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Viramos para a direita tentando escapar pelo canto do pelotão de Ossudos. Então eles se movem ruidosamente para a frente, tentando bloquear meu caminho, Jennie passa por mim e corre pra cima do grupo que estava mais perto, derrubando-os em uma pilha de ossos misturados e enganchados. Uma explosão violenta daquele som de cometa deles corta o ar.

- O que está fazendo? — Roseanne me pergunta enquanto a arrasto comigo. Incrivelmente estou correndo mais do que ela.

- Manter você se...

- Nem pense em falar "manter você segura!". — Ela guincha para mim. - Isso é o mais longe de estar segura que eu já...

Ela grita quando uma mão sem pele encosta em seu ombro e a segura. A criatura abre a boca e está pronta pra cravar seus dentes afiados no pescoço dela, mas pego a criatura pela espinha, arranco-a de Roseanne e jogo com toda a força no chão de concreto mas não há impacto nem ossos quebrados. A coisa parece quase flutuar, desafiando a gravidade. Suas costelas mal tocam o chão antes que se levante de novo e avance contra o meu rosto, como se fosse um terrível inseto imortal.

- Jennie! — grito roucamente enquanto a coisa segura minha garganta. - Ajude-me!

Jennie está ocupada tentando arrancar esqueletos de seus braços, pernas e costas, mas parece estar se saindo bem. Enquanto luto para manter os dedos do esqueleto longe dos meus olhos, Jennie se arrasta até onde estou, arranca-o de mim e depois joga o esqueleto em cima de outros três que estavam tentando pegá-la pelas costas.

- Vá! – ela grita e me empurra para a frente. Depois para, vira e fica frente a frente com nossos perseguidores.

Pego Roseanne pela mão e arranco com ela em direção ao nosso objetivo. E finalmente ela o vê. O Mercedes. Pulamos para dentro do carro e viro a chave na ignição o mais rápido que consigo.

- Ah, Mercedes... - ela fala e acaricia o painel do carro como se fosse um animal de estimação querido. - Estou tão feliz em ver você.

Engato a marcha, piso no acelerador e o carro anda. Não sei como, mas tudo parecia muito fácil naquele momento.

Jennie desistiu de lutar e agora corre pra se salvar com uma multidão de esqueletos em sua cola. Centenas de zumbis assistem àquela cena do lado de fora da área de desembarque, todos em silêncio. O que estão pensando? Será que estão pensando? Será que existe uma chance de estarem formulando uma reação ao evento que se desenrola a sua frente?

Jennie corre pela rua e atravessa bem em frente à nossa rota de fuga, então piso fundo no acelerador. Jennie passa por nós, Ossudos começam a passar pela gente, e então 250 quilos de engenharia alemã explodem em seus corpos ossudos e frágeis. Eles se despedaçam, com membros voando para todos os lados. Dois ossos de perna, três mãos e meio crânio caem dentro do carro, vibrando e se revirando nos bancos, soltando suspiros secos e zumbidos como os de insetos. Roseanne os joga pra fora do carro e limpa as mãos freneticamente na blusa, tremendo de nojo e choramingando:

- Ai, meu Deus! Ai, meu Deus.

Mas estamos salvas. Roseanne está segura. Nosso motor ronca enquanto passamos pelos portões em direção às estradas e para o mundo lá fora. Nuvens negras de chuva vão nos cobrindo. Olho para Roseanne e ela olha para mim. Nós duas sorrimos quando os primeiros pingos de chuva começam a cair.

Dez minutos depois a tempestade já cai pra valer e estamos ficando ensopadas. Um conversível não foi uma boa escolha para um dia como aquele. Nenhuma de nós consegue descobrir como fechar a capota, por isso dirigimos em silêncio enquanto ondas pesadas de chuva batem em nossas cabeças. Mas não reclamamos. Tentamos manter o otimismo.

Minha namorada é uma zumbi | Chaelisa Onde histórias criam vida. Descubra agora