Capítulo 7

44 3 0
                                    

Riki não tinha ideia de onde ele estava.

Exceto que ele estava em um quarto sem janelas, cercado por quatro paredes de marfim. Uma cama simples. Uma cadeira e uma mesa. Nada mais. A única porta, a única saída, estava trancada por fora.

Ele bateu na porta. Ele até a chutou. Ela não se moveu.

O quarto era uma cela de prisão limpa e arrumada. Aparentemente, ele foi arrastado até ali daquele lugar que o lembrava do oceano azul profundo. A última coisa que ele lembrava era de ter dado um soco em Iason. Ele sabia que era uma atitude idiota.

Em troca, Iason lhe deu um forte golpe no estômago, e tudo se apagou.

Quando voltou a si, estava deitado na cama mencionada acima. Seus bolsos haviam sido esvaziados, incluindo dinheiro, a carteira de identidade que Katze lhe dera e a moeda presa ao chaveiro. Até mesmo o canivete que ele mantinha guardado em suas botas em caso de emergência havia desaparecido. Tudo.

Tendo sido despojado de todos os seus pertences e jogado nesta cela, Riki não estava com vontade de se acalmar. Longe disso. Sua mente estava girando: O que diabos aquele idiota está pensando? O que exatamente ele está planejando fazer, me trancando aqui sem sequer uma explicação?

Riki sabia que deveria estar pensando em outras coisas, mas, para começar, ele não tinha a menor ideia de quais deveriam ser as outras coisas da lista.

Merda!

Rangendo os dentes, Riki chutou a cadeira com toda a sua força e a fez voar.

***

Sasan (Área 8). Cúpula da torre número três. O leilão secreto terminou sem problemas e no estilo digno de um rei. Iason Mink não estava aproveitando o brilho da tarde, mas, como sempre, relaxava com sua graça e autoridade habituais em seu escritório na cobertura.

Ele se recostou, quase engolido pelo sofá, cruzou suas longas pernas e olhou para o painel na parede. Na tela havia um vídeo de Riki, torcendo os lábios em óbvia irritação. Iason ajustou um botão no controle remoto e num piscar de olhos a tela foi preenchida com um close do rosto de Riki.

Apesar de sua aparência desgrenhada e desalinhada, seu cabelo preto brilhava suavemente. Sua franja não conseguia esconder a irritação em seus olhos obsidianos. Seu mau humor estreitava seus olhos, repletos de emoções rudes e vulgares.

Iason quase imaginou ouvir o som dos dentes rangendo em irritação escapando da fina linha que eram seus lábios. Diante dele estava um gato de rua imundo. Sem modos, sem classe e sem um pingo de disciplina e controle. Independentemente disso, a vida deste "nobre selvagem" imaculado e incivilizado brilhava com uma luminosidade extraordinária.

Quando eles se conheceram sob o brilho berrante dos anéis duplos de Midas, ele não era mais do que um garotinho orgulhoso, ignorante e com cara amarrada, sem saber o que fazer com suas emoções desenfreadas. Ele não tinha a menor ideia de como se enturmar com os outros. Nenhuma habilidade social além de mostrar os dentes e rosnar como um cachorro.

Um mestiço de favela.

Na época, sua decisão de fazer vista grossa e não entregá-lo à polícia foi por puro capricho. Mas acompanhá-lo a um lugar cujo propósito era óbvio à primeira vista, e então agir com base no desejo de derrubar um pouco do orgulho do garoto — depois de levá-lo a um grau de excitação que ele nunca tinha visto antes, é claro — nada mais era do que seguir um capricho e deixar a natureza seguir seu curso.

O garoto tinha sido contrário por pura contradição, mas sem nenhuma estratégia ou premeditação em mente, e com tanto orgulho à mostra, ele não podia permitir-se pedir misericórdia a um homem que ele devia saber que era um Loiro.

Ai No Kusabi - The Space Between by Rieko YoshiharaOnde histórias criam vida. Descubra agora