Passei por mais duas casas depois dessas, mas nada aconteceu de muito diferente. Quando acabou o ciclo na última casa, percebi que alguma coisa estava diferente. Ao invés de ir para o próximo leilão, vim parar aqui, nessa prisão estranha.
Ninguém nunca disse nada para mim ou para qualquer outro It, daqui. Pelas minhas contas faz mais de um ano que eu estou aqui, tem outros que vieram antes, outros depois, mas a diferença maior é de 6 meses. Todos os Its da ilha estão aqui, todos juntos em um regime militar.
Aqui funciona como uma prisão do inferno. Temos horário para dormir, horário para acordar, comer, beber, mijar... tudo. Não costumamos dar trabalho, somos obedientes, mas isso não quer dizer que não sejamos punidos.
Você quer saber como é aqui? Vou começar do dia em que cheguei, então.
Saindo da minha última casa, fui colocado numa pequena van totalmente fechada, com os braços presos nas costas e uma mordaça na boca. Rodamos por mais de uma hora, pegando mais Its no caminho.
Fomos descarregados em um galpão, com mais Its e ficamos ali por alguns dias, não sei quanto era o limite, mas fiquei dois antes de ser colocado no tanque.
O tanque é basicamente a mesma coisa que Ceres e Vesta tinham na casa deles, mas aqui ele é todo fechado, temos canos enfiados em nossos cus, ureteres e narizes e uma espécie de máscara com uma mordaça é presa ao nosso rosto tapando nosso narizes e bocas com um respirador. Nossos pulsos são presos às nossas costas e nossos tornozelos ao chão do tanque e então ele enche de água. Tudo fica escuro e silencioso, a água se movimenta e ficamos ali por um dia.
Eles repetem isso uma vez por semana. Por isso que sei o tempo que leva, porque lá dentro é difícil de saber.
Depois disso, tive meu corpo furado novamente e recolocaram as argolas no meu nariz, língua, mamilos e glande, colocaram também o cinto de castidade que estou agora, chamam de destruidor de homens, meu pau fica preso para baixo dentro de um tubo e tem um plug largo e metálico preso a toda a armação. Desde que entrei aqui, nunca mais foi tirado, nem no tanque. Ele tem uma entrada, dá pra enfiar os canos. Sei que meu pau ainda existe porque ele dói constantemente, até porque continuo com o tesão de sempre.
Bom, depois que saí do tanque fui apresentado a minha nova "casa", uma cela que mal cabe uma pessoa deitada, normalmente durmo encolhido, contra o chão frio, não que isso seja uma novidade para mim. Aqui cada It tem sua cela minúscula e nada mais. Fiquei nela uns dias antes de conhecer o resto das instalações e das atividades.
Aqui acordamos antes de amanhecer, comemos nossas rações em vasilhas de alumínio no chão mesmo, ninguém tem autorização para sequer pegar na tigela, a água vem do mesmo jeito. Depois da ração temos nossas "tarefas" a cumprir.
As tarefas são serviços forçados, a maior parte dele é de manutenção da vida dentro da cadeia: limpeza, manutenção da estrutura, reposição de material, preparação de ração, entre outros, passamos um ciclo no mesmo trabalho e depois trocamos. O ciclo aqui é contado pelo dia no tanque. Tem muito trabalho fora do prédio também, construção civil e coisas do tipo.
O horário de trabalho começa depois do café, para quem não está na preparação das rações, e vai até a hora do almoço, 20 minutos para comer e depois até a hora do jantar, depois vamos dormir. Temos uns gerentes, mas prefiro chamar eles se carrascos, eles nos mantêm trabalhando com o amor e o carinho de um chicote no lombo. Eles nem tem muito critério em chicotear a gente, apenas batem quando dá na telha, mesmo. Dão chutes, xingam, dão tapas, socos... Faz bastante tempo que eu não vejo meu corpo sem nenhuma marca.
Tem vezes que os capatazes escolhem alguém para Cristo, esse It leva uma surra e fica preso no meio da área de alimentação, erguido pelos braços alto do chão. Normalmente na hora da janta o It é açoitado na frente de todo mundo, por dias. Sempre tem um lá, já fui eu algumas vezes.
