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No dia seguinte, ela para de respirar pesado. Ainda deitada no chão, espero pelos sons do concorde dela. Ou espreguiçar, ou respirar fundo e os pequenos resmungos.

- Lisa — ela diz meio sonolenta.

- Sim? - Eu respondo.

- Eles estão certos, sabia? - Ela me diz.

- Quem? - Indago.

- Os esqueletos. Eu vi as fotos que eles mostraram. Eles estão certos sobre ou que provavelmente vão acontecer.

Não falo nada.

- Um do nosso escapou. Quando seu bando atacou, minha amiga Jisoo se escondeu embaixo de uma mesa e viu você me ... capturar. O pessoal da Segurança pode demorar um pouco até descobrir pra que colmeia vocês me levaram, mas vão acabar descobrindo, e meu pai virá aqui. E vai matá-la.

- Já estou... morta — respondo.

- Não está não! — ela fala e se senta em sua poltrona. - É óbvio que não está.

Penso naquilo um pouco.

- Você quer... ir para casa.

- Não - ela diz parecendo chocada. - Quer dizer, sim, claro que quero, mas — Ela solta um suspiro de frustração. - Ah, Deus, isso não importa. Sim, eu tenho que ir. Senão eles virão e acabarão com você. Com todos vocês.

Fico em silêncio de novo.

- Não quero ser responsável por isso, entende? - Ela parece estar ponderando algo enquanto fala. A voz dela sai firme, mais confusa. - Sempre me ensinaram que os zumbis eram cadáveres que andavam e que deviam ser descartados, mas ... olha só você! Você é muito mais que isso, certo? E você tem outros como você?

Meu rosto permanece inflexível.

Roseanne suspira.

- Lisa... talvez você seja ingênua o bastante pra achar que se sacrificar é romântico, mas e o resto das pessoas aqui?

- Tem razão. — digo. - Você precisa... partir.

Ela assente com a cabeça em silêncio.

- Mas vou... com você.

Ela ri alto.

- Para o Estádio? Você ficou louca, Lisa?

Faço que não com a cabeça.

- Certo, então vamos falar sobre isso então. Você é uma zumbi. Bem preservada e charmosa, é verdade, mas ainda assim uma zumbi. E adivinha o que todos lá no Estádio, todos com mais de dez anos, treinam para fazer sete dias por semana?

Não falo nada.

- Exatamente. Matar zumbis. Então, se é que ainda não ficou claro, você não pode ir comigo, eles vão te matar!

Trinquei a mandíbula.

- E daí?

Ela deita a cabeça e seu sarcasmo se dissolve. A voz dela torna-se provocativa.

- Como assim "e daí?" Você quer morrer? De verdade?

Dou de ombros por reflexo, pois isso foi minha resposta para tudo durante muito tempo. Mas enquanto estou ali, deitada no chão, com os olhos dela me olhando cheios de preocupação, me lembro da sensação que me invadiu no momento que acordei ontem, uma sensação de "Não!" E "Sim!". Aquela sensação contra ou dar de ombros.

- Não. — eu falo para o teto. - Não quero morrer ainda.

E enquanto digo isso, percebo que quebrei meu recorde de sílabas.

Minha namorada é uma zumbi | Chaelisa Onde histórias criam vida. Descubra agora