capítulo 15

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Ethan on


Quando atendi o telefone era minha mãe pedindo para que comprasse miojo para o Aquin, já que ele estava com vontade, mas como não sou besta nem nada disse que só levaria caso ele pedisse, dito e feito. Me dirigi até um mercado, parei no corredor de miojo, tinha vários sabores e fiquei na dúvida de que sabor levar, então levei todos que tinham lá e aproveitei para passar no corredor de bebidas, estava muito estressado e peguei algumas garrafas de whisky, paguei e fui embora bebendo mesmo. Estava com a cabeça cheia, deixei uma criança órfão, o Aquin estava muito chateado comigo e eu estava chateado com ele, pois ele nem olhava na minha cara e tudo isso é culpa minha, se eu não fosse tão cuzão ou se eu tivesse feito as coisas diferentes entre nós, poderíamos ter muitas coisas juntos. Já sei, vou reconquistá-lo todos os dias até que ele possa corresponder meus sentimentos.

Sai dos meus pensamentos quando cheguei em casa, já fui direto pra cozinha levar o que Aquin tinha me pedido, eu já estava alto por causa do álcool, mas tentei me manter pleno, porém falhei miseravelmente, deixei minhas emoções falarem um pouco mais alto e fui grosseiro e babaca, preciso de uma terapia urgentemente. Tentei consertar e disse que pediria comida japonesa para nós, já que ele gosta também, então depois de um tempo nossa comida chegou, pensei que seria interessante pedir algo que ele goste, pois ele não comia a muito tempo. Eu mesmo o servi, coloquei tudo que ele gosta em seu prato e ele pegou o hashi e começou a comer, fiquei ali o admirando, ele é lindo mais, depois que terminamos de comer, ele comeu bem e isso é uma evolução. Como ele estava com dificuldade para andar o peguei no colo, mas ele não parava de tremer de medo, me direcionei para o quarto, o deixei na cama e fui tomar meu banho, tirei a roupa e entrar no chuveiro, deixei a água correr parar tirar as impurezas do meu corpo. Fiquei me lavando, até começar a ficar excitado, faz tanto tempo que não faço nada, que estou me sentindo mal por ter que fazer algo pensando em alguém que está doente, acabei por trocar a temperatura para fria, pois não estava a fim de me tocar, então sai do banho me enrolando na toalha e me dirigi ao quarto, eu estava mais tranquilo, até ver a cena mais apavorante em toda minha vida.

Aquin estava se enforcando com os lençóis que estavam amarrados no ventilador de teto, não consegui pensar, apenas corri até ele que ainda se debatia, então só o agarrei pela cintura levantando-o para que ele conseguisse respirar, como sou alto, desamarrei o lençol de seu pescoço.

- Qual é a porra do seu problema? No que estava pensando? - Gritei com ele, eu estava preocupado.

- Aaaaaaaaa, eu quero morrer, nem isso posso fazer em paz – Ele disse esperneando – Eu quero me juntar aos meus pais e ao meu bebê, eu não aguento mais.

- Não aguenta mais o que? Você não vai morrer, paguei caro em você - novamente eu disse sem pensar e vi como essas palavras o machucaram. Eu sou um bosta mermão.

- Eu não passo de um simples objeto pra você, sou apenas um buraco, onde você afunda e esquece seus problemas. Mas, ao contrário de você, eu sou sozinho e o bebê era a única coisa que eu teria depois de muito tempo, mesmo que não fosse fruto de um amor verdadeiro, seria meu amor e você estragou tudo. Então Ethan Górki, eu prefiro morrer ao invés de viver esse inferno – Ele disse sombrio.

- Você não vai morrer, eu não te vejo como buraco, também estou sentindo a perda do bebê, mesmo que não tenha me contado e isso não justifica nada que fiz ou tenha feito. Não sei expressar o que eu sinto e sempre acabo cagando – Eu estava me abrindo pra ele, não adiantava mais ser babaca com ele. Já que ele não era o tipo de homem que gosta de ser mal tratado – Eu gosto de você, Aquin.