A gente não pode conversar, usamos mordaças e máscaras o tempo todo, mas não sei, acho que já vi o Querido e a Febe aqui, mas posso estar enganado. Não dá pra saber, de qualquer forma.
Não tem nenhuma divisão de gênero aqui, até porque não importa, homens e mulheres acabam ficando iguais com os cintos.
Sabe, contando isso tudo para você, eu me lembrei de uma coisa, acho importante dizer. Eu vi felicidade no dia da praça, com Febe, aqui, isso não existe.
Cada vez mais eu acho que ela tinha razão, nós, Its, gostamos de servir, gostamos de atender nossos donos, gostamos de sexo e de dor, somos feitos assim e precisamos disso para sermos felizes. Aqui, somos incompletos, vazios... servimos, mas não servimos, não temos dono, não há prazer em nada. Isso é a definição do inferno para mim, e eu não sei o que eu fiz para merecer isso.
Olho para o homem mascarado na minha frente enquanto ele faz anotações em seu tablet, eu tô cansado, ficar dois dias amarrado em X em uma parede cobra seu preço, mas foi o tempo que demorei pra lhe contar sobre o que ele queria saber.
— Se me permite, gostaria de fazer uma pergunta... porque você quer saber minha história?
Acho justo saber, já que contei a ele tudo o que ele queria. Ele me encara por uns segundos e suspira.
— Caos, nós já nos vimos antes.
Busco na minha memória, mas não me lembro.
— Meu nome é Urano, estava na demonstração que Febe fez de seu dispositivo, anos atrás.
Sua imagem veio à minha mente imediatamente. O homem mais velho, com voz firme que havia encerrado a discussão.
— Desculpa não ter te reconhecido antes, senhor.
— Não esperava que o fizesse. - Ele se encostou na cadeira e cruzou as pernas. - Bom, escolhi você pois você foi o It com as melhores notas e as melhores avaliações que já tivemos, além de algumas características peculiares de sua personalidade. E você está certo, a senhorita Nesty e o senhor Neiads estão aqui, Febe e Querido, como você os chamava. Aqui também estão Ceres e Diana.
— Porque? - Isso não faz sentido.
— Cada um tem um motivo... Ceres tem alma de It, você já deve ter percebido. Febe, sofreu uma retaliação de Óreas e sim, ela tomou você de Febe, e Febe ficou tão revoltada com isso que a atacou e a agrediu no meio da rua. O mais curioso nessa história foi que Óreas teceu elogios a você depois do seu ciclo com ela. O senhor Neiads, passou a ter problemas de adaptação nos últimos anos, e a um ano e meio atrás passou a se negar a trabalhar e optamos por deixá-lo aqui, por hora. Diana, como sabe, era pesquisadora, mas passou a ser uma defensora da libertação dos Its, que ela mesmo havia criado.
Tá, agora eu tô bem apavorado.
— Mas voltando a sua pergunta, vim conversar com você para saber a versão de um It, sobre nosso programa. Óreas conseguiu unir aliados para endurecer mais o tratamento aos Its, isso gerou uma grande revolta na Ilha, e uma disputa entre quem era a favor e quem era contra, inclusive dentro do Grupo M. Temos uma missão muito importante a cumprir aqui, na Ilha. Testamos um protótipo do que queremos implantar no mundo, mas se não funciona numa pequena ilha... Bom, isso tudo foi uma ideia criada por meu pai, hoje continuo seus experimentos e agora estou em uma encruzilhada. Criamos uma nova casta social: vocês Its. Temos níveis e perfis de servidão, e temos o mesmo para os Donos, mas eu mesmo nunca tive um It, antes, por isso gostaria de saber se você estaria disposto a sair e ficar um ciclo de teste comigo.
— Claro, qualquer coisa para sair daqui! - Não preciso pensar duas vezes para responder.
— Bom, vou preparar os procedimentos. Nos vemos em breve.
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Nota da Escritora:
Olá queridxs, muito obrigada por estar aqui, vivendo comigo essa história.
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Beijos no Popoti!
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Its
General FictionBDSM-HARD 18+ Um dia eu fui um homem, mas isso faz tanto tempo que parece que foi em uma outra vida.