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Puxo Rosé para mim e a beijo. Pressiono os lábios dela contra os meus e puxo seu corpo trazendo-a para o meu colo, ela passa os braços em torno do meu pescoço e me aperta com força, nossas línguas sentem o gosto uma da outra, nossas salivas se misturam e Ela morde de leve meu lábio inferior, nossas línguas travam uma batalha em um ritmo intenso, quando o ar faz falta, finalizamos o beijo. Encosto minha testa na dela, estamos ofegante. Algo muda, minhas fossas nasais se acendem com um novo cheiro, algo similar à energia vital dos vivos, mas ao mesmo tempo enormemente diferente. Está vindo de Rosé, é a essência dela, mas ao mesmo tempo é a minha também.

- O que... — Rosé começa a sussurrar, me encarando com a boca levemente aberta - ...acabou de acontecer?

Pela primeira vez desde que nos sentamos no cobertor, olho em volta e vejo tudo que nos cerca. Algo mudou lá embaixo. Os exércitos de esqueletos pararam de avançar e estão em pé, totalmente imóveis. E é difícil saber ao certo daquela distância, mas todos parecem olhar diretamente em nossa direção.

- Roseanne!

A voz perturba o silêncio sobrenatural. Lá está o General Park, parado em frente à escotilha com Rosso terminando de subir a escada atrás dele, respirando com dificuldade e mantendo os olhos no general. Jisoo está no chão, dominada, com as mãos algemadas a escada, encostada na escotilha e com as pernas no aço da cobertura. Sua arma está aos pés do general, fora do alcance dela. Quando Rosé se vira ele vê os olhos da filha, o corpo dele treme inteiro. Rosé tem um tom de castanho claro puxado levemente para o amarelo.

- Coronel Rosso — ele diz no tom de voz mais seco que já ouvi na vida. - Atire nelas.

O rosto dele está pálido e sua pele é seca e escamosa.

- Pai! — Rosé fala.

- Atire nelas. — Ele diz.

O olhar de Rosso vai de Rosé para o pai dela.

- Ela não está infectada, senhor.

- Atire nelas! — Ele grita.

- Ela não está infectada, senhor. E nem tenho certeza de que a outra garota esteja também. Olhe os olhos delas, as duas...

- Elas estão sim! — Ele grita raivoso. - É assim que a infecção se espalha! É assim que funciona! Não existe... — Ele engasga com as próprias palavras, como que decidindo que havia falado demais. Ele saca a arma e aponta para a filha.

- General, não! — Rosso agarra o braço dele e tenta pegar a arma. Com precisão cirúrgica, o general torce o braço de Rosso e quebra o pulso dele. Depois, da um soco forte nas costelas do antigo colega. O velho homem cai de joelhos.

- Pai! — Rosé grita, e ele responde engatilhando a arma e apontando de novo para ela. O rosto dele está vazio, sem nenhuma expressão.

Rosso dá uma facada no tornozelo do general Park, que cai. Ele escorrega pela curvatura do teto, rolando e lutando, com os dedos tentando se segurar no aço liso. A arma passa por ele girando e cai pela borda da cobertura, e ele quase segue o mesmo caminho, mas consegue deter a queda. Suas mãos se seguram na borda da cobertura, enquanto o corpo fica esticado para baixo, pronto para cair. Só consigo ver seus dedos branquelos e o rosto apertado pelo esforço, mas ainda sinistramente impassível. Rosé corre para ajudá-lo, mas a curvatura da cobertura é inclinada e lisa e ela começa a escorregar. Retornando um pouco, ela se agacha e fica observando o pai, impotente.

Não aguentando mais se segurar o general acaba caindo e seu ossos indo de encontro ao chão. Olho para Rosé e seus olhos estão vermelhos, mas não há lágrimas neles. O único som lá na cobertura é o vento batendo contra as sobras do Estádio. Rosso observa Rosé por um momento e então abre as algemas de Jisoo e a ajuda a se levantar. Jisoo esfrega os pulsos e uma troca de olhares entre eles torna as palavras desnecessárias. Rosé caminha em nossa direção com passos confusos e arrastados. Rosso põe a mão no ombro dela.

Minha namorada é uma zumbi | Chaelisa Onde histórias criam vida. Descubra agora