o peso de carregar o futuro de toda Jerusalém nas costas e não estava sendo nada fácil, o que mais me doía era pensar naquele momento que ele estava chateado comigo.

- Olhe para mim Sice._ Ele ditou calmamente e assim o fiz agora encarando seus olhos.
Você é importante demais para mim, então por favor, não me assuste assim de novo.

_Foi quase como uma súplica o que ele disse, aquelas palavras fizeram meu coração palpitar fortemente em meu peito. Eu apenas assenti em resposta não me atrevendo a olhar em seus olhos novamente. Ele saiu de lá segundos depois me deixando enfim sozinha naquele mar de pensamentos.

Meu coração teimoso batia forte a cada lembrança que eu tinha dele, isso se estendeu o resto da tarde. "Como ele pode ocupar toda minha mente assim?" eu me perguntava, inquieta por suas palavras.

Eu resolvi me lavar antes de comer para espairecer um pouco. A questão do medicamento veio a minha mente novamente, tantas semanas e nada de progresso, é angustiante saber a cura de uma doença e não poder usá-la. Eu já havia pensado de tudo mais nada dava certo. Até que me levantei incrédula da banheira, me sequei e me vesti rapidamente me sentando na cama com minhas anotações.

O problema era exatamente esse, às vezes existem situações que é preciso mais de uma mente para resolvê-las, porque todos temos nossas limitações, e como já tinha questionado, minhas limitações eram as limitações desse século, mesmo eu sendo daqui também, então, quem era capaz de me ajudar atravessando essas limitações para que o meu conhecimento seja enfim retirado do papel de maneira correta?

𝔓𝑟𝑒𝑑𝑒𝑠𝑡𝑖𝑛𝑎𝑑𝑜𝑠𓂃⊹๋࣭ ⭑Onde histórias criam vida. Descubra agora