Capítulo 11:

427 45 10
                                    

_ Balduíno pov version _

─ " Você é tudo pelo o que eu estou vivendo " ─

Por um pequeno instante, pensei ser uma visão que minha imaginação criou, mas minha doce Sice estava realmente em minha frente, depois de tantos meses sem vê-la, sem poder apreciar seu rosto, ela estava ali, tão linda como sempre. Eu respirei tão imensamente aliviado e agradeci mentalmente sem parar por ela ter voltado a salvo, eu estava eufórico e tão feliz em estar com ela que senti meu coração palpitar forte em meu peito em um alívio realmente grande depois de tanta preocupação e anseio.

Eu queria abraça-lá, tomar ela em meus braços e não soltar mais, queria sentir ela mais perto de mim, porém, apenas ver ela e ouvir a sua voz acalmava a ansiedade que eu sentia. No entanto, algo não estava certo, respirar estava sendo difícil e um tanto doloroso, meus olhos ardiam mais que o normal, ver sua expressão mudar ao notar minha condição me deu um aperto maior no peito, não queria preocupa-la, não agora, eu pedia mentalmente por mais tempo, mais tempo ao lado dela, suplicava a cada expirar de ar.

Meu desespero aumentou quando meus guardas me carregaram por dentro do palácio, eu a perdi de vista e não conseguia falar, não conseguia chamá-la, era como se houvesse um peso grande em cima do meu peito, e a cada tentativa de respirar esse peso se tornava mais e mais pesado. Eu sentia minhas forças se esvair de mim aos poucos, e estava com medo de apagar e não acordar mais.

Quando ela veio a mim novamente, mantive meus olhos fixos nela o tempo todo, minha esperança estava ali, estava nela, e eu estava disposto a fazer de tudo para ter um pouco mais de tempo com ela.

Eu notei que Sice estava um tanto receosa em aplicar a dose do medicamento, havia medo em seus olhos. Nunca tinha visto esse olhar nela, eu senti o seu suspirar pesado e notei suas mãos receosas enquanto seus olhos viajavam para longe. Eu sabia exatamente como era esse sentimento de ser consumido pelo medo, receios e pensamentos intrusivos, era sufocante e deverás assustador.

- Eu confio em você._ Alcancei uma de suas mãos e acariciei carinhosamente. Aconteça o que acontecer eu fico feliz que esteja ao meu lado novamente, eu não poderia estar mais feliz depois desses meses sem tê-la comigo._ Ditei de maneira passiva tentando fazê-la entender que não precisava ter medo, e que a única coisa que me importava naquele momento era tê-la comigo.

Eu notei o quão aliviada ela ficou com o que eu disse e o brilho em seus olhos voltarem enquanto todo resquício de medo se esvaía dela. Ela tocou em meu braço erguendo a manga de meu manto e a vi ficar um tanto surpresa. Há alguns anos, no último dia em que eu caminhava com meu rosto ainda descoberto no começo da minha doença, eu andava pela cidade com Sice, e nos deparamos com um homem com a mesma condição que eu. Seu rosto não havia mais um resquício sequer do homem que um dia ele foi, o que lhe restava era apenas definhar em solidão até a morte.

A imagem daquele homem nunca saiu da minha mente, cobri meu rosto com essa máscara por medo de Sicely me ver naquela situação, porque eu sabia que era apenas questão de tempo, de muito pouco tempo. Não queria que a última lembrança que ela tivesse de mim fosse com aquela imagem, queria que ela se lembrasse de mim como eu era, uma imagem bonita, familiar e não assustadora.

O medo que eu sentia de ficar como ele me impediu de me olhar em um espelho por todos esses anos. A sensação de definhar como aquele homem a cada dia um pouco mais me apavorava, contudo, nunca deixei esse medo transparecer, afinal eu sou o rei e precisava continuar com as minhas obrigações apesar da minha condição. Enquanto eu ainda estivesse respirando eu governaria e cuidaria do meu povo.

𝔓𝑟𝑒𝑑𝑒𝑠𝑡𝑖𝑛𝑎𝑑𝑜𝑠𓂃⊹๋࣭ ⭑Onde histórias criam vida. Descubra agora