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Estamos correndo. Rosé vai na frente, mostrando o caminho pelas ruas apertadas. Atrás de nós ouvimos gritos raivosos vindo da direção da casa dela. E então ouvimos o chiado de rádios de comunicação. Estamos fugindo e sendo perseguidas. A liderança de Rosé não é muito firme, e andamos em zigue-zague e vamos e voltamos. Somos como ratos correndo em uma jaula. Corremos enquanto os telhados das construções vão passando e girando a nossa volta.

Então chegamos em uma parede. Com as arquibancadas destruídas, o Estádio termina em uma enorme parede cheia de andaimes, com escadas e rampas que não levam a lugar nenhum. Mas uma parte não foi demolida ainda. Um corredor largo e escuro acena para nós do alto de uma escadaria. Corremos em direção a ele. Tudo que havia ao lado das escadas foi desmontado ou demolido, deixando-a flutuando no espaço. Na hora em que chegamos na abertura, um grito voa lá de baixo:

- Srta. Park!

Viramos e olhamos para baixo. O Coronel Rosso está à beira das escadas, cercado por um grupo de oficiais da Segurança. Ele é o único que não está com uma arma nas mãos.

- Não fuja, por favor — ele pede a Rosé.

Ela me puxa para o corredor e corremos para dentro da escuridão.

O espaço interno está claramente em construção, mas tudo o que sobrou está exatamente igual ao que era antigamente. Barracas de cachorro quente, quiosques de lembrancinhas e uma cabine de pretzels caríssimos, todos frios e abandonados nas sombras. Os gritos da equipe de segurança ecoam atrás de nós. Fico esperando a gente chegar em um beco sem saída, que nos forçará a parar, voltar e enfrentar o inevitável.

- Lisa! — Rosé fala enquanto corremos. - Vamos sair daqui, tá bom? Nós vamos sair! — A voz dela está falhando, em um misto de exaustão e choro. Não consigo me fazer responder.

Chegamos ao fim do corredor. Na fraca luz que entra pelas frestas do concreto, vejo algo escrito na porta:

SAÍDA DE EMERGÊNCIA

Rosé corre mais rápido e me arrasta com ela. Trombamos com a porta e ela se abre totalmente.

- Ahh, mer... — ela tenta falar ao mesmo tempo em que gira e se segura na porta, enquanto um de seus pés pende sobre um abismo de quase três metros.

Um vento frio assobia em volta da entrada, onde pedaços de uma escada de incêndio estão pendurados na parede.

Pássaros voam e, lá embaixo, a cidade se espalha como um grande cemitério, com os prédios parecendo lápides.

- Srta. Park! — Coronel Rosso e seus guardas param a uns vinte passos de nós. Ele está respirando pesado, claramente velho demais para uma perseguição como esta.

Olho para a porta e o chão abaixo. Olho pra Rosé, pra baixo e pra Rosé de novo.

- Rosé. — falo.

- Quê? — Ela me responde.

- Tem certeza de que quer... vir comigo?

Ela olha para mim, tentando fazer o ar entrar a força em seus brônquios fechados. Há perguntas nos olhos dela, talvez dúvidas, medos, mas ela assente com a cabeça.

- Tenho.

- Não fuja, por favor! — Rosso pede, curvado e se apoiando nos joelhos. - Não é esse o caminho certo.

- Preciso ir — Ela responde.

- Srta. Park não pode abandonar seu pai. Você é tudo que restou a ele.

Ela morde o lábio inferior, mas seus olhos continuam duros.

- Meu pai já não é o mesmo, Rosso. Se tornou um homem armagurado e frio.

Minha namorada é uma zumbi | Chaelisa Onde histórias criam vida. Descubra agora