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O barco de Caronte

Aviso: Esta história é uma ficção com toques sadomasoquistas para maiores de 18 anos, mas definitivamente não se propõe a ser um exemplo da prática, muito pelo contrário, BSDM NÃO é o que eu descrevo aqui. Pode causar gatilhos por tratar de temas como: violência, sangue, tortura, privação de liberdade, situação análoga a escravidão, crueldade e dor.

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Um dia eu fui um homem, mas isso faz tanto tempo que parece que foi em uma outra vida.

Eu me lembro bem do dia que cheguei aqui, hoje posso dizer que era inocente, ingênuo, achava que podia falar tudo o que viesse em minha mente e não havia nenhum limite para isso, que poderia fazer o que eu quisesse com quem eu quisesse... como disse, uma outra vida.

Naquele dia eu tinha me enchido de tudo o que você pode imaginar, bebi, usei tudo o que apareceu, dormi com mais quatro mulheres e acordei aqui. Não exatamente aqui, acho até que aqui seja pior, agora pensando.

Acordei amarrado a uma maca fria de metal, tinha um líquido entrando em minha veia, um tubo entrando em meu nariz, um no meu pau e um no meu cu. Não conseguia me mexer nem um milímetro. A única coisa que conseguia era ver e ouvir.

Não sei exatamente quanto tempo fiquei ali, mas foi bastante. Hoje eu acredito que estavam me desintoxicando, recebia visitas constantes de pessoas vestidas de médico, não sei qual era a periodicamente, ali era sempre muito claro, muito mesmo e a luz nunca apagava, dormia e acordava e ela estava sempre ligada. Até que um dia eu dormi e acordei totalmente no escuro.

Na verdade não era só no escuro, estava flutuando, imobilizado em nuvens macias, não conseguia ouvir nada além dos meus próprios pensamentos. Falando assim pode parecer até o paraíso, mas não demora muito para você começar a se sentir totalmente desorientado. Você não sabe se está dormindo ou acordado, se é um sonho ou uma terrível realidade. Não sentir nada logo vira um inferno no qual você passa a se questionar se realmente existe, se você é real. Se tudo o que viveu não passou de um sonho e o nada é a realidade.

Não sei se foi rápido ou se foi lento o processo, mas quando percebi meus sonhos rodavam em volta de sexo. Sonhava que estava transando, que estava comendo uma buceta atrás da outra, que era chupado e gozava loucamente. Então os sonhos viraram pesadelos envoltos em desejo, angústia e uma vontade insana de gozar que nunca vinha e então tudo sumiu e virou uma sensação única, urgente, intangível e selvagem. Nada mais tinha forma, nada mais era real, minha mente era só o desejo desesperador de alívio.

Foi quando finalmente eu saí daquele lugar, ou melhor, fui tirado e jogado em uma cela pequena, fria e escura. Passei dias naquele lugar, preso por uma camisa de força que me impedia de alcançar o alívio que eu tanto almejava.

Lá eu gritei até ficar sem voz, tentava me esfregar no chão, mas tinha alguma coisa ao redor do meu pau que o deixava longe de qualquer tipo de toque. O desejo era tanto que não dormia e também não pensava, minha mente estava em um estado primitivo.

Não que hoje ela também não esteja, mas acho que acostumei e com o tempo consegui organizar meus pensamentos novamente, mas sinto o mesmo desejo desesperador que sentia naquele dia, o mesmo. Hoje eu sei que eles queriam me levar à loucura, afinal, eles conseguiram.

Um dia, pessoas vestidas de látex apareceram. Lembro bem do barulho que aquela maldita porta fez quando elas entraram. Fui desconectado dos tubos e tive meus olhos vendados.

Eles me arrastam da cela até um lugar com um eco mais forte, deveria ser um banheiro, sei lá. Mas para quem a dias não sentia nada além dessa merda desse tesão do caralho, levar um jato forte de água congelante na pele quase me fez desmaiar. Eu me debati com todas as minhas forças, a sensação era absurdamente dolorosa e depois que a água parou veio um esfregão grosseiro e duro arranhando minha pele, fui esfregado por dentro e por fora, com tanta força que desejei voltar para a cela. A pior parte foi quando tiraram os tubos dentro de mim.