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Depois de alguns minutos, ouvimos a batalha. Tiros de metralhadora ecoam pelas ruas estreitas. Explosões surdas que ressoam em nosso peito como o som de um baixo a distância.

- Devemos nos esconder em um desses? — Rosé pergunta, apontando para umas poucas torres de tijolo e aço. - E esperar até acabar?

Faço que sim com a cabeça, mas hesito. Não sei por que. O que mais poderíamos fazer além de nos esconder?

Rosé corre para o prédio mais próximo e tenta abrir a porta.

- Fechada. — Ela atravessa a rua até um complexo de apartamentos. - Trancado. — Então, vai até outra porta. - Ei, este aqui parece...

O vidro da janela acima dela se despedaça. Um esqueleto sai por ela e desce como uma aranha pela parede e pula nas costas dela. Atravesso a rua correndo, agarro a criatura pela espinha e tento tirá-la de cima de Rosé, mas seus dedos pontudos estão se enfiando na carne dela como farpas. Quando o Ossudo tenta morder o pescoço dela, pego a cabeça dele com as duas mãos e a torço. Apesar dos tendões murchos em seu pescoço, ele é absurdamente forte. Sua mandíbula estala, se esticando em direção a ela.

- Contra a... parede! — Grito para Rosé.

Ela cambaleia de costas e bate o esqueleto com força na parede. A força da criatura parece falhar o suficiente para que eu gire a cabeça dele para longe de Rosé e a bata no parapeito da janela. O crânio se racha e sua cara sem rosto, espremida entre minhas mãos, parece olhar diretamente para mim. Bato a cabeça dele contra a parede de novo. Seu crânio se abre ainda mais e ele solta Rosé. Jogo a criatura no chão e piso em seu rosto, amassando o crânio de uma vez.

- Nem me pergunte se estou bem! — Ela diz com as mãos para o alto e respirando fundo e devagar. - Não pergunte nada.

Estou a ponto de pegar Rosé e forçar a entrada em um dos prédios quando algo chama minha atenção. Capto um leve movimento com o canto do olho e viro a cabeça para cima. Todas as janelas de todos os prédios estão cheias de ossudos nos olhando com ar de vingança.

- O que está acontecendo? — Rosé me pergunta, com a exaustão transparecendo em seu rosto.

Não quero responder. Estou preocupada que ela esteja à beira do abismo, e a resposta que tenho não é muito esperançosa. Mas olhando para os crânios que não piscam por trás das janelas de vidro, não chego a nenhuma outra conclusão.

- Acho que eles querem... a gente — Falo - Você e eu. Eles sabem... quem somos nós.

- E quem somos nós? — Ela pergunta.

- Os que... começaram isso.

- Você está louca? — ela explode, com os olhos verificando as ruas enquanto o som de pés se arrastando vai ficando mais alto. - Está me dizendo que essas coisas são rancorosas? Que vão nos caçar porque causamos, por acidente, uma pequena briga na porra do aeroporto assombrado deles?

Balanço a cabeça positivamente para ela.

- Ah, meu Deus! — Ela sussurra.

Ela me pega pela mão e sai correndo em direção ao som da turba que se aproxima.

- O que está... fazendo? — Pergunto, ofegante, enquanto corro atrás dela.

- Esta é a rua principal. — Ela responde. - Foi aqui que a tropa do meu pai me encontrou quando voltei para casa. Ele deve estar depois daquela esquina...

E lá está ele. O velho e bom Mercedes vermelho, parado no meio da rua só esperando por nós como se fosse um motorista fiel. Três quarteirões à frente dele vemos a linha de frente dos Ossudos, se espalhando pela rua e correndo em nossa direção com um propósito único de uma mente única. Pulamos no carro, Rosé dá a partida e fazemos uma volta de 180 graus cantando os pneus e logo começamos a nos desviar dos carros abandonados na rua. Os Ossudos aceleram atrás de nós, galopando à frente com a implacável persistência do cavaleiro da Morte, mas começamos a nos distanciar.

Minha namorada é uma zumbi | Chaelisa Onde histórias criam vida. Descubra agora