- Mentiroso, é isso que você é, um estuprador, traficante, um nada que usa as pessoas e descarta, você vai me descartar igual fez com Ottis e me transformar em um dos seus soldados - Ele estava estressado demais, isso não vai fazer bem pra ele, uma discussão que não teria fim. O deixei falando, ele estava gritando comigo e resolveu quebrar as coisas, jogou vaso, quebrou meus perfumes, rasgou minhas roupas e eu deixei, pois nada que eu falasse o faria mudar de ideia ou acalmá-lo. Depois que vi ele estava mais calmo, fui ao meu frigobar e peguei água e seu remédio, fui até ele o entreguei, o mesmo sabia do que tratava então ele entrou em surto de novo.

- Agora você vai me dopar? Você está querendo me calar? Eu te odeio – Ele gritou batendo no remédio que estava na minha mão e depois me dando um tapa na cara - Deixa eu adivinhar, vai me drogar e me jogar nas celas? - Ele estava totalmente fora de si, ele teve muitas mudanças de humor em um dia só.

- Vou chamar o médico - disse indo em direção ao meu telefone e ele me seguiu.

- Não vai chamar ninguém, eu estou bem. Você fica me tirando de louco na frente dos outros, estou cansado disso. Você quem precisa de um médico – Ele disse vindo pra cima de mim, eu o segurei, sem machucá-lo dessa vez e peguei o meu celular e chamei o médico. Ele ficou se debatendo e tentando me morder, ele estava muito agressivo e sei o que desencadeou sua crise, mas fiquei na minha e fiquei ali cuidando dele até o médico chegar e administrar um sedativo e assim ele desmaiou.

Na manhã seguinte ele acordou e parecia um pouco melhor, então aproveitei que ele estava melhor para conversar.

- Bom dia, como você está? - Disse me sentando ao lado e vi ele se afastando. Droga, desse jeito nunca vou conquistá-lo.

- Estou bem – Ele disse receoso e distante – O que eu fiz agora? - Ele disse já esperando algo ruim.

- Você não fez nada, está com fome? - Perguntei e ele negou com a cabeça - Aquin, você precisa comer, pois tenho uma surpresa pra você - Apelei pra ver se dava certo.

- Não quero nada que venha de você - disse seco e me olhando com ódio.

- Lembra quando eu disse que fosse para ter um filho herdeiro, eu gostaria que fosse com você? - Disse enrolando o assunto, vi que ele demonstrou interesse.

- Antes ou depois de me espancar? - Ele disse ressentido – Ou na parte que você disse que me engravidaria sem meu consentimento que era apenas abrir as pernas e calar a boca? - Suas palavras soavam como facas.

- Eu me arrependo de ter feito essas coisas com você, me desculpa – Eu disse com sentimento de culpa - Não vou tocar mais em você - complementei.

- Já usou tudo que tinha que usar, né? Agora que não tem mais nada quer me descartar – Disse puto da vida.

- Não estou te descartando, apenas respeitando seu espaço - Disse não entendendo as rápidas mudanças de humor – Eu queria te falar que estou adotando um bebê e queria a sua ajuda para cria-lo.

- Ah, quer dizer jogar nas minhas costas algo que é sua responsabilidade, pra que não se sintisse tão culpado da cagada que fez, agora quer que assuma o filho de uma das putas que você come – Ele estava indo longe demais com as palavras dele e isso me irritava, mas respirei fundo.

- Uma que sou gay e todos os homens que me relaciono dificilmente engravidam, você foi uma exceção e outra eu matei o pai dessa criança e não é justo que ele cresça em um orfanato – Disse apaziguando a situação.

- Coitada dessa criança - Ele disse com pesar – E quando ela chega?

- Vou assinar os papeis da adoção hoje, mas talvez demore um pouco para termos contato com o bebê – Expliquei e depois que conversamos, ou na tentativa de conversa tentei deixar o clima mais leve e mais tranquilo.

